sábado, 29 de janeiro de 2011

el ultimo beso

Os passos mais doces do que já sabemos que vai nos deixar.

Como a última vez, o último beijo, o momento cada vez mais parecido com tudo o que temos.
Ainda faltavam algumas palavras, presas no silêncio. Falaram. Reinventando o trauma, como sentir dor lacinante na mão já amputada.
Às vezes preciso acreditar também no que meus olhos vêem, frente a frente, em formato real, e não só no pensamento mágico.

Mesmo que meu estômago doa, que minhas mãos tremam, meu coração palpite sem que seja pela emoção da paixão..
ainda assim, gosto e me orgulho do movimento de olhar de frente o que está acontecendo, sem a licença poética dos que amam demais!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

segunda-feira

Tenho amanhecido para a vida com a determinação de quem vai à conquista.
Não sei ainda o que quero, mas sei que está adiante, sem que seja futuro.
As vestes humilhadas do passado não as lavo nem remonto mais, toco-as com firmeza - quase raiva - buscando cura, mas não as uso. Meu corpo agora quer saber de outras coisas

Tento hoje ser o presente para mim mesma, e faço isso com os ombros abertos e o olhar treinando dizer 'sim'.

sábado, 22 de janeiro de 2011



O Elefante cumpriu seu percurso. Dois anos depois, morreu.
Conheci-o no cimena, parte enfeitante de uma história de amor. Encontrei-o na livraria, tão imediato quanto me permitiu minha auto-censura financeira(- outro livro?! mas ainda nem leu todos que comprou no aniversário?! olha o gasto fora de hora, não é hora de exagerar!!!)
Viajaram o Elefante e seu cornaca comigo até Fortaleza. De lá para o Araújo e pro Icaraí. Voltamos a Salvador. Do stiep para o comércio, quase todos os dias, e o trajeto de volta também.
Botei entre suas patas (páginas!) uma foto minha, aos 10 anos de idade, um sorriso lindo, um menino alegre.
Hoje o Elefante deu seu último passo no meu coração. Saramago também morreu, como Salomão.

Eu vou começar outra história, por mais que tenha dificuldade em despedir-me da última.
Estou sentindo um toque na pele de cada vez, pois não há mais futuro.
Terminado o tempo que virá, só o Agora toca a minha pele, beija meu corpo, despede-se e conhece-me no mesmo encontro. Somos hoje essa mistura de adeus com ainda não.
Mas eu sei porque ajo assim. Ainda que não saiba explicar, nem catalogar em ordem numerada correta os motivos, sei que precisamos desmanchar essa estrutura.
No desmonte, sei do risco de perder partes importantes, e nunca encontrar outras para substituí-las. Mas ainda assim eu sei que preciso fazer.
E por isso faço!

Por fim, o Elefante Saramago me conta o que leu em outro lugar: sempre chegamos no sítio aonde nos esperam.
Não sei onde, não sei quem, nem como será, mas é pra lá que eu tô indo,
É pra lá que eu vou!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As perdas me comovem.
Servidas cruas assim, na vida da gente, sem trilha sonora ou filme na tv. Cabem tantos ali, mas sou apenas eu.
Saber-se indo embora ou assistindo ao outro partir. Vem à mente tudo o que eu não soube respirar, tocar, amar dali. À tona, na perda, o lado A que se quebra, que não mais ouvirei.

Não é uma palavra grafada na pele, nem uma tira de couro que me bate todos os dias. Só um dia, meu olhar que chora, como aquele lencinho branco que a mocinha acena na despedida.
Não é castigo. É dor.
E dor me comove.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011


dissolvida minha identidade num copo d'água.
como um efervescente, diluindo-se com açúcar até transformar-se em líquido colorido.
20 anos.
sem estrutura definida, fazendo bem, fazendo mal.
há 20 anos.
parte da água, não sei mais ser sólida.
perdida, inconcebida para quartos anônimos.
e, ainda assim, quebro o copo com as próprias mãos.
pra onde eu vou?
se esqueci o formato do corpo, se me acostumei a tocar somente em almas, como será que retorno ao mundo físico?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Nesta manhã, no dia 31/12/2010, no banho de mar,
despi as vestes do ano, de culpa e medo,
e escolhi as novas, para o ano de 2011,
alegria e prazer.

Assim como ano passado esbocei um ano de dor e culpa, ano de construção, de obra, de dificuldade,
hoje abro a janela e de frente pro mar me banho nas águas em cores.
Quero bailar com a alegria, não duvidar mais, ir em frente sempre.
Re-vestir-me com a minha sensualidade natural, meu gostar da vida e de mim!