domingo, 28 de novembro de 2010

O que chama Maria

para pertencer ao sorriso dos teus olhos, Maria foi de poesia em poesia; uma fuga para lugar desconhecido, fora de si. Uma louca ousadia encontrou no meio da trilha: paixão tem nome de gente quando quer nos seduzir.

Maria fez colchas de memória das conversas que tiveram com chá, poucos passos, um querer prolongado. Fez fronhas daquela distância, com recheio das frases ditas aos corredores, escondidas na linguagem dos signos deles. Fez lençóis costurando seu desejo, arrematando o ponto com a violência daquela vontade.

Quem levou Maria pro sol, pr'além da última linha, limítrofe, da zona de conforto, ensinou-lhe a beijar e assanhou suas costas com a calma das mãos. Depois lhe trouxe de volta pra sombra, mas com brisa e sem medo. Cuida da sua pele com beijos e ela cuida dos beijos dele com a firmeza e premência do que nela mais ama.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ANO NOVO

CONSTRUINDO..


e REFORMANDO..


.. O MEU QUERER NO MUNDO!

E pra desejar:
Ano que vem vou à Paris!
Vou deitar numa rede na varanda do meu quarto
Vou escrever + e + e +
Vou pros-seguir o mapa do tesouro astrológico do meu céu (seja o seu céu!)
Vou tomar vinho com os amigos queridos no quintal de casa
Vou encher as paredes de quadros e cores!
Vou tomar um café com Nando Reis e dar um beijo nele!!!
e um tanto muito assim de etcs.. que couberem em cada dia desse ano chegante!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

dezenove vezes amor


Sempre que ela viaja, eu arrumo as malas e volto pra dentro de mim.
Pergunto a várias pessoas se é possível me mudar levando o mínimo de uma casa de tralhas que tenho. Uns dizem que sim; outros, que não vivem sem seus livros. Quero deixar o passado na casa que deixei pra trás - ainda que passado seja o maior compartimento da bagagem de viagens com despedidas - as paredes com cores escolhidas por ele; as luzes faltando porque está acabando o amor. O prazo de validade do amor que começou na cama de solteiro, no filme de Almodóvar, nas cartas e desenhos com caneta bic.

Sempre que ela volta, meu coração volta a bater com possibilidades de um coração cantante. Ela ainda não voltou.
Escuto música no rádio, por enquanto.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

abstrações aleatórias reunidas numa tarde só.. e, enquanto isso, todas fazem tanto sentido para mim



o dom de perder. onde?
você volta, ele ainda está lá.
você procura, e não precisa mais encontrar

eu já perdi, mas cada um ama de uma forma.
a felicidade está em amar a vida - ele disse..
mas a gente se distrai na vida com outras coisas, enquanto os astros passeiam por nosso céu.

tenho vontade de pessoas, certas pessoas, mas não sei como alcançá-las. Não sei como aportar a minha vontade no colo delas.

e num dia repleto de desencontros, encontrar - ainda que na memória - um sorriso tão doce e menino é pra esquecer-se na lembrança, desembaraçar os medos das agonias e jogar tudo fora!

sábado, 13 de novembro de 2010

nem parece recreio

no meu coração fiz um lar
o meu coração é o teu lar

(No recreio, Nando Reis)


antes


durante




antes


durante




antes


durante




antes


durante

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para Lilly, do Blog da Reforma

Em reforma, meu fôlego para repensar a vida sem apostila. Tantas lições, e eu querendo não ter tempo para todas. Num dos sonhos, o piso da casa já estava assentado; nem era o que eu mais gostava, mas eu ficava aliviada por ele já estar lá, mesmo tendo sido escolhido por outra pessoa.

Em reforma, tudo precisa sair de mim para acontecer. A grana, a palavra final, o tipo, a cor. Sai do meu coração, mas ele procura pernas, cérebro, barriga. Meu coração tá pensando tudo e eu custo a entender.

Em reforma, meu estado civil, meu estado de espírito, minha conta bancária, meu endereço para contas e cartas e para a rede que eu sonho armar. Descascando paredes e sentimentos; pra trocar piso, coragem de mudar. Pontos de luz, sem sofisticação, mas espalhadas por todos os espaços da casa e beiradas da minh'alma.

Em reforma, a minha concepção de vida adulta, sempre tão despojada e aleatória. Vivendo ao vento das notícias, sem ouvir noticiários, acostumada com o pequeno sofrimento diário, no formato alheio, com preguiça de construir o meu.

Em reforma, me sinto às vezes muito só. Meu raciocínio militar me consola, sugerindo tratar-se de um treinamento para futuro possível. Sou muito tola para pedir amparo, é um móvel pesado de tirar do lugar. Também nem sempre consigo perceber quando é necessária a solidão, quando é desperdício. Na dúvida, inadvertidamente, fico só.

Pra mudar, não sei como ainda. Como saber que as paredes serão pintadas, mas ainda indefinidas as cores. Passa por uma nova conformação dessa minha vida adulta. Aprender a distinguir as cores. Fazer do passo a passo um vir a ser próximo. Bem ali. Na esquina.
Ou melhor, na subida, Rio Vermelho.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Envelhecemos



Nunca pensei ter mais de 20 anos, e cá estou chegando aos 42. A idade
em que pra mim minha mãe era uma velha e eu me rebelava contra o seu
modelo. Não esqueci, insistente memória.

Fiz muito até os 22 anos, numa intensidade vexatória, e daí,
gradativamente, fui engarrafando liberdade, delimitando amor,
subnutrindo desejo.

Minha mãe prosseguiu até inacreditáveis 69 anos. Eu me afastei dela
cedo pra entender a minha vida. Ela morreu, eu desentendi tudo.
E agora tento me reinventar. Invenção de um movimento. Uma nova
assinatura, um novo parentesco.
Estou saindo de casa de novo. De novo, por volta dos 20 anos de
permanência. Dessa vez, preparo uma casa e não pareço estar fugindo
com a vida na mala, correndo do sofrimento.

Lembro da bravura e da leveza, mesmo para gestos mais impetuosos.
Lembro da objetividade usando o mesmo corpo dos sentimentos intensos.
Lembro das minhas próprias normas de conquista e de fazer uso do meu
corpo e da sedução sempre que tinha vontade.

Não era, essa SOU eu!