quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

- o que tens pra me ensinar? -


Com doçura, como se fechasse uma porta devagar pra não acordar um bebê adormecido, foi me contando como a vida se virou sem mim. Conquistas, suores, trajetos tortos, desatino, perdão, perdão.. Novos nomes, outras histórias, letras que eu não ouvirei e que não existiram enquanto eu existia e dormíamos juntos

Como não sei bem como me desfazer de doçura, fico vagando aqui, para desacreditar.. preciso de tempo, sempre preciso de muito tempo, enquanto o tempo vaga na noite da Primavera por outros passos, não os meus, não mais comigo

Caminho pelas ruas que decretaram ser da primavera. Quase corro, quase sorrio. Chegar em casa é o tempo que preciso, muito tempo. Muito chão pra aceitar minhas escolhas, viver com elas em acordo de felicidade. Pra lá não volto hoje, não gosto de perigo desnecessário, que pode me machucar mais que fazer-me conhecer. Tenho a natureza dos covardes.

Enquanto precisar, haverá Fortaleza pra rejuntar coração perdido. Sim, quero voltar a me apaixonar, além das linhas, dos filhos, das águas, das amigas. Mas não sei ainda como, moldes rasgados. E nunca soube os modelos, as estratégias, os acordes. Sou desformatada em natureza.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

com Lucas


Prometo recomeçar!
Nos dias que chove - e tem chovido muito - misturam-se os mais variados tipos em mim
Hoje, antes que a água lá fora caísse, acordei que depois de tantos ventos violentos, ficarei somente eu por aqui
Sem fugas ou desconcertos, sou eu
Como posso temer?! Sou só eu!
Sem ajuda, sem figurino externo, sem maquiagem alheia

Mais 04 horas se passaram, no restante da casa ninguém sabe o que se passa (sou só eu)
Recordei que houve outros tempos, busquei uma imagem
E é por esse sorriso que não prometo a ninguém, pois ele é somente pra mim.. recomeçar!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

dia de chuva


Arrancar da pele os ossos d'um amor
Não é suave - mesmo sendo pelas águas - porque a pele reluta em ceder suas memórias para o passado, para o distante
Tem os estrondos da madrugada com chuva. Arrastar o denso do sensível; minha pele, fina, agarrando-se a velhos ossos, tanto dores quanto beijos, mais amor que injúria.

O que eu, já cansada, peço às águas.
O que as águas tentam explicar à pele.
O que a pele, aos dentes, dificulta-se aceitar.
É que o tempo do passado reclama seus objetos para poder partir.
É que o tempo do agora, eu, preciso dos espaços de verdade como eles estão.

Posso guardar uma foto. Não outro corpo dentro do meu.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Como terá sido essa amizade
?
Quanto amor
Quanta vontade
Como terá sido compartilhar um amor assim, pela arte
?
Como terá sido encontrar as palavras
?
Elas, que são tão importantes na construção de tudo que somos
Como terá sido sorrir por elas, pelo encontro
?
Como terá sido procurar por elas, percebê-las
?
Todo o encanto, o brilho nos olhos, o gosto do álcool, todo o carinho
Como terá sido encontrar a melodia
?
E sentir que é de amor que se fala, do amor
Como terá sido
?
Eu tinha tudo e tanto para estar lá
E no entanto o lugar "mais" possível pra mim é o distante
Assim como está
Assim como é

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A chegada



Começa o ano.
Imaginei: se todo ano começássemos a contar a mesma história..
A mesma história, vivida e lembrada, como se partíssimos sempre do mesmo começo. Como se a cada ano que nos fosse concedido, na sua bula ou carta de princípio(s) viesse essa instrução: "vai lá, conta a história, a teu modo hoje, a teu corpo hoje, a teu coração hoje".

Pensei que começaria o ano contando a mesma história. Meu coração parado na mesma canção, meu corpo sem fio, meu modo ainda inconsistente. Pensei mesmo que só saberia contar aquela história.
Mas desde que cheguei de viagem que recebo recortes novos de antigos artigos. Ou talvez algo no meu olhar. Aviso-me, ou avisam-se, que há resposta para o meu pedido.
E fui pra rua, depois de um banho sentindo o cheiro dessas novidades. Desci a ladeira, comi um acarajé, sentei e tomei uma cerveja. Voltei pra casa com 3 revistas e um universo de curiosidades sobre o que estava acontecendo ali, bem ali, ali comigo.

Não vou contar a mesma história, não preciso. Certo ser possível que alguns antigos personagens reaparecerão, como memórias ou influências poéticas. Mas não estarão com certeza sentados nos mesmos lugares, nem com os mesmos olhos.
O amor muda a minha história e eu me emociono por cada reconstrução de roteiro.
Até que eu não precise mais de roteiros, só ser já me baste.