Sempre que ela viaja, eu arrumo as malas e volto pra dentro de mim.
Pergunto a várias pessoas se é possível me mudar levando o mínimo de uma casa de tralhas que tenho. Uns dizem que sim; outros, que não vivem sem seus livros. Quero deixar o passado na casa que deixei pra trás - ainda que passado seja o maior compartimento da bagagem de viagens com despedidas - as paredes com cores escolhidas por ele; as luzes faltando porque está acabando o amor. O prazo de validade do amor que começou na cama de solteiro, no filme de Almodóvar, nas cartas e desenhos com caneta bic.
Sempre que ela volta, meu coração volta a bater com possibilidades de um coração cantante. Ela ainda não voltou.
Escuto música no rádio, por enquanto.
