quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

sintonia


Amar é um Tempo paralelo



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

nas pequenas coisas, o amor é grande


Sentia vontade de ler alguém que me inspirasse
das coisas banais que penso
dos micro-projetos que intenciono

como quando me refugiei numa praia com a máquina portátil de datilografar da mamãe, aos 16 anos, pra escrever.. angústia esperançosa, era o que eu sentia

Agora quero ajuda para sonhar, ou para voltar a acreditar em sonhos
quero a beleza do olhar da outra, palavras que me norteiem, pelo amor
ter esperança feito água dentro de mim

corro os escritos, ainda não achei
quero me apaixonar na esquina - melhor jeito de estar no mundo
ser pós moderna, como queixa o Igor (rs)
ser quem sou, adentrando os mundos que a academia não soube me conquistar

um mar posto à frente, me esperando como um abismo, mulher de azul no dia
não tenho céu à minha espera,
preciso de você

sábado, 10 de dezembro de 2016

o lugar da poesia


Ele precisa de um lugar para escrever
E de um Tempo para amar.

Cabelos longos, cachos sempre desarrumados - exceto quando eu os penteio.
Não há mais tempo desse amor, assim, despercebido de outras ideias,
outras pessoas não saberiam dessa paz.

O mundo desabou e depois que começa a cair, ofensas e precipícios, ninguém mais se lembra do quanto teus braços eram meus, e meus olhos eram teus.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

transparência


voltando pra casa
passei por uma porta de vidro
olhei de lado, no movimento
e de lá eu vi.. não me pareço mais com você!

domingo, 4 de dezembro de 2016

resumo


o estrago foi feio
porque o amor era grande

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

eu ser


há Tempo no lugar para a saudade
há Tempo também para amar
não fere mais o perdido
não teme mais o que sempre gostou que estivesse perto

aprendo.
de tanto repetir, aprendo.
nem vi todo esse Tempo passar, contando as horas pra esquecer
não precisava..

acalma entender que ser eu mesma é respeitar a intensidade das coisas em mim
E, que privilégio poder mergulhar assim..

Tempo de roda
de ciranda
de cima
de baixo

Tempo de amar Tempo

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

ouça meu bem


Das peles
Na pele
Os pelos

Se encostas em mim, eu gosto
Se desencostas, não te conheço
Há tempos foste embora
Eu fiquei

Espero o dia nascer
Enquanto vivo, amanhece

domingo, 13 de novembro de 2016

Não mude o poema

aconteça o que aconteça
não mude o poema

se encontre
viva
cresça
sofra (por consequência)
mas não mude o poema

o que foi sentido
o que foi vivido
aconteceu, daquele jeito
e se foi ruim
foi também imensamente bom
Amor nenhum merece ser invisibilizado
não mude o poema

não é de nomes que falo
saiba valorizar o que te fez tão bem
o que te fez tão homem
o que te fez tão ser
seja tão íntegro como és

não mude um poema
se ele é a certa expressão
do que aconteceu
Amor

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

a dança

Ela falou meu nome e pra mim pareceu uma canção.
Um poema suave cantado
Poesia de uma palavra abraçada

Dias depois eu sofria com dor de cabeça.
Pra trazer um sono que descanse, minha brincadeira é lembrar de um momento bom
Lembrei do som do meu nome quando ela falou


sorri
fiz projetos
um café
saber mais
querer mais
dormi
a dor de cabeça diminuiu
querendo eu que passe logo
vez e outra eu penso nela

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

astral





Dois anos atrás meu rumo foi andar, viajar pra olhar de longe o que doía dentro de mim.
Em casa, nas mesmas ruas, mesmos bares, mesmas praças e calçadas, eu não conseguia pular pra fora da tristeza que era perder um amor.
Brechava o Tempo, arrumava a mochila, partia.
Voltava, brechava de novo, ainda saudade, ficava por aqui de joelhos, cabeça perto da terra, chorando pra dormir, até o dia de sair de novo.
Minha casa era um manto de lembranças, o trabalho de roupá-la em outras emoções era lento e necessário.

O amor engole aos pedaços, despedaça quando se desnorteia da razão de ser em mim.
Para não tratar somente - ou criar - sintoma (homeopatia ativada), fui pra longe, fazer carinho em mim, pela intervenção de outras árvores, paisagens, afeto de mulheres que me cuidaram por existirem.
Não era pra curar, Amor não é coisa de querer fora do corpo, mas pra ajeitá-lo em outros tons.

Não parei de viajar, nem quero! Mas os propósitos se fazem outros, falam mais das minhas buscas, do adiante. Fala sempre de Amor.
Lembrando disso agora porque?
É que é o Tempo de nova virada espiral daquele ano de 1968. Um mês pra queimar as redondezas. Aniversário para novos passos, sonhos, e as lembranças são ancestrais.

To chegando aí, Tempo!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

encontrando pessoas


Falo de diversas formas das mesmas coisas

Na maior parte das vezes, pra quem eu falo não vai ler.


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

por um lado de janela


Banho de mar foi no domingo - começa a semana com benção e orientação!

Antes, já tinha tratado com fogo essa tristeza, avô.

Foi-se

Achava que sabia perder - ainda acho! - mas também sei que a minha maior teimosia é de dentro, não largar sentimentos

Foi-se



Como é linda a palavra leve, desejo-a assim também
Virá! Chega-me!


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

por onde Tempo caminha


Já perdi pra morte, acho mais suave pra perdoar
perder pra vida provoca estilhaço maior
anos depois, quando a gente pensa que já varreu tudo,
queimou tudo,
transmutou tudo
uma fagulha é suspensa no meio do sonho

e volta a doer o membro amputado
volto a chamar de saudade o percurso
e perambular papeis com letras tortas

mistério
esse Tempo vivo
amor perdido por aí

preciso tomar um banho de mar..

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

vindo



Deite-se comigo em águas profundas.
Sem pressa.

Devagar, colocamos a ponta dos pés no rasinho
Nas doces. Nas salgadas.
E sentimos o frescor do começo,
displicentes do susto que é duas.

Sentimento é nossa boia, roupa de banho e orgia.
Mergulhamos então, despreparadas e inocentes da fundura e do silêncio.
Só rede nos balança, útero do nosso re-começo.

Deito-me contigo.
E não sinto mais medo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

la madre


não é paraíso,
mas mãe é um esteio, uma dignidade.
leve o Tempo que levar para que isso seja compreendido, melhor, sentido..
mas re-conhecer a outra parte do cordão, onde o umbigo se fiou pra dar prosseguimento,
é uma ode e uma graça a ser reverenciada

penso aqui e sinto muito por todas aquelas que não puderam conhecer,
ou pela trajetória não puderam amar
Perdão.
re-contemos a história, de cabeça baixa e muito respeito às que não puderam
lá à frente, Oxalá, possam

não faço dessa condição o baluarte de ser Mulher. Sou Mulher muito antes.
não penso em mim-mãe, sinto aqui a mim-filha
e a toda essa magnitude da Natureza que nos disponibiliza gerar, alimentar, bi-partir-se em outro ser, Amor

Grata a minha Mãe, que eu nem percebi ao certo o toque, perdida em minhas perdas ancestrais
Grata.



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

entre partidas


Em respeito ao Tempo
As despedidas são silenciosas.

De longe, acompanho a normalidade que é partir.

Voltamos pra casa, em rumos distintos.
Que sempre haja estradas e casas para sermos.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A Fisgada


Tento me lembrar onde eu estava nos últimos 25 anos.
Na maior parte do tempo, fugindo.
Me ausentando para que os lugares e pessoas que pelejavam pra me enquadrar, dominar, sequer me vissem.
Me tornava invisível com um dispositivo natural, entre bruxaria e sobrevivência.

Meu luto agora é por tudo e todas que perdi, que não vi, não toquei, não amei, ao escolher - inconscientemente (?) - a invisibilidade.
Algumas conexões me salvaram, de pessoas, de recantos.
Por instinto, escolhia ou me deixava aproximar, me deixava ser vista por essas.
Com o restante, a postura era de defesa.

Confiança é sentimento que geralmente sinto onde aplicar, como tocar.
Sim, nem sempre o lugar ou a intenção estavam certas, mas também não estavam erradas, no momento em que se fizeram.
Só não havia energia ilimitada que acompanhasse o Tempo.
Faltou, quem sabe, Amor para seguir.

Me intrigo porque, nesse lapso de tempo que escolho recordar, estive em coisas de profunda conexão, como gestar e parir filhas e filho.
E, em seguida, pular nesse buraco profundo, águas profundas, que é a co-criação destas seres.
Talvez porque pra mim não representasse perigo, fosse como uma continuidade.
Não tenho ganas de mostrar como é, me alegro mais em acompanhar os jeitos, novas formas de Ser e Amar.
Sim, sempre faltará e sobrará.
Se não fui superprotetora, deveria ter sido 'naquela' situação.
Se fui ausente, deveria ter me importado mais com o que os meus inimigos faziam.

Tenho inimigos.
E agora devo enfrentá-los.
Sei que sou boa em fugir, e em profundidades.


Procuro ajuda para ficar, e, de frente, brincar também no raso.



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

mais uma quarta-feira que chove

Chuva
Dor
Chuva
Quanto mais dói, mais chove.
Canção da água escorre lá fora, escuto daqui
Em mim
Pedia compreensões desnecessárias, de manhã
Não peço mais
A chuva molhou todas as explicações de entender
Nem adianta lamentar
A água é sober-ana
Ela tira.
Ela dá.
Sei que dói, mas fique para receber todo o amor que ela trará.

sábado, 13 de agosto de 2016

O Bispo - a história da história do homem que era – também – arte



Morreu jovem, quando tanto ainda havia pela frente
Tempo pra conversar de coisas que ainda não tinha lembrado de conversar
Tempo pra fazer umas coisas que ainda não tinha feito junta
Morte prematura, morte forçada, morte em vida
Arrancada de mim quando ainda pulsava por toda eu
No susto, no medo, na fuga.. morreu tão jovem, ninguém nunca espera que seja assim
Era simples a fórmula: quando acabar, sigo
Não acabou, e me pus a marchar adiante – herança paterna

Quando não acaba, de vez em quando a raiz reassume lugar de planta ao sol
Volta com vida
Morte viva
Desculpa-se com a raiz que insiste, mas arranca-se de novo, dizendo que já faz tempo, que é preciso respeitar também o tempo daqui de fora. Molha a raiz destroçada quando chora.

Os dias que passo por aquele pátio. Os dias que choro com a poesia e a loucura.
Morreu jovem, quando tanto ainda havia pela frente
Aquele amor.




sexta-feira, 29 de julho de 2016

numerologia em tempos de pele



A 'história' não se repete. A história pede recontagem, e releitura.
Dá um giro para ser experienciada de outro modo.
Eu ouvia esse chamado e não impulsionava o suficiente pra responder.

Até hoje.
Agora.
Parei o carro no meio da volta (somos o caminho, né, Laura..) e abri o livro num capítulo antigo pra recontar o conto. Mudei o final.
Pedi um café, ganhei uma boa troca de palavras.
Pedi uma caneta emprestada.
Açúcar mascavo.
O dia me convida a mais.
O mundo pede sorrisos.

2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016
Isso pra entender – e aceitar – que meus tempos gracejam da rapidez do mundo, e eu que tenha a paciência de acatar, enquanto meu corpo envelhece, a dinâmica de um sentir bem sentido, uma morte bem vivida, um amor dialogado em silêncio.
Sou dessas, entre-tantas..

Meus números falam que estou para a morte como para a vida.
Que estou para o caos como para a paz
Para a multidão como para só nós duas.

E eu gosto do silêncio pra dizer o que vim pra dizer.
Pelo meu corpo, muitas mulheres falam
Homens sentem e escutarão – escolhas que já foram feitas.

Pelo meu corpo, labuta, raízes, flor na pele, persistência e amor.
A Outra e o Outro que me veem sem que eu me veja, uma das tantas que desconheço

No “e agora?”, ela foi-se, pois não queria dizer mais nada
Fiquei lá, sentada no banco..
..e na cadeira da loja de conveniência do antigo posto
..e nos dias que se passam
..e no amor que não tarda de um tempo incontável
..e no aqui, suposto agora, de mim e de ti, cosmos

sexta-feira, 22 de julho de 2016

o desmanche (memória)



Saber dessa hora em que me encontro
Não saber o que fazer pra levantar amanhã

Saber o que lembra e duvidar se seguirá
Esse é somente um dos lados do círculo
Ser teimosa ou estar cansada?

Pode desistir – Pode reinventar

Ao menos andar e num instante rápido entender – e escrever – o que pode ser tristeza,
pensamento vago, olhar que desvia, pés de fuga

Prometi insistir até morrer
Há encontros que me acenam com esperança
Ainda turva a linha, mas há cheiro e silêncio de esperança

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O corpo adormece com dor. Antes, um passeio de porta fechada, eu me explicando o que o Outro não conseguiu fazer. Pois que se trata de mim, do Outro à dor, as escolhas que faço ou não.
Também não consigo tudo, sei, por isso desmaio. Mas me despeço sentindo amor mais que o resto.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

sin

sintonia
alguém escreve, alguém apaga
eu chego, você acorda
eu sofro, você percebe
sem que fale, sente e segue

eu acendo a luz
você precisava que o lugar ficasse mais iluminado
eu nem sabia que você estava ali

eu sinto um puxão na nuca pro lado esquerdo
você, à minha esquerda, me olhava, sem saber como
eu vi
você viu
nada mais

um dia você nasceu
noutro dia, minha mãe morreu
um dia
outro dia
sintonia

tenho pena de dizer que tudo nessa vida é desnecessário
porque ninguém merece saber antes de começar
então calo

sou calada até hoje
por isso
e porque sou calada mesma - exceto quando amo

terça-feira, 28 de junho de 2016

percurso


Admiro qualidades que meus filhos tem.

Minha filha. Meu filho.

Não são como qualidades, são atributos naturais, das gerações, talvez. E delas mesmas.

Meu filho. Minha filha.

Numa conversa à toa, ele me fala com tranquilidade algo que eu não faço ideia de como ele sabe. Ele sabe.

Num passeio na babilônia, vejo nela uma atitude que eu não faço ideia de como chegou ali. Ela chegou.

Quem pretendeu me ensinar – a sociedade do senso comum, historicamente – a me pre-ocupar com o futuro desde que filha e filho tive, nunca atentou para a potência que seres humanas são capazes de expandir, na simples vivência de serem.

Filha cresce. Filho cresce.

Enquanto outras crianças nascem, na balbúrdia do tempo, no compasso das horas das contrações, no desejo insistente de sermos protagonistas das nossas vivências, nossos partos. Mulheres que decidem parir hoje tem que abrir estradas para passarem com suas crias nos braços, lobas na defesa e no ataque, contra qualquer violência que não seja a de ver nascer.

Não há garantias.
Nascidos, veremos. Minha filha, meu filho.
Amadas, sentiremos. Meu filho, minha filha.

Andei e ando pra chegar em casa. Ela é um pouso. Ele é uma estadia. Ainda não estou em casa, mas o conforto do amor me ajuda o trajeto.



quarta-feira, 15 de junho de 2016

sagrada falando


Quando um amor vai embora
Se ainda é uma amora quando vai
Fica o silêncio do quarto
Da festa
Da cama
Do bar

Ficam lembranças e pequenas imagens que precisam ser realocadas no corpo e no coração
Tempo, tempo, tempo
Corpas, coragens

Tudo parece fazer barulho de lágrima, de saudade..
Uma barulheira que eu não sei sentir
Fiquei só pra ninar a dor, na rede-útero que – Cearense – sempre soube que era pra estar por perto

Ido, nunca ainda mais foi achado, visto
Finda, uma presença que precisava descansar do olhar do mundo, da raiva da vida
Somos seres humanas em desfazimento e reinvenção

Travessas de sonhos que nunca viraram ruas
Tempos bem vividos, outras espalhadas pelo nunca mais adiante de cada rua prometida
Visitei outras praças, portas e portos
Às vezes lembrava, mas nunca ainda é a melhor projeção


Mas e a poesia?
Espaço onde as almas transitam
Corpos não.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

para segunda-feira



mais tempo, mais tempo
começou a chover, não dá pr'eu sair, preciso de mais tempo
mais tempo pra nós (não houve)

mais tempo, mais tempo
pr'eu aprender quem sou enquanto desenho, bordo, ou sonho mais
mais tempo, mais tempo pra mim
até o o amor chegar de volta
e adiante também, ainda..


mais tempo, mais tempo!

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ocupa SUS - junho/2016

para manchas de sangue: lavar com chá de camomila / sol



para tudo, água

para muita, amor

segunda-feira, 6 de junho de 2016

por escolhas suaves

Vamos escolher como morrer
Para isso, vamos viver de amor

O mundo cai, desaba, aos poucos e o tempo todo.
Por todos os cantos é assim que o mundo se transforma, desabando, descascando, implodindo e explodindo.
Escolhemos – ou não – como vamos senti-lo despencar, com barulho ou em silêncio.

Você, eu.

Como água escorrendo lenta na pele de Oxum,
ou onda forte derrubando quem insiste em firmar-se sobre chão em movimento.
O mundo desaba, em cada canto por onde esteja instalado.
Em cada tempo, sobre nossas cabeças e corpos.

Escolhendo, volto pro mato.
Não vou pro céu, pro ar.
Volto pra terra, com água correndo.
Encravada numa paixão, aprofundada em mim.

Sei que nem todos conseguem, mas podíamos ser assim, viver – pra escolher como morrer – de amor.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

filigranas


talvez você não saiba mais de mim porque não há.
eu sou isso.
só isso.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

entre rua e água


Abre-se a fenda
Dias e dias e dias em 4 dias
Enternecimento e sustos do mundo das naturezas
Voltar para o chão nunca me doeu tantos
Memórias passadas, saudades lancinantes, tantos presentes tristes a se viver, enquanto a Natureza é.

Fecha-se a fenda.
Sou outra.
Menos sábia, mais tocada, mais magoada, menos vivida, mais solitária.
Mais eu
O instante em que não quero mais ficar e não tenho ainda pra onde voltar.
Aí que sorrio e o choro lava meus olhos, pacientemente.

(meus olhos ardem te procurando)

Nem quero bebida, pois tentar esquecer vai me fazer lembrar.
Não uso bebida para corrigir a memória, mas como companhia agradável de uma solidão da pele e do coração.

Gente é perigoso.
Viver é perigoso.
Amar, então, é ofensivo e suicida.
Eu não tenho noção da força que tenho.
Preferia estar só.

domingo, 29 de maio de 2016

essa dança


meus olhos ardem te procurando.
tá escuro, não tenho vista à distância.
e você tá pra lá de distante.

você é o nunca mais e o infinito de agora.

me escutar nesse barulho era algo que eu não queria instigar.
mas é tudo por aqui tão chato que, pra não te lembrar, tento escrever
criar assunto, voltar pra mim, e, peloamordejah,
parar de chorar com a naturalidade de quem dança a próxima música.

terça-feira, 26 de abril de 2016

tchibum!



Alegria!

De manhã ele chamou

À tarde, na hora que eu amo estar e ser,
Meu corpo foi tocado com expressão, aroma de cuidado

E eu sinto, através dele, o significado da palavra expressa na pele: Alegria!

Desde que nos separamos, eu sigo por obstinação, não por finalidade;
excesso de continuidade, teimosia

Mas hoje pude perceber que acabar antes do tempo
é melhor que ficar lá depois que finda, por acomodação, por conforto,
ou por medo do resto

Há ainda o desejo de honrar a Ancestralidade,
afinco pela Alegria é por mim e por muitas, por todas

Há dias que deito meu corpo em saudade

Há dias que arrumo a mala e viajo,
saudade me chama,
vou

domingo, 17 de abril de 2016

cerimônia


Quando o amor não for suficiente para todas as perdas que teremos,
Dizer adeus e partir.

Só sei disso agora,
que sonhei tantas vezes tantas coisas,
explicações intuitivas sobre como nos comportamos, e porque ser assim

Como não sou de duvidar do amor,
do seu tanto ou da sua cor,
depois ainda só direi adeus quando essa for a única alternativa,
pra salvar a minha vida,
e partir seja o único caminho,
a única direção, como foi.

Quero outras, busco outras

Esses dias olhei a imensidão,
uma árvore me chamou e me convidou a sentar junto dela,
não sozinha.
Nos deu a benção, escutou eu te pedir perdão e ser perdoada,
ouviu dentro do meu coração eu te perdoar.

Em silêncio nos olhamos,
mãos dadas,
mais uma despedida.


A árvore,
minha guardiã,
minha mãe-mulher-companheira ficou lá,
eu prometi que contaria essa história pra ti.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

carta para alice


andava com os olhos salgados.
fechava-os para o todo que tinha às vistas, tantas possibilidades
evitava o toque.
só enxergava o perdido;
o tempo carregara
e ela, agarrando vento, era pretensão e cegueira

hoje de manhã mudou a direção,
enxugou os olhos.
se dá conta da infinidade de formas possíveis para o seu corpo,
sua arte,
sua existência.

* até respirar tem cores! *
Me levou pra passear de ônibus.
Estava mais bonita, assim, disposta a se iluminar de vida.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

paixão


No repuxo das coisas simples,
andar na rua,
molhar as plantas,
deixar de sofrer.

Sinto falta de um cigarro
Embora não saiba nem queira fumar
Sinto falta de querer.
Não sinto falta de saber.

A garganta arranha palavra que não se diz.
E seca, com as outras, desnecessárias.
Inverto desejos - ao menos não sou mais adepta a sacrifícios.

Se fico aqui, amor, é porque ainda não encontrei a saída.
Mas sei que há,
e que vou achá-la.

Busca de coração não é desperdício.


terça-feira, 29 de março de 2016

tenho interesse


Eu ia só tomar uma cerveja, no quarto..
Aí uma dessas gravuras fantasmagóricas que prenunciam o futuro chega até mim
Reverto em uma taça de vinho / no quarto..
E o que trupica mas não cai, sobreveve!
O que bagunça, mas não derruba, tô aqui!
O que derruba, mas tem suporte em outro gole, outra taça, outra boca, outra cor, outro jeito.. termina a noite com gestos infinitos.. não sabemos muito mesmo

É uma alegoria olhar o futuro previsto numa tela
Inacreditável desamor, sendo amor
Não vou..
Pq? - Dor feminista no peito desnudo
Não sei..
Talvez até vá, porque ainda demora, tem tempo, o tempo de depois, vários goles, possibilidades


Mas talvez eu queira ir a outro lugar, sentir outras coisas..
É..

domingo, 20 de março de 2016

sábado, domingo..


me desfaço em terra quando deito na grama
peço ser composto da vida das plantas, das outras coisas
não ser essa bicha apartada do amor do mundo


deito na madrugada de sábado na grama que já estava,
e continuará estando
se fiz diferença nela?
talvez..
(fiz diferença em você?!)

faço apelos românticos no meio da bebedeira
choro no meio da música, na frente do show

volto pra casa
me despeço do mundo
mais uma vez

quase todos os dias partindo e regressando
recomeçando de um lugar que nunca é o mesmo
nessa espiral

peço à terra e ao raul que, agregada a ela e a ele,
me ensinem a ser mais uma das partes
e seguir o instinto

peço um dom
amar por instinto
A-mar

domingo, 6 de março de 2016

por causa dela


Tenho cicatrização lenta.

No corpo, não ligo o quanto vivo, vai passando, vai passar..

Coração é que me desconcerta..

Às vezes, e já depois de anos, ele abre de novo, no mesmo corte

Eu pensei sarada, eu pensei curada, eu pensei cicatrizada.. eu estava errada.

Lá vou eu, resignada e carinhosa, fazer compressa, tomar chá, tentar dançar, pra que ele esqueça o que tanto tempo já fez conta, e sorria, calmo e restabelecido, como a gente se sente logo que passa a dor..



Havia tanto para ser entendido, e eu só estava apaixonada.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Elza, que me canta


Um a um, os príncipes morreram.

E nem eram príncipes, eram só homens.
desde o começo, esse tropeço não dei.



Observo-os caídos no chão, a expressão não me valhe de piedosa

Caminho com meu cheiro e minha nudez entre os corpos,
por tudo que foram,
pelo que não alcançaram ser,
pelo abandono.


hoje meu paladar amoroso diz que os príncipes adubarão o meu jardim.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Flerte

que gosto bom no corpo tem o flerte

Olhar e perceber o olhar vindo também pra cá

Descobrir telefone que já se queria dar

Mandar mensagem,
ouvir a voz,
receber um bilhete que fica grudado ‘displicente’ na porta da geladeira, no quadro de recados, no mural de cortiça

Puxar uma conversa boba.. ganhar um sorriso bobo.. ficar com cara de boba

Sugerir um café,
um cinema,
uma dança,
um passeio..
e que alegria infantil perceber que do outro lado há um sim!

Flertar é começar o desenho,
uns rabiscos de traçado torto e alegre como todo começo que ainda não se sabe, mas se quer

Como tatear espaço de conquista,
cheia de vontade,
porque também há vontade do lugar em pertencer
– meu corpo e o corpo da outra é um lugar só,
um querer que vai e vem,
de mim pra você,
você pra mim

Como beijar o beijo que não era disputa, mas desejo;
e sentir no impulso todo o futuro que não se sabe nem se quer saber.

O tempero que cheira antes da comida à mesa;
a primeira bebida que já tonta, pelo frescor da imaginação que insinua.

O flerte. É como o começo do que vai ser bom..

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

sensações vermelhas



Encontro diariamente outras ruas para andar
E passos diferentes aprendo a dar

Hoje criei conversinha pra mim enquanto caminhava, entre Ondina e Rio Vermelho.
E fui gesticulando, argumentando, sentindo, recordando, refletindo, por fim amando a trajetória

No final da historinha, já quase chegando no Rio Vermelho, decido dizer não.
E fico com o amor.
Parecia contraditório, mas é assim que as coisas são.
Ou que estão em mim, nesse momento.

Fico com o amor das boas lembranças, dos bons dias, do carinho, da confiança, da proteção, do afeto.
Fico com o registro de que amar é bom.

Auto-acompanhamento de vida, esse querer o bom, a boa onda, a boa estação, o bem estar aqui..
.. Às quartas, melhor dia que há para recordar a potência da vida!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

inteira, aos pedaços


Descubro que tenho medo de impulsos
E que tenho medo de tornar-me apática por outras pessoas
Medo de digitar nome inadequado e ser descoberta por mim mesma
Medo de sempre ser luto ou luta
Medo de só pensar, querer e amar o que não há mais.

Cambaleando de pernas quebradas chego na segunda-feira seguinte.
Dirijo em obrigações, atravessando a cidade por ruas que não gosto mais.
Ando por outras, outros sóis queimando, buscando a passos lentos os sentidos que perdi da última vez.
Compro mangas. Prendo o cabelo. Choro no consultório. (choro na antessala também)
Em casa, desfaleço quando entardece. Tomo banho pro corpo esquecer de novo. E queria ter palavras mais suaves que me acolhessem, ao invés de aumentarem a dor dos cortes.

Sou essa fatia. Não é só até domingo. Enquanto estiver aqui, quero estar tentando.



domingo, 14 de fevereiro de 2016

A saudade quebra as pernas no meio da dança

Quem não sente a dor, não sabe

E diz que é uma bebedeira

Ah, se fosse só..

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Toda arrumação se trata de saudade


No carnaval fiz meu próprio cortejo..
andei pela casa,
conversei com as plantas,
tomei cerveja,
vi filmes,
dormi na rede,
madrugada com vinho e reflexões, leitura e escrita..

Certo diz resolvo arrumar a bancada do banheiro..
há milhares de coisas nesse lugar, desde que aportei neste lar,
há exatos 05 anos contados do domingo de carnaval.

Entre tirar a poeira,
separar o que já não serve mais pra minha vida,
enxaguar o pano de volta,
enxugar o rosto e tomar uma taça de vinho..
Tudo que se envolvia ali falava de saudade

Eu gravo palavras pelos cantos,
meu banheiro tem de declaração a desejos..
fui limpando os registros à medida que se superavam – ou que eu desejava que assim fosse – mas eis que há papeis esquecidos sorrateiramente,
e pessoas falam comigo e em mim enquanto eu arrasto a poeira e os objetos

Passo álcool,
aromatizador de 07 ervas,
acendo uma velinha para a boa sorte,
intenciono.


Saudade se cura com paciência.














sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

conta-se



O amor se conta em vários olhares.

Entre um homem e outro homem, o mais lindo olhar de amor que já vi.
Brilho, intensidade, respeito, admiração, afeto, paixão.
Naqueles olhos, que miravam o outro, todo o corpo, várias vidas ali depositadas.
Eu vi..

Tomaram banho e a toalha branca, contrastando com os cabelos negros molhados, era de despedida.
O silêncio revestia a minha observação, e meu olhar eu esperava que não afetasse nada,
o amor era um abrigo assim, de não estar e não ser..


Tantos pedaços se partem em mim enquanto caminho nessa vida.
Sei que há muitos passos, uns alegres, outros perdidamente tristes.
Descubro nessa aventura que foi tão bom que não merece ser lembrado como ruim.

É outro agora o olhar de quem ama.
Mas me abençoo pois já estive lá, deitando corpa naquele encontro,
encontrando o que buscava.

Os pés de novo na estrada,
um banho na cachoeira,
uma vida que se reencontra,
a natureza me explica,
eu saúdo,
e o amor me olha como se quisesse me contar..


domingo, 31 de janeiro de 2016

feita noite


Todos os indícios, todos os canais, não te farei
O que ainda somos nós, o que há nas entrelinhas?

Mais nada, meu amor, mais nada
Entretanto, o que há na pele exala e eu sinto o cheiro,
sinto o cansaço,
e sinto como é difícil nunca despedir-se, o ente querido que não se encontra o corpo, e o ritual se perde na ausência do simbólico.

Queria um adeus nominado,
que se encontrasse,
olho no olho,
com o amor.

Que dissesse ‘não dá mais’, e chorássemos juntas a importância de partir.
Procuro isso nas cartas, no trajeto até o ônibus, na viagem de férias.. não há
A loucura da vida é não saber no que vai dar


Boa noite, meu amor (ainda que seja tão longe)

sábado, 30 de janeiro de 2016

feita tarô..


Hoje o dia floresceu
Eu floresci
No tempo e universo das minhas próprias revelações,
um sussurro positivo da Imperatriz
Ao tocar em amor, eis que é uma Mulher quem anuncia as boas novas
Um amor feminino, criativo, cuidadoso, afetuoso

Se meu corpo tem as marcas que escolhi e outras de lembranças,
elas contam a minha história, repasso-as e no passo reconheço as trilhas
Andei para chegar onde estou
Enfeito a minha lua, desarrumo velhas ideias
e recolho-me em alegria pois já lá vem, de a-braços com A eremita, o amor!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

por vozes internas

O menino mais lindo para quem abro minha casa e meu coração hoje me visitou.
Se mais perto, seria uma paixão.
Se mais longe, saudade.
Do nosso jeito, amor - em mim.

Oscilamos o que somos, entre uma e outra.
Eu escuto, e com voz escondida em minha história atual, falo.
Falo muito pro que as cordas estão disponíveis, falo muito também pra quem sou.
Mas não esvazio, como acontece às vezes. Me repreencho com a presença, com o silêncio, ar compartilhado, chá & café.
Ele também fala. Mas eu acho que não sei nada daquilo; presto atenção com amor, mas a viagem parece ser escutar outras linguagens.
Talvez os cachos do cabelo, ou os olhos quando desiste dos óculos.
O passo, o sorriso.
A voz quando embirra nas dificuldades com a 'classe média'.

Somos uma esperança nova, mas ele não sabe.
Renovamos a carcaça do mundo com o nosso amor, mas ele galhofa.

- Volta, esqueci do abraço na saída. E de uma foto nossa.
Fica pra nós os 'noves fora' e outros mistérios.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Que bom!

Fico por aqui olhando o tempo.
Manhã à noite, um tempo de escuta.
Se dá vontade – dá pouco – vejo a rua de perto.
Ou a rua de longe, beem longe, como outro continente.


Mas depois de alguns outros tempos olhando entre olhos e águas a dor,
a despedida,
o fim,
o desespero,
o chão tão perto,
o mundo tão longe,
as noites tão longas.. hoje chegou e eu fico de pé.


Fico de pé e alongando a alma avisto que não há planos.
Não há projetos.
Não há lista, ou promessa.
Andando pelo tempo quente,
aqui e ali suando um corpo potente e ainda empírico,
vou colhendo percepções para sonhos e viagens a outros tempos.



Tenho tempo para amar de novo.