quarta-feira, 29 de setembro de 2010

e por findar agosto.. ou o 'título' original: para agosto, por conselhos


Já amanheci dos sonhos, umas imagens inusitadas, umas pessoas fora do contexto do que representam pra mim.. e uma boa notícia, em forma de gente, única, para mim. Eu fingi que não liguei, fingi que não era surpreendente, fingi que meu coração não estava aos pulos e a minha perna não tremia. E, acredite, eu sei fingir muito bem!
Ninguém nota o meu desconforto, ou o meu instantâneo desaparecimento desse mundo.. fico lá, compacta no meu formato mais conhecido, o de fingir-me desinteressada.

Então agora escuto um texto de agosto, que orienta ter em mãos imagens doces, ou uma básica agradável, e dela descomplicar a vida e desviar por mil ruas alegres, coloridas, inusitadas. Sorrir como se fosse verdade, agir como se fosse.. mas só por enquanto com o lado avesso, aquele que não conhecemos ainda mas sabemos amar.

Pois de um sonho tirei o meu passatempo para agosto passar comigo bons dias. E já venho aprendendo a alguns dias que tem mais uma porção de gente feito eu que vive cercada de elementos fantásticos, que conhece a paixão sem conhecer direito o amor, que vive o detalhe sem saber do conteúdo por inteiro. Nunca. E ainda assim, reconhece isso como vida, como vivo. Era isso que eu não sabia fazer, mas agora estou aprendendo. Sou recheada de sonhos, e algumas coisas importantíssimas nunca foram efetivamente reais. Não andaram de ônibus, não conheceram meus beijos. Eu não acreditava em mim. Aí vi num filme e pensei: “pode?”. Vendo que podia, me emocionei. Agora chega o texto do Caio Fernando e diz que isso faz bem.. ‘vai, faz assim mesmo, é bom’..

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Parta-se o mundo ao meio, e
Ficamos cada qual em uma metade
Os dois em suas órbitas particulares, parecendo tudo, mas faltando algo
Cada qual com o seu pertencer. Um conhece o sol, ao outro encanta a lua
Dormem, acordam, vestem-se, amam,
Combinam com outras pessoas, mas faltando algo

Não há cisão, de verdade
Foi um jeito que pensei ser possível te esquecer
Habitar o lado em que não existisses, acostumar-me sem a lua, como se nunca a houvesse conhecido
Pois de outro modo, faltando algo, nem sempre consigo dormir
À noite, vem um sonho louco e repetido de você ao meu lado, conversando, rindo, bebendo suco de laranja ao invés de cerveja

Acordada como estou, pergunto e procuro que parte minha cria essas visões, que parte fantástica que não é corpo, não é mente, não é parte que eu conheça, que faz essa confusão de verdade com fantasia. “A verdade é uma só!” – advertem-me. Volto a fechar os olhos, insistir que descansando passa, a verdade me mentiu de medo de nunca mais te ver e me deixou assim, querendo minha parte do mundo à vista, sem troco e sem saudade.
Um mundo que escreva amor com letras diferentes das que eu escrevi teu nome.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Gracias, amigos!


Um casal, una pareja, llena de amor.
Enquanto um canta, outro se veste.
No resto do espaço, silêncio.
O tempo de ser dois.
De ser de outro planeta também,
de abrigar visitantes e saber de outras vidas.
E o outro canta, enquanto um se reiventa.
Ou assobia outra canção.

para Cla e Gaba, com amor..

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

minhas manias deliciosas que facilmente teriam diagnóstico de t.o.c.

1. Entre os dedos,
moedas geladinhas para apertar
e chaves frias para sentir o conforto na pele.




2. Braços molinhos para agarrar como seus,
e sentir-se em casa, como há muito não se sente.

3. Da infância, a sensação reconfortante do café-com-leite + pão-com-nata de manhã,
do sanduíche de ‘papinha’ na saída da colônia de férias,
do hamburger e da pizza caseiros.
Sabor de mãe nutrindo, amor.



4. A parte gordinha da orelha,
o lóbulo, escondendo-se dentro do casulo, pra sentir a delícia.



5. Separar os fios do cabelo,
escolher pelo tato os ‘diferentes’,
e percorrê-los com calma e silêncio, não importando o mundo de engarrafamento, espera na fila do banco, ou no banco de espera da médica.

6. Só comer com guardanapo do lado,
pra sentir segurança mais que higiene.



7. Do líquido, suco ou café, nunca até o último gole.. um restinho vai ficar lá, copo ou xícara

Umas coisas assim, engraçadas, que eu não vivo sem.. todo mundo tem.. quais são as suas?!

sábado, 4 de setembro de 2010

eu penso nisso


Não sou uma pessoa de certezas
E as dúvidas que tenho não são do tipo fáceis e triviais, do tipo, ‘dorme que passa!’.
Ando, ando, ando e, quando tô quase chegando, penso: é isso mesmo que eu quero?!
Faço isso quase o tempo todo, numa fragilidade irresponsável, porém legítima.
Minha amiga Duda às vezes perde a paciência e, cheia de amor, me diz pra mudar de assunto.

Alegria demais me espanta,
Certeza demais também!
Entre melancólica, pessimista ou contemplativa, arrisco-me na última. A figura que contempla não sofre o tempo todo, nem acredito que tudo vai dar errado comigo, mas, olhando muito e só olhando, não consegue afirmar, nem ter certeza cravada de nada! Eu contemplo e, se às vezes balanço a cabeça – pelo sim ou pelo não -, foi um movimento enviesado e encabulado de dizer: não sei..

Por isso é que quando acreditei no amor fiquei toda radiante e saí falando disso por todo canto: “sou monotemática, só sei falar de...”
É claro que algumas pessoas ficaram insatisfeitas, outras nervosas, algumas irritadas, e começaram a colocar sal no bolo, tipo me mostrar o lado cacete, cruel, decadente, escroto e fudido da vida, das pessoas, do mundo.

Alôooou! Eu sei disso! Tenho 41 anos, já morri com uma filha nos meus braços, já sofri porque alguém não me amou o suficiente, sou filha de militar, já menstruei numa trilha de 3 dias no mato, já voltei do embarque do que eu esperava ser uma bela viagem por causa de um documento, já arrombaram meu carro 2 vezes, já fui sacaneada por uma grande amiga..
ou seja, já fui da maior dor, pra pior sacanagem, às contingências tristes da história de vida.. e por aí segue-se.. eu segui.
E foi por viver tudo isso que mais me surpreendi quando dei de cara com a alternativa possível e querida de só escrever assim!

Então, aquela gota de baunilha, ou cardamomo, no café, que alegra o sabor ou que nos faz lembrar da infância, esse toque sutil em mim tem o nome de amor. É bobo, como já disse, porque sendo bobo pode ser simples e despretensiosamente feliz. Pode ter o nome de vermelho, ou saudade, ou tatuagem.. as letras dele são todas, não só 4, como em ROMA. Aliás, prefiro Paris!
Olhando pra mim acho que pouca gente vê, mas também não é preciso do mundo todo: como eu disse antes, uma rede, um banco de madeira na varanda, uma mesa no quintal e um chuveiro ao ar livre..

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quero você na cabeceira da cama - minha pessoa de cabeceira!
Postando conversas frias e ainda assim gostosas.
Saudade envidraçada, em conserva, ou no espelho do quarto.

Dá pra ver você no meu corpo?!
Não acho.
Não dá, exagero meu.
Só porque penso - e às vezes penso muito - não quer dizer que crave na pele.