domingo, 28 de junho de 2015

reconsiderações


Eu leio, eu bebo / Não fumo nem toco violão / Eu esqueço eu lembro / Sonho, às vezes / E gosto mais de ficar sozinha / Mas sei que também preciso das presenças / Sei que preciso de outros ares, e cores, e cheiros / mas não tenho ainda a proporção / Viajo pra saber onde estou / Termino ficando comigo, o término diz da outra, não de mim / Eram espaços que eu pensava a 2, mudar o pensamento é resiliência

sexta-feira, 19 de junho de 2015

por um bar



Desde janeiro que vivo poucos períodos na rotina. Férias (com viagens), panes no prédio do trabalho, pane na saúde do meu corpo, paralisações, greve. Todas palavras muito emblemáticas (tenho lido uma palavra, uma emoção, até um tempo em várias linguagens, idiomas sentidos)

Meu trabalho, por ser eminentemente burocrático, é quem delimita a minha rotina; as horas que suspendo minha vida criativa pra digitar a realidade – ou a fantasia – das outras pessoas. Pois retorno num dia e, passados poucos, quando já estou prestes a sufocar dentro do espanto repetitivo.. algo acontece!

2015 é uma incógnita para mim. Digo, na minha vida. Tremo, respingo, me molho, salto, me queimo, me restabeleço. Encaminho projetos, coisas miúdas que viram cernes no meu planeta. (tenho vontade de acompanhar 1 dia na vida dxs amigxs pra entender como coisas importantes acontecem, como se processa a rotina das pessoas que realmente fazem coisas que importam.)

2015, talvez o ano das miudezas. E do: “não sei ao certo”.. Me sinto meio suspensa no tempo, sem coisas a oferecer ao mundo. Me sinto meio como o vento, passando.. Nada marcado, nada elaborado, nada concretizando-se, um vento mudando as coisas de lugar, sem arrumar o lugar novo delas.
Me sinto – às vezes, somente.. como hoje – que certa saudade, certa memória, certa lembrança demoram muito a passar e eu aqui, à espera de um novo sorriso.

Das coisas que me preenchem, a cena de um filme, um sonho que tive, outro filme. Fragmentos de histórias que nem são a minha, mas que fazem parte de mim agora.
- Conte o filme!
Se contar, talvez nem entre a tal cena.. porque foi um olhar, uma mão que tocou sutilmente na outra, algo em mim que acionou. Sei quando algo me toca quando levo pra dormir comigo, rs.. deito e trago aquele gesto, aquela lembrança de volta, e volto a ficar feliz e com esperança, volto a sorrir. É uma solidão desconcertante essa que vivo; quando percebo – ainda que em ficção – que mais pessoas conseguem viver assim, fico um pouco mais calma, talvez minha tribo até exista..

No sonho chegam tantos símbolos que demoro pra sair dele depois que acordo. Uma cria que pari sozinha, mesmo estando com a casa cheia, e ela chega sorrindo, batendo palmas. Traz o passado em um chamado, e o medo do futuro em uma característica. E eu, ciente por alguns minutos da minha força, da minha capacidade. Me aconchego em mim, faço uma dança em círculos de “oito” com o corpo, ciente da dor, em equilíbrio com ela. Não chamo por ninguém, não peço ajuda (sinto que não preciso, que já tenho tudo). É uma solidão potente essa que vivo!

Diga o que quer!
Exito..
Acho abusado ter certeza dessas coisas. Meus sonhos são aquarelas. Meus desejos também. Sei o que quero em instantes rápidos, diluídos em cores lindas e suaves, que não me dão tempo de agarrar-me a eles. No resto do tempo, esses tantos detalhes virão em confusão, apertados entre as dúvidas, os medos, os traumas. Sei que apaixonada sou mais feliz. Mas isso é como uma multidão de possibilidades voando no alto da minha janela, não agarro ‘estar apaixonada’ com as mãos, com a boca. E ainda há aqueles dias que fecho violentamente a janela, para que nada passe, para que nada chegue.

Como abraçar todo o amor que sinto-me. 2015 me espanta em generalizações. Essa diversidade esquisita que sou me coloca no fim da fila todos os dias, da fila que nem quis entrar. No resumo: não tenho currículo, nem papo bom, nem boa postura.

2015. Se achar um bar pra chamar de meu, será um bom ano!

domingo, 14 de junho de 2015

a linda imagem da mulher fotografando na praia



A preguiça que chega das palavras sobrepostas nas bocas

Tudo parece tão diferente quando não somos nós xs amantes.

- Um dia brinquei de luademel pelas ruas, foi divertido e amoroso.. mas não acho que perturbávamos os passantes enquanto nos amávamos nas mesas dos bares escolhidos.. só não acho, não sei. -

Tudo tão banal quando não nos espreita o amor. Sem o toque nas sobrancelhas, sem o que está por ser dito, sem o mistério do vir a ser.

O amor é uma droga.

A abstinência saudável aguarda uma nova descoberta. Que, para essa, ainda não haja obstáculo, ainda não se saiba a verdade. Porque a paixão encomenda a mentira alvissareira do novo dia, novo mundo. E com ela se esquece todo o dano, todo o prejuízo do que fez muito bem, mas quase te matou.

domingo, 7 de junho de 2015

os destinos


Todo esse linguajar, quando a língua anda na saliva
Toda essa palavra pra esse absurdo que é a vida fora de quem se ama
Toda essa alienação exigida pelo mundo social, antigos traumas, histórias de vida.

E no meio dessa confusão, deixa-se para o sempre O AMOR; queixa-se para o nunca O AMOR
Aquilo a que somos destinados, o que viemos fazer por aqui..
perde-se o amor de vista e alma para que a vida prossiga trilhando as tentativas

Não há explicação para o que é nosso e essa história carrega pra longe.
Eu sei cada pedaço de sono,
cada espaço ocupado,
cada cacho,
cada sorriso,
cada falta,
cada esquecimento exercitado.


Sei também daquilo que sou forjada, minha força e minha temperança.
E um dia, por supuesto, descubro a trama desse específico bordado ao qual fui destinada.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Andarilho - ou.. uma das pessoas que olhar o mundo de fora me mostra - ou.. uma das coisas que o Vini me ensina quando conversamos



E lá vinha ele, pulando aos círculos, sorrindo e acenando pra quem o olhasse, de pássaro a menina, até me encontrar.
Tinha um sorriso vestido pelo mar que ele não cansava de olhar. Conversava com as ondas; discutia, quando discordava da sugestão delas.
Era incisivo, vibrante.
Alterava-se por qualquer mudança no ambiente, mas acalmava-se fácil também, no meio do silêncio ou na maior confusão.
Falava com todxs, até com xs invisíveis para esse mundo.
Não discriminava, por tanto que era discriminado.


Hoje sentei, esperei, mas ele não chegou. Vi de longe, o passo acelerado, indo pro outro lado.
Não pula mais círculos, foi ter com outros bichos.
Seu mundo é a natureza.