terça-feira, 28 de julho de 2015

Ainda que em silêncio, não há sigilo.
Sigo buscando remendos.
Diaadia, entre rua, banhos e cantadas, estou a me cerzir, coração e vestido.
Uma veste que me deixe confortável na vida,
um amor que me coloque pra dormir em paz.

O mundo cabe num brechó, raramente o que me encanta espera-me num grande magazine.
No buteco, aquele trago é que me galanteia esperança, voltar a sorrir.
Passar e sorrir!

Assim é que, de volta pra casa (como sempre pareço estar), percebo, quando o sinal me pede calma, que cada uma dessas horas em que penso tantas coisas & pessoas, é na verdade a costura de mim novamente, linhas tiradas do movimento, rasgos do tempo me cozendo.
Retalhos, meu amor, nem colcha nem nudez..
costuro em mim a promessa de que um dia não precisarei de mais nada de novo, tudo aqui já está, entre eu e você.

domingo, 26 de julho de 2015

fotografia pra saudade


Tempo da lua voltar ao jardim
Tempo de esteira na grama
Tempo de se conectar, olhar, tocar, sentir
Tempo de volta, tempo pra frente
Pra saber quantas há, sentir a luz da madrugada

Tempo de vinho branco, frutado, em brinde
De sentir a temperatura do masculino e feminina na taça
De bolinho da Duda com uma colher para duas
Tempo que se passa sozinho entre a chuva fina e o pensamento solto


Desconstruir todo um dia na brincadeira das palavras
Repetir, inventar, inverter, sorrir
Desse tempo que passa e nem repara em mim,
Peço que me conceda a sorte
Que eu aprenda a amar enfim

sexta-feira, 24 de julho de 2015

perambulância


Começa a semana.. quarta-feira!, no meio das vidas-calendário
O cine espalhava inocência de menino e afeto cearense:
din-din, bom-bom, outros-encantos

Hoje ainda sei ser criança..
brincar no outro espelho,
pernas finas e café com leite.

Corpos paradeiros de alegria,
quem deita é quem somos.

Pra mais de um agora,
tudo desconhecemos
Mas pra cada olhar escondido,
amor

domingo, 19 de julho de 2015

pelos trajetos, pelos

Era um caminho da cor de pétalas, aquele que fazíamos juntos. Embora caminhássemos no asfalto, nada me impedia o faz de conta. Gostava da medida do teu amor por mim. Um sorriso, almoço comercial, perguntas que um homem nunca faz e você fazia, sobremesa eventual, 2 xícaras de chá. Claro que pode ser engano meu, mas eu prefiro chamar de amor. É mais doce, mais colorido, mais suave.

De volta, ainda que eu tivesse cuidado, era fingimento, pois eu não tinha medo de atravessar a rua contigo. Assim como nunca me amedronto antes de me apaixonar. Sou o estrago da precaução. Gostava de saber que ainda haveria outros passos depois. E escadas para subir. Portas para abrir. Uma ou outra possibilidade para um olhar, uma brincadeira, breve sigilo no meio da tão pública sensação que ninguém percebia.. os cegos do olhar.

Tanto assim que agora, já esquecidos que somos no tempo pagão, quando preciso solucionar meu descanso para longe da tristeza, é naquele percurso que penso, e na medida leve e carinhosa do teu amor por mim.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

prova de mar

quero engolir sal e refazer-me em novas águas

bem vindo o medo que não me matou!


terça-feira, 7 de julho de 2015

quando ainda




Amor de entranha, de profundeza
Acaba o encontro e ele não parte. Amor que se demora
Não amanhece mais e ele fica
Já se foram os objetos.. queimados, quebrados, rasgados, doados, perdidos
Tempo de gigante
Como chuva, só que demorada
Anos chovendo nessa horta alagada
Sonho o tempo que passa. Sonho passos.
Não espero mais nada. Só espero passar.