terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Manual dos gostos

Gosto de não saber,e de que não saibam ao certo. Gosto da dúvida, e de duvidar por si. Não gosto de falar de saudade, acho que tenho vergonha. Mas de escrevê-la eu gosto. Quando sinto, é bom saber dela, localizar sentimentos no mapeamento dos meus registros. Gosto de você. Da cor da pele, dos cachos do cabelo. Gosto da nossa ideia, e de estar ao teu lado. Gosto das possibilidades, e de duvidar delas também. Gosto de inserir amor em qualquer assunto, de culinária a saúde. Gosto de barcos coloridos, roupas coloridas, sorriso no teu rosto. Gosto do teu beijo se esalhando pelo meu corpo. Porque beijo pode ser mais que abraço, porque vai por dentro. Sinto beijo no estômago, nas coxas, no pescoço. Isto é, apaixonada. Gosto das mensagens subliminares, e de saber que, em outra extremidade, há sorriso. Não gozo na culpa nem no sacrifício. Pernas abertas para o contentamento de falar o que se pensa, e de ser meigo quando apaixonado. Habito no silêncio com o conforto de quem sempre esteve lá. Agora já sei me vestir e ir pra festa, teu olhar no meu. Gosto de cinema com gosto francês e um café de gestos suaves depois. Gosto de perguntar e se confiar, posso responder. Uma profusão de gostos que vou recordando e descobrindo, enquanto gosto de ti

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

titubeando

o amor decorre de outro entendimento
sem lógica, sem prazos
um tolo fascinante, que se despista quando quer em outras palavras
tímido para declarar-se,
disfarça em saia colorida e rede na varanda

antes, durante e agora
brincando com o tempo que o tempo anda brincando comigo
me fazendo contar mais do que eu preciso,
de tijolos a idade

pois enquanto eu respiro a alegria
você dorme o silêncio


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

maruja

construo um barco vermelho azul e amarelo.
dessa forma, só quem tem cores nos olhos vai querer arriscar-se nessa maresia

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

* sessão *

Estória de silêncio emprestado,
de arrumação pra festa.
Corpo tocado aos poucos,
no reconhecimento aos pedaços.
Entre alma e pele, tela.
Nunca toco somente o presente quando vou ao cinema,
defeito de criação.

E defeitos são a minha maior vantagem!



sábado, 17 de dezembro de 2011

passa o tempo, esquecimento não chega

me dê um café, um motivo, um abraço

noite de treva me intimando riscos
medo de perder tudo, até o que não está ao alcance do alheio

pois os fantasmas não escolhem rostos nem tempo,
aparecem

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

13 de dezembro



dedos tortos, unhas rotas, tudo parece desvio nessa rota

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

meu jardim

Um querer de pernas, cachos de cabelo e coração.


Do jeito que estava no sonho, absurdamente real para quem dorme.

e quando não era nada, já era ........ pra depois de ser, ainda não se saber.


Espalhado por várias vontades, sorvetes e bocejos de sorriso.


Um olhar de dentes expostos e sobrancelhas delicadamente arrumadas.


Secrets virando conversa besta no café da madrugada. (o melhor jeito que sou é sendo tola!)




Eu caio. Mas você cai primeiro. E no chão vou ensinar você a beijar do jeito que só eu sei. Porque amor que não balança essas verdades não tem graça
 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

águas de Oxum

Tudo derramado entre lábios que eu nem beijei.
Não sei beijar, não sei afagar, tenho medo de me afogar.

Posso me afogar em ciúme, raiva, desejo, em amor. Qualquer coisa mais bem feita pode me matar. Qualquer inveja que eu sinta, qualquer desprezo.

Me cubro então de palavras. Não como armadura, mais como cobertor. Porque me aquecem e me protegem, afetivamente. Nunca fui boa de guerra. Por não querer disputar, acabou-se o amor. Por não entender de bater, de esfolar ou de expulsar, implodi todo o bem que sentia. Era tanto que saiu correndo pra se espalhar por outras vidas, antes de morrer.
Amo seus frutos, morreu a árvore do pior tipo de jeito: desnutriu-se de amor.
Uma cicatriz gigante coberta de disfarces. Profunda como cada passo que eu dei de Fortaleza até aqui. Quando resolvi ir embora, não soube mais voltar pra lá. Minha cidade era outro mistério.

Parti pra uma areia cíclica que me faz pisar firme, mas também me afunda às vezes. E sopra no meu olho a poeira do que perdi e guarda em seus segredos uma tanta saudade que eu jamais saberei de que é, que dirá curá-la. O amor que ficou cego, envenenado pela indiferença.
Ao menos sei chorar, e isso me tira momentaneamente do círculo dos covardes.

Palavrinhas cobertas, fina camada, leve esmorecer, chantilly, calda de morango, embebidas em vinho, proprícias ao amor,
se nesse (meu) mundo alguém soubesse amar


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

precisamente, amar

Minha alegria derramada muito às bordas que você às vezes se espanta e critica é a embriaguez da tua presença, perto de mim.

Não é doce, mas também cheia de luz e energia. É álcool na medida de um copo valendo por 7! É meio do caminho sem querer chegar, o passo do teu olhar sorrindo pro meu é a minha aventura.
É que a minha transparência tem capa vermelha lhe encobrindo as vergonhas.
Por isso não sou o retrato da mãe sofrida que a filha partiu. Fiz-me fria só sendo esse disfarce. De verdade, sou outra temperatura, diferente do quente, do gelo, uma estação dois dedos acima do amor. O lugar onde somos mãe e filha.
Sei que sou e que és muito mais. Em comum, sermos mulheres, vestirmos saia e etc.etc.etc., às vezes descobertas, às vezes encobertos.
As possibilidades instigadas e quebradas desse ser: o feminino no nascimento, o masculino pincelado. Arrojadas em defeitos, embriagadas nas qualidades.
Pela tua companhia, pra sorver teus cabelos, olhos e sorriso, arrebato tudo que não entendo e cirzo colcha pra me cobrir. Sei viver sem você, mas com você é mais gostoso!
Aprendi observando o mundo que é uma vida pra cada um, mas a tua por perto da minha faz uma combinação que dispara meus festejos. A seguir, festejo também na calmaria, deitarmos juntas, cortar o cabelo, fazer o café.
E ainda que muitas vezes não saiba muito convencionalmente de ti, onde estás ou o que fazes, desconfio sempre estar certa. Da tua habilidade, tentativa e proteção.



Amo teus amigos primeiro por serem teus amigos. Depois, parte deles, porque pra mim são realmente especiais. Não sei se podes acreditar, mas eu tento me fazer entender: não pretendo explorar tua vida por outros olhares que não o meu em ti. Não quero outras informações que não as que podes me dar. Uns são seus amigos, e, por os serem, eu os respeito, abraço e recebo na minha casa (a nossa ‘maison’). Outros são já amigos em comum, escolhidos por critério diferente da especulação.. são forjadas no amor, nossas relações.




Então, sigo andando de ônibus por opção e descobrindo o que realmente gosta o meu paladar. Fazendo festa pra quem merece e me retirando quando a música não me agrada. Não sei dançar, tenho um ritmo ‘diferente’, mas a Chiquita somos nós, seja em Martinica, São Paulo, Fortaleza ou Salvador!


                                        eita foto que eu adoro!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sou um homem que não sei ainda ser. Fiz uma risca no chão, e posso passar assim que souber. Mas ainda não. Muros a tijolar e cimentar, para depois escalar e só então estar do outro lado. Depois de ter aprendido tudo isso é que piso além da minha margem, no limite de começar o outro e o mundo.

E porque me arrisco a não ser mais o que hoje soube até agora? Faço pelo tudo, pelo que estava antes d'eu nascer. O que já tive e não percebi todo, e, por não perceber, doidocegotortodesacostumadoetonto, nem aproveitar nem inspirar.
É pelo amor de uma mulher que estou indo, à espreita, espera e procura pra ser outro.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

pretexto

Pra começar, nem sexo ruim nem filme americano!
Cinema francês e um beijo que eu ainda não sei dar. Não batizo mais teus gostos e palavras como meus.
É o tempo de deixar de ser normal e voltar a ser eu mesma!

Então quero sonhar, porque é um dos meus passatempos preferidos. Já vivi de realidade, já comi realidade, já vesti realidade. Quero mudar meu guarda-roupa, meu cardápio, minha atitude: quero aproximar o sonho da minha cozinha e sala de cinema. Se posso fazer do meu jeito, posso amar do meu jeito.

Fazer nada juntos, e bem longe do normal.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

de notícias sobre o nada: feliz aniversário!


Nem tudo que a gente sabe, a gente sabe tudo.


Acho que a gente fica sabendo uma parte daquilo que se interessa. Nunca o todo, mas saímos do nada.

Atenção: o nada também é bem gostoso, até mesmo das coisas que adoramos

Porque, se a gente parte – e fica! – no nada, a gente deixa mais tempo e espaço para o sentir sobre, o querer, intuir, amar.. só, por simples gosto e ignorância sincera



Tem dias que eu sorrio mais pras coisas que eu não sei.. é tão bom não saber o que a ‘veja’ tá vendendo, o que o ‘jornal nacional’ tá noticiando, o que a fofoca tá comentando – de mim e de todos os outros..

Reparem, toda vez que a gente não sabe de alguma coisa, a gente sorri! Pode ser por vergonha, por culpa, por nervoso, por timidez.. Eu sorrio porque fico orgulhosa de mim, se não sei, não tenho compromisso com a resposta certa, a última palavra, o melhor parecer; e, por outra via, me desligo e não sofro com essa falta intelectual, objetiva, concreta.. reafirmo o que sou: distraidamente abstrata!



sábado, 19 de novembro de 2011

fortaleza fala assim


No princípio nos amávamos
e só


Não sei se idade (21), ou se arrebatamento construído
era suficiente o amor

Com ele, liberdade
sexo
boa quantidade de sorrisos
sonhos de viagens
direito à poesia, a pão e à preguiça - a 2!


Fiz a mala, minha vida dentro dela
e fui dessarumá-la ao seu lado.



Flora e Teodoro foram ao mar, aos cinemas com pipoca salgada e raspas de coco
à nudez do quarto-e-sala

à paixão que faz filhos e se esquece do que mais é necessário..
Só era amor.

domingo, 13 de novembro de 2011

um quarto de vida



Nada
Nem o lamento
Nem o prazer ainda
Sem sofreguidão,
Sem esquecimento,
Sem peleja,
Sem derrota

Na presença, esperança
Cores céleres me procurando
Dias calmos,
Dias corrosivos
Noites dançando um som diferente, uma valsa rápida, um rock lento

Tenho uma infinidade minúscula de coisas sem importância para fazer..
E é como gosto, coisas sem importância me fazem mais leve e mais apta para a vida
Grafitando uma parede escondida,
Conversando com a jabuticaba que acaba de aparecer no meu jardim (!)
Acariciando Raul – le chat!
Acendendo vela, incenso, música & poesia

Um dia de sol depois de tantos dias de chuva
Esse silêncio de passarinho que a minha casa tem
Sou eu, descobrindo quem sou eu

domingo, 6 de novembro de 2011

se é que me entendes

Dia de silêncio.
Quanto tempo mais sozinha, não sei.
Quantos dias mais cheirando surpresa, não sei.
Quantas vezes mais provocando o próprio desejo, não sei.

Perceba as possibilidades vagas que o silêncio arrasta.
Mire no impossível ao mirar a pele e eleger o homem.
Mas não tenho pegada homem, e só partilho letra no nome do cigarro apertado. Meu olho não abre para o sentimento, minha perna ainda não sabe abrir sem falar de amor. (ainda).

E que mulher é essa que sobrevive assim, sem homem a lhe preencher buracos? Não sei. Não sei que mulher louca de normalidade sou eu.
Não é sublimado, apenas espera. Aguarda conciliar a ordem do desejo com a da oportunidade. Da vontade com a lua. Da noite com o abraço e do dia com o beijo.

Façam-se das minhas vontades as suas! Da minha comida a sua fome. Do meu tesão a sua solução!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Edf. Alegria



Por favor, queira me acompanhar.. é por aqui

Verdade que não sei o caminho, por isso tropeço,
finjo,
disfarço,
eventualmente fujo (de mentira),
desconcerto,
Permaneço inerte, mas não imune



Venha, é por aqui,
por onde não sei,
mas se talvez existe, é antídoto e fórmula principal do meu coração!

Não vou sair por aí pintando a rua por enquanto,
mas construí um prédio na cabeceira da minha casa/cama só pra ter onde botar uma placa assim.. EDF. ALEGRIA, meu trajeto de vida, meu rumo de liberdade

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

escuto a resposta: hora de morrer

e todos os dias dando bom dia à vizinha da frente, a alegria.
flagelando, mas sonhando

e todas os dias dando boa noite aos amigos, que me sustentarão enquanto eu estiver morrendo.
Sei disso.
e depois festejarão comigo, quando eu voltar!

sábado, 15 de outubro de 2011

O ciclo do olho



a carta que ficou colada na porta da geladeira,
na porta de casa, pelo lado de dentro e pelo lado de fora
carta de despedida que escrevo para os meus botões, hastes e trocadilhos..


Choro por todo o conforto que é deitar ao teu lado e esvaziar a minha mente no teu ombro. Não sei quando e se terei outra chance assim.
Mas o preço é alto, qualquer das duas opções de pagamento que me ofereces eu já não consigo mais assumir: o balcão de congelados dos sentimentos e das expectativas ou o terreno da desconfiança alastrando-se no meu estômago cor de fogo.
Esta sagitariana não quer começar a queimar pelos órgãos internos, prefere a pele aqui fora.

Por fim, despeço-me dizendo que gostaria desse amor que sinto por ti enfeitando o vaso de flores numa sala de paredes coloridas, mas o que resta pra ele, de verdade, é um vidrinho dentro da geladeira, uma água que não se bebe mais, mas que se respeita, prestando-lhe homenagem pelo que já representou para mim, e pelo que eu já fui capaz de fazer por ele. No rótulo, escrito em letras borradas e salgadas, o teu nome e o meu.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

provisões


Um traço só.

Sem que qualquer uma de mim entenda,
sem passar antes por excesso, letras ou bebida.
Acordo pra tomar café, de roupão e chuva fina, e, antes da rua ou de qualquer guarda-chuva que me absorva: você.
Sou pessoa de sempre guardar um você no meu coração.
Sou daquelas que coleciona miniaturas e pedacinhos miúdos de convivência. (só os doces, coloridos, e redondos não estragam no tempo)
Assim, amar é iludir-se e progredir do máximo para o mínimo. E separar-se parece ser amar mais.
Cobrei os crimes cometidos, nunca soube usar talião. Matei a fome ingerindo liberdade. Mastigo agora sem sofreguidão, pois nada me será usurpado no meio da noite, ou me será sordidamente e mal ocultado no início da manhã.
Quase não tenho passado, de tanto que ele volta pr'aqui, pr'agora.

Mas perdi nessa caminhada os pés que andam pra trás. Não volto pra onde não fui feliz. E essa flor, que te ofereço agora, tanto petala o amor, como acompanha o sepultamento dos dias sem alegria que arrastei junto de ti.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

essa novidade


ando pensando muito sobre essa nova formatação que venho adquirindo, nos últimos 08 meses..
estranhamente, não tenho escrito muito também, já que as letras ordenam tão bem o meu pensamento..
mas sei que uma horas dessas aparece uma nova história para ser contada..

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

para silenciar o que ficou triste


É no gosto do amor que a porção maior das minhas ideias se cozinham. Vira o acompanhante mais cheiroso e florido da minha cerveja, mensagens com pouco espaço, poucas linhas, uma inspiração daquele momento.. como caminhando a pequenos passos, sorrindo o caminho, e ver chegar aonde se quer. E cada gole de cerveja, um pouco de você. Começo só com a saudade, mas a cada quarto de hora vêm chegando teus ingredientes mais essenciais. Teu sorriso, tua boca, tua conversa. E não vêm só, me trazem contigo. Tua tatuagem, tua sobrancelha, tua barriga. Se antes eu falava fiado à mesa, fazendo graça, agora troco lembranças com as nossas idéias, nossos planos de fuga, nossa descoberta - casualidade e intenção no mesmo departamento.

Eu fico lambuzada de sorvete vários tempos após o último, ameixa ou aquele branquinho com pedaços vermelhos, uma estação que eu tento que não me absorva, mas não tento muito a ponto de acreditar. Senão, porque a paixão sempre acompanha o sorriso seguinte, o beijo casual, o olhar mais atraente?! Eu não sei evitar, não sigo o comando que me cochicha a hora de parar.. um passo e estarei entregue à paixão, eu escuto e dou dois, abundante na insensatez tanto quanto nesses sentimentos extraviados.

Procuro quem entenda a minha poesia, ou a escute com paixão.. quem me perceba na multidão, quem sinta os detalhes.. ou então não procuro nada além do que já contenho, só que um outro corpo é a minha palavra exposta, fora do meu silêncio contínuo. Então me apaixono pela incrível existência do outro, pelo seu olhar, seu toque, seu interesse por mim. Convenço-me da sua importância instantânea pelo poder que tem de me fazer sorrir, em qualquer data, qualquer tristeza, qualquer sensação. Eu arrasto uma lembrança melhor que um par de saltos altos.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

mulher separarando-se


não sei do que se trata esse sentimento tardio de amor.
nunca amei mais ninguém além de mim.
desde a infância, fui tão somente vestida por essas vestes frágeis de importar-se com os outros, ou querer sentir-se amada. Não são minhas roupas de nascença!
sou feita de costuras egoístas. não penso em mais ninguém. não me importo com dores alheias. olho somente pra mim, e só a mim vejo. não há outra recordação de importância. sou eu. Eu sou só eu.
cresci estranhando a compaixão, o interesse por outras pessoas, o altruísmo. de igual espanto, lidar com a amizade, o amor sensual, ou o fraternal. não tenho pai, não tenho mãe. cedo entendi o papel de todos, inclusive o meu. É claro, quanto mais jovem, mais se sabe! eu sabia como sair dos esgotos, como entrar no sol, como ir ao céu e ao cinema, onde eram os substerrâneos e as alturas colossais.
sinto fome, sede, necessidades e privações. só nunca reparei se havia coração entre aquelas mãos que me alimentavam, me supriam. nunca os alcancei, ou lembrei de perguntar

sou o que dizem ou pensam que sou. pouco discordo, pois não me interesso.
somente essa mancha azeda no meu corpo hoje de manhã. tudo aqui no mesmo lugar, e eu com essa dor cortando todos os rasgos numa pele frágil. nunca quis ninguém por perto demais e no entanto choro deseperada a tua partida.
Não é humano! Nada do que me ensinaram. Dor que praticamente me conduz, sou agora um portão se fechando, mulheres chorando, pranto saudade pranto saudade
vá embora. você não pode me ver assim

domingo, 11 de setembro de 2011

Por el camino (o filme) - impressionando-me e comentando


eu senti o que ele sentiu
e senti o que ela sentia
eu estava nos dois,

um filme de lembrar muitas pessoas, aquelas que se ama

eu lembrei de quando eu senti aquele tipo de amor, e fiquei feliz por isso já ter me acontecido na vida
o fato de ter perdido, de haver acabado, ficou pequeno à dimensão do meu ganho para sempre
saber reconhecer, saber do que se trata quando se fala de amor.

na saída,
um café e uma torta de maçã com nozes. na borda da xícara, um biscoito de canela com formato de coração perdido..
meu pedaço de coração eu ainda assim pintei de vermelho.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Se eu fosse escrever um livro..

imagem encontrada no meio da rua em Belém - PA

Não sei porque insiste em devorar os últimos pedaços do fim. Acho que não sabe findar amor. Acho que não sabe sentir quando o amor se foi. Saiu porque precisava mudar irremediavelmente pra ter sua vida de volta. Saiu pra voltar a se amar, voltar a querer bem à sua vida. Disse menos impropérios que a maioria. Sacaneou muito menos do que já foi. Traiu em medida alguma do que já fizeram com ela. Não é vítima, fez o que precisava. Agora vai embora quase todos os dias. Almas que não se dão conta de que desencarnaram ficam indo e vindo, de onde estavam pra onde deveriam estar; não entendem, não se conformam, sei lá, acho que é assim. Ela é assim também. Fica voltando, buscando o que deixou lá, há 20 anos atrás.. quer o homem que lhe trouxe de uma terra a outra, que cuidava dela por amor. Chega, volta. Bate a cara na porta, no vidro, em outro homem. Vai embora de novo. Sem raiva, sem medo, só não serve pra ela, de novo, de novo, de novo. Promete que vai desistir, sabe que quer abandonar essa causa. Noite toda sonhando, como um pesadelo sem morte ou tragédia, mas um pesadelo quando lhe diz que não é mais hora de estar ali, naquela cama sem partilha, com aquele homem diferente de quem quer pra deitar com ela, um homem que não a quer, não sabe se a quer, não diz que a quer.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

rascunho



Até 4ª feira, saber se vou querer incluir você na minha programação de férias.

Se quero te incluir no meu próximo mapa astral.
Se te amo a ponto de gastar meu tempo livre te esperando.

Até quarta-feira,
choro no cinema pensando na ilusão do mundo, da arte, e, é claro, em nós 2.
Pensando sobre o que quero, e o que cansei de querer.
Pensando se estou cansada ou ainda disposta.
Se sou frágil, ou consistente. Se sou genérica, ou específica. Se antes de tudo devo dançar, quebrar o salto, e me embriagar. Ou não, não vou saber passar por isso.

Até 4ª feira, formularei minhas próprias perguntas,
enfrentarei medos particulares, apesar de universais,
sonharei buscando soluções - e não as terei em sonhos!

Quando a quarta-feira acordar, o jogo dará mais um passo pro que eu espero encontrar na minha vida!

sábado, 27 de agosto de 2011

Quinta também!



Me ligue quando acordar

Furtivamente, ela me lembra que é possível que eu não esteja mais, pois, às vezes, demorar muito faz com que achemos outras coisas para fazer no caminho,
E também não estou sempre a esperar:

Salto prédios altos
Bebo cerveja no bar A Pantera
Viajo em sonhos & às vezes em alucinações
Almoço camarões flambados
Tomo vinho à meia-noite
Me banho em águas geladas
Demoro pra sair de casa
Recebo amor pelo olhar

Foi quando inventei de olhar uma revista, fugindo da dor quente, naquele lugar tão banal, que achei a única dedicatória que eu queria que você ainda soubesse.
Meus pelos arrancados e eu pensando que seria bom se você acordasse, que lembrasse dos sonhos, que me beijasse de novo.
Que fosse o homem que eu tornaria a apostar

Quis brincar com a leveza do post-it versus essa minha mania de ler de outro jeito..
Quero dizer que nem sempre se acorda quando antes se estava dormindo
Às vezes se acorda interagindo amorosamente com alguém,
às vezes se propondo ao que o outro – que se ama – sugere que te fará bem

qualquer jeito, já sei cozinhar as comidas que gosto,
minha filha assume sua vida com coragem de mulher
meu filho compartilha comigo que até pouco tempo achava que todos eram seus irmãos
eu furto paz não sei de que baú
escrevi minha 1ª poesia há muitos anos,

e sigo ingenuamente acreditando feito eu no amor!


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

terça-feira tem yôga



Eu sempre acho que você não me escolhe certo
Que me deixa lá pelo penúltimo lugar da seleção,
Quando tudo o que eu quero é.. ser a primeira opção!
Fico pensando se te ligo ou pego outra cerveja na geladeira
Se te proponho ou te esqueço
Se o tempo já passou ou ainda virá

Nesse mesmo dia em que me pergunto para que servem tantas opções, leio tudo o que espero de você..
Que me ligue quando acordar

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

fim de tarde



dando continuidade,

voltando,
chorando no aeroporto como se nunca tivesse perdido ninguém para o mundo,
abrindo a porta de casa com a chave de sino e meu nome gravado,
tomando aquele banho gelado que quem conhece a minha casa já sabe,

voltando a sonhar,
a praticar yôga com amor,
a vestir vestido florido,
a roubar do tempo, trapacear o tempo, me divertir no tempo

voltando pra dizer que é muito bom voltar pras coisas que nos deixam felizes!
ah, o mesmo para as pessoas!
e lugares!

a saber: não queria que a paulinha se despedisse de mim agora, assim, porque só existe aqui para nos encontrarmos por esses tempos..





sexta-feira, 5 de agosto de 2011

o inteiro, embora não completo



Demoro muito tempo para despedir-me
Beijar o morto
Dizer adeus
Quilômetros e quilômetros de um lado a outro,
quando num só passo poderia resolver
Choro músicas inteiras, e uma única nota faria o solo do que já morreu
Vou ao túmulo várias vezes, tantas lágrimas que meus olhos nem entendem mais o propósito.
explico, procurando uma definição pra minha burrice: não sei despedir-me rápido.

Num dia, vou ao poema que ganhei.
Noutro mês, àquele beijo tão sem significado e tão bom
Lembrando de um pedido qualquer, há muito tempo..
ou de uma sessão de cinema no início da gravidez. (agora, que tantas de nós estão grávidas!)

naquele instante – um ontem – que saí correndo, queria saber usar a noite para sentir-me virando esquinas, mudando de calles, indo embora, deixando ir
mas que portas são essas que nunca se batem em fechamento hermético?!
Que coração esse meu que não abandona, nem quando desacelera, nem quando muda de bairro?! Que raio de China é essa tão perto que eu não consigo esquecer?!

Nem cremação, beirando essas cinzas reconstituídas,
nem o chão daquela praça que era o nosso carnaval
Sei que a despedida passa pelo tempo, que tudo meu passa pelo tempo enorme tempo, estórias curtas que duram anos para que eu processe, estórias longas que nem os cabelos cortados me fazem esquecer.
Paciência,
que não tive..
cordialidade com o meu desespero, dentro do carro, olhando o vidro salgado, e aquela música que falava de amor precisado

em casa, calada, essa nudez que é a solidão.. posto uma ou duas garrafas no mar..
Sucedem-se apalpos, poucas cobranças, uns tantos desapegos, apoios, contatos, chamegos.
Mas não, ainda não entendi nem saí daquele alojamento onde a gente ainda não sabe porque deixou de amar, se é que deixou mesmo (não será uma daquelas mentiras que a mídia inventa na televisão?!)

Alojamento do amor, coração. Do resto não sei.. mas preciso aprender

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pingando café no leite (para clarear idéia)



Hoje ando pelas ruas do Rio Vermelho com o corpo um pouco mais pesado. Micro furinhos encharcam ele de saudade. Talula não dorme no quarto-sótão. Despediu-se das águas do Porto com água nos olhos. 30 dias na ilha roja da fantasia a re-fragilizaram para a República das babilônias. De última hora, olhos inchados, corre pra alcançar a bóia, CD do Bahiana System e uma canga multicolorida em laranja.

Ontem ela me questionava se teria pulso para domar todas as suas inseguranças e medos. Eu acredito que só testando – e tentando – conhecemos a força do nosso umbigo para o corte. Sei, no meu próprio corpo de 20 anos atrás, que o 1º impulso diz muito da nossa coragem, é como o 1º choro em contato com o mundo. O meu tinha as vestes de um amor, a roupa do outro como agasalho, e eu passei algum tempo para descobrir minhas próprias medidas. Hoje sei, ‘meus sonhos são outros’.

Talula jogou o barco no mar com vontade própria. Era sua alma que impulsionava, um amor deliberativo de encarnar-se em outros mundos. A gente descobre raízes depois que deixa a própria terra. Então respondo que eu confio sim que ela consiga ser Talula em outras ruas, encantar-se por outras pessoas, agregando histórias às suas, como sempre fez.

Falando diretamente, VOCÊ tem competência para viver e administrar sua própria vida! Com sofrimento, ternura, paixão, compaixão, resiliência, coragem, angústia, alegria. Tudo em ti é teu e precisa ser conhecido para ser convivido. Todos temos miragens e abismos em nós mesmos; mulheres corajosas como nós se dispõem a encontrá-los, encará-los, e seguir em frente, com os cumprimentos de quem reconhece a dor e prossegue, reconhece a felicidade e prossegue.



Por fim, digo que nem a minha saudade pingando pelo corpo, nem a tua angústia na última madrugada, me fez perder o foco de que esse movimento construído hoje é vital para a tua história, e, por isso, necessário. Um dia por dia. E cada dia com seus próprios passos.

sábado, 30 de julho de 2011

Muitas



Foi ontem pela manhã que percebi que estava apaixonada!

Lembrei, no corpo, aquele impulso sorridente que já conheci algumas vezes. Uma certa vitalidade brincante, o olhar iluminado, e a sensação - em formato de certeza! - de que eu posso tudo, inclusive o impossível.

Do momento que tirei o carro do estacionamento do supermercado, marcha ré, até aplicar a 2ª, eu já sabia de tudo! Quer dizer, quase tudo. Porque ainda preciso descobrir, no meio dessa e de outras multidões que atravessam as ruas, por quem estou apaixonada.

Porque, diferente do que poderia dar a entender esse meu momento, não é somente pela vida que mexe colorido meu coração. Também não foi somente meu reflexo no vidro do carro quem me inspirou. Estou mesmo apaixonada por alguém só ainda não sei quem é!

Enquanto isso, como não sou amiga íntima da ansiedade, vou seguindo tranquila.. sempre que posso, com uma mochila e um sorriso no rosto!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Festim



Não.
Não quero partilhar seus medos.
Tenho os meus.
Sei quase sempre a forma de acomodá-los na minha coragem.
Não os cultivo, os suporto

Na minha horta,
alegria, cores, e abusos de sorrisos.
Só quero bater as pernas de tesão; os dentes, antes de achar o edredones

Não assisto Jornal Nacional. Nem Globo Repórter.
Meus sonhos são outros!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

O Passeio



Depois de liquidificador, móveis, roupas, panelas,
não me cabe mais desejar de ti um doce.
Chamei hoje de 'caminho viciado', esse espaço que há entre pessoas que compartilharam coisas demais, por tempo demais, mas nem sempre da melhor forma, ou o melhor de si. Então não me pertence hoje o melhor sorriso, o plano de viagem, o convite para o show. Olho pro homem que é você, pros homens que você pode ser, e sorrio com a ironia.

Retomo certas zonas de prazer que antes não tinha ânimo para acessar. Minhas paredes são brancas, mas vou me cobrindo de acessórios coloridos!



Sem recursos para novas panelas, móveis e roupas,
me ofereço o doce mais simples.
Espero do outro porque precisamos do olhar do outro sobre o nosso desejo. Mas hoje é hora de reconhecer meu vazio e meu cheio, minha falta e minha completude, meu cheiro, meu amargo.

Tenho noite e tenho dia. Às vezes dificulto para mim, mas tenho me propiciado bem mais afagos que castigos. Estou arrumando a minha casa para depois sair para passear. Movimento ainda involuntário, tenho preferido as janelas às portas. Talvez anseie por algo que salte, que pule, que venha pelos ares, de outros espaços. Sinto que não vou abrir a porta para que entres, mas que te receberei, de surpresa, pela amplitude de uma janela.

Minha história é uma história de amor. Disso eu sei.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

furtando verdades



Uma vez derramei nos seus olhos chá de ervas com gotas de amor. Não chorou, pois as tais tão pequeninas águas embelezaram ainda mais o seu olhar.

Despejei, tempos depois, aromas vermelhos no seu corpo nu. Foi o homem mais inundado em perfume que beijei. E tudo cheirava junto: sexo, desejo, carinho, afago, cabelos, língua, passado, hoje e depois.

Nem pensava que esqueceria o tremor da sua língua em mim algum dia. E chegou, esqueci.

Às vezes cometo palavras como se fossem verdades. Às vezes são. Mas não desse mundo. São pedaços recolhidos e esticados, embebidos na textura dos sonhos. Como os mantras, que se rezam para conseguir. Mas também podem ser cartas, sem remetente expresso, passando por mim no raspão, querendo ser verdade mais ali adiante. Às vezes são!

Nesse mundo, preciso escrever para não perder o propósito do chá derramado. Sorver esse amor até a última quentura. Preparar a minha vida para a janela aberta que se delicia ao passar por mim.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

um tolo sorriso de quem nada quer

o meu você de hoje em dia não existe!

estou prestes a abrir a janela, e, à minha frente, não mais um espelho esbanjando meus sentimentos.
de frente pros outros, poderei enxergar e escrever diretamente sobre eles. Não mais eles através de mim.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

o homem da minha vida (para Dri)



Sou parte do meu futuro.
Vou experimentando. Vendo, lendo, escrevendo, sorrindo.
Sou bêbada num mundo engraçado de pessoas bem vestidas e com aparente coerência. Uso chinelos e bermuda. Não me preocupo se não entendem, consigo bancar meu estilo!
Se exagero, é pouco. E não ligo mais se sou menos do que a medida. Não meço igual.
Uma vida, 42 anos, para assimilar que não meço igual!
Uau! Que visto roupa diferente. Que escrevo por outros poros.

Comer a 1ª pedra oferecida e quebrar os dentes não é melhor nem pior que a tenra carne do amor. Só é diferente. Conservo meus dentes, não por cautela, mas por prazer. Você se veste do frio e vai embora. Não tenho saudade. Saudade tenhos dos meus amigos. Dos olhos deles, do braço de beijo quando abraço, da ternura ao me construírem numa estante, aceitando meu rosa poema.



Resisto enfim, na peleja do hoje com o amanhã, em amar o que sei que a mim não serve mais. Que é joia e brilho para outras saias maquiadas de luxúria, mas que para meu short jeans surrado não serve mais.. Beijo meu homem na boca. Estou me completando. Visto suas roupas. Ele veste as minhas. Ele habita meu coração, quando chegar.. Mas as chaves da minha casa e do meu carro, ficam na minha bolsa!

terça-feira, 28 de junho de 2011

pensadosentido&escrito

ir ao cinema sem "você"
Recomeçar.
Sem qualquer glória ou saudosismo.
Sem remake, sem protesto.
É o que se chama 'seguir a vida'.
Algo tão sutil, mas pintado de amarelo berrante. Berro em silêncio.
Porque silêncio é a minha praia favorita de todo o litoral.
Como um estilo, uma escassez, ou uma saudade. É o que se pede, o que se quer, o que se tem coragem de fazer.



Hoje falei que talvez eu precise ficar em casa, ficar só. É um sentimento meu, como se, na falta de ideia de para onde ir, opto por ficar no mesmo lugar, parada, para quem sabe ser encontrada.
À medida que tentava me expressar, esbarrando nas palavras, esperando que elas me dissessem, eu mesma sem saber ao certo, fui minimamente me entendendo.
Não, não estou perdidamente desencontrada ou ausente. Só não sei ainda como me redefino, agora que não tenho mais meu comparsa de infortúnios. Sem estar casada, não tenho mais a quem atribuir minhas dores e fracassos. Alívio!
Tudo agora é meu, mais ninguém me domina ou me isenta. Sou minha dona, minha responsável legal, e estou bem apta para os próximos 20 anos!