quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


o amor acabou antes que eu virasse a próxima esquina



anos depois de desconsolo inexplicável, a uma relativa distância que eu vivia de mim,
dobrei a esquina e ele já não estava mais.



foi antes, antes que eu me visse na outra rua, que o amor acabou.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ao acaso

no meio da tarde, uma pergunta-me:
- qual a consistência do amor?!

sábado, 23 de janeiro de 2010



Mais do que vontade, desejo.
Não tem endereço, é uma rua sem saída, e no final dela,
flores, ou desencanto. Depende de como se cuida do jardim
Já me disseram um par de vezes das muitas possibilidades da minha solidão no futuro. Algo como: ‘vai acabar sozinha desse jeito’.
E é mesmo possível. Depende de como cuidarei de mim. Do que queira, do que goste, do quanto de esforço farei para chegar ao(s) outro(s); e, é claro, de todas essas porções referentes aos demais.
Claro que pode ser uma agrura, uma praga, um desleixo, uma piada.
Claro que também pode ser verdade.
E, tão evidentemente claro como a vida, pode ser amor.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entendendo




Conheci uma pessoa que mora sozinha. Que tem a minha idade, que já foi razoavelmente minha um dia, até que partimos um do outro.

Conversando com ele, umas 5 horas e 12 chopps mais ou menos, fui ficando mais calma e mais possível da minha vida. Ele vive só e quer continuar assim. Eu tenho medo da solidão por ser algo novo, nunca vivi assim. Solidão da porta pra dentro, gente da banda de fora. Assim fui eu todo esse tempo.

Então ele me acalmou sem me dizer diretamente uma só palavra. Exatamente como quando era a parte mais importante do mundo para mim.

Eu falei pra ele que nunca vou saber como é viver sem me preocupar com alguém. (será que quis dizer que nunca mais poderei ser livre?!) Se pudesse, diria que preciso dele pra me estabelecer novamente, nesse novo meu mundo. Preciso do seu olhar, da sua consultoria, do seu sorriso, do seu silêncio.
De férias, depois de dias de relativo conforto comigo mesma, outros dias de tremenda culpa e espiação, foi com ele, numa única noite, que eu tive noções de esperança para 2010. Não tive conselhos, não tive conforto, apenas olhei pra ele e o olhar retornou pra mim.

Sei que 2010 será árduo e longo. Não estou exultante, não estou animada. Estou com medo. Ambiciosamente, pensava que o alívio por sair de uma situação que tanta insatisfação me causava seria instântaneo como os miojos que comia ano passado (esse ano vou manter distância deles, tô barriguda demais!) Mas a primeira camada a descolar foi de culpa e medo. E é ainda ela que tô descascando. Tenho que fazer isso sem fragilizar demais. Sem desesperar. Estou sofrendo não porque mereço, mas porque é parte do meu processo. Depois dessa parte, vai vir outra parte, que eu não sei ainda qualé, só consigo por enquanto ver essa.

Sei que ficarei sozinha e isso não é castigo. É uma necessidade, num determinado momento. Em parte porque sou orgulhosa e não procuro ajuda. Em parte porque não consigo tão bem confiar nas pessoas. Só sou fácil pra quem me apaixono, mas ainda assim saio correndo com medo de ser descoberta. Em parte(3) porque talvez seja mesmo necessário não mascarar a dor com a animação alheia. Não por abandono ou por culpa, ficar sozinha como parte do movimento.

Tendência a achar que tudo que faço ou penso agora é definitivo. Não é. São movimentos, tentativas, cabeçadas. E o que é possível ser feito, muitas vezes nem o ideal, mas o melhor porque foi feito, foi o emocionalmente viável.

sábado, 16 de janeiro de 2010


este espaço é intencionado para os que sentem
experimental, onde eu tento e aprendo a dizer

no auge das trovoadas, no meio da tempestade, letras sugerem que podemos sobreviver à dor fazendo poesia, confiando nos amigos e tentando o equilíbrio pela paz

na camiseta cearense estava escrito: "desisto é porra!"
é por aí..

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O passado, de roupa nova



Ele nunca vai embora imediatamente quando nos despedimos.
Ele fica. Em mim.

Fiz perguntas, respondi algumas também, mas sempre acho que os olhares são suficientes para manter a porta aberta. Não, eu não sei porque não consigo razoavelmente deixá-la fechada.

É tão instantâneo voltar a amá-lo. Como um código, um acesso, a luz do dia pra eu saber que é dia, a lua pra eu saber que é noite.
Encontrá-lo, pra eu saber que é amor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


Leio a TPM (Trip para Mulheres) e saio de lá mais corajosa e otimista, pela força das mulheres que se mostram, que conseguem fazer algo diferente, que vivem e confessam seus medos e defeitos. Volto pra minha vida e tenho dificuldade em me adequar. Sou definida ultimamente como chata, grossa, difícil, antipática. Sou eu. Inexplicavelmente, alguém tão doce, com tanto amor e carinho pelo mundo, é alguém intragável. Sou eu. Enquanto horas aceito essa condição com certa resignação e bom humor, noutras me encho de remorso por transparecer toda essa minha condição. Também não sei explicar. Nem quero.

Revejo pessoas e lugares e me atrapalho um pouco. Fico tonta pensando se essas pessoas já me conhecem tal qual eu sou agora, se não é confuso pra elas ouvir uma pessoa tão diferente de antes. Receio metralhar demais a inocência alheia. Eu cheia de verdades, sem querer as desconcerto. Eu, que acredito em mentiras mais que em verdades! Também me assusto, quase todos os dias, com a suscetibilidade dos outros, pra mim é difícil entender o que as choca tanto, o que as maltrata tanto, o que as magoa tanto. Talvez seja o tom, talvez a verborréia, uma metralhadora de bobagens que disparo mais pra relaxar que pra firmar posições. Já disse, não acredito nas verdades. A verdade é – quase sempre – outra coisa!

Tomo uma cerveja e começo a sentir que a vida pode ser levada de uma forma mais leve, que toda a minha tragédia se resume a meia dúzia de palavras, e que há mais desgraças no mundo do que uma separação alheia pode almejar. Fortaleza é o meu casulo, desejo o tempo de criança, a falta de noção dessa existência responsável que levo hoje, um mundo escrito numa caixinha de isopor dentro do meu quarto de madeira fixa. Mas o que me acolhe também me cerceia, não há liberdade sem um preço alto de má interpretação e solidão. Depois de um tempo, o recinto sufoca, a gente precisa voar pra longe. As fofocas, a maledicência, a estrutura rígida, as perdas, as palavras mal-ditas.. e eu não consigo mais dormir em paz, não são os outros pelos outros, são meus infernos tomando passagem, esmurrando loucos a porta dos sonhos, arrebentando a paz em mil pedaços.

Queria ser só pra não temer mais ninguém. Tenho medo de ser só e que ninguém me ame, nenhum louco, como diz Talula. Não há saída. Viver pra mim é mesmo esse desespero louco e manso, porque penso que o amor existe e cedo frequentemente ao equívoco de querer demais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

pequenas utopias no cinema


meus dias tristes, o mar não curou.
preciso de pessoas para amar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sem muito tempo para escrever


Chove, constantemente, nesses dias. Pouca trégua e pouca paz, ultimamente.
Oha adiante, e mais chuva pressente.
Ou ameaça, só pela mania de não desejar melhora. Mais castigo. Não tem paz. Chove demais.

Tem medo de nunca mais ter abrigo.. E de não acreditar mais na alegria. Queria não ter abandonado o amor, mas aconteceu. Queria não ter desperdiçado sua vida em outras pessoas. Acha que não tem volta. E que não tem futuro.

Queria que o amor lhe servisse mais um copo. Se lhe mandasse por emissário a ilusão, não se importaria. Queria um pouco de paz.
A paz que um sorriso saber servir.