sexta-feira, 19 de junho de 2015

por um bar



Desde janeiro que vivo poucos períodos na rotina. Férias (com viagens), panes no prédio do trabalho, pane na saúde do meu corpo, paralisações, greve. Todas palavras muito emblemáticas (tenho lido uma palavra, uma emoção, até um tempo em várias linguagens, idiomas sentidos)

Meu trabalho, por ser eminentemente burocrático, é quem delimita a minha rotina; as horas que suspendo minha vida criativa pra digitar a realidade – ou a fantasia – das outras pessoas. Pois retorno num dia e, passados poucos, quando já estou prestes a sufocar dentro do espanto repetitivo.. algo acontece!

2015 é uma incógnita para mim. Digo, na minha vida. Tremo, respingo, me molho, salto, me queimo, me restabeleço. Encaminho projetos, coisas miúdas que viram cernes no meu planeta. (tenho vontade de acompanhar 1 dia na vida dxs amigxs pra entender como coisas importantes acontecem, como se processa a rotina das pessoas que realmente fazem coisas que importam.)

2015, talvez o ano das miudezas. E do: “não sei ao certo”.. Me sinto meio suspensa no tempo, sem coisas a oferecer ao mundo. Me sinto meio como o vento, passando.. Nada marcado, nada elaborado, nada concretizando-se, um vento mudando as coisas de lugar, sem arrumar o lugar novo delas.
Me sinto – às vezes, somente.. como hoje – que certa saudade, certa memória, certa lembrança demoram muito a passar e eu aqui, à espera de um novo sorriso.

Das coisas que me preenchem, a cena de um filme, um sonho que tive, outro filme. Fragmentos de histórias que nem são a minha, mas que fazem parte de mim agora.
- Conte o filme!
Se contar, talvez nem entre a tal cena.. porque foi um olhar, uma mão que tocou sutilmente na outra, algo em mim que acionou. Sei quando algo me toca quando levo pra dormir comigo, rs.. deito e trago aquele gesto, aquela lembrança de volta, e volto a ficar feliz e com esperança, volto a sorrir. É uma solidão desconcertante essa que vivo; quando percebo – ainda que em ficção – que mais pessoas conseguem viver assim, fico um pouco mais calma, talvez minha tribo até exista..

No sonho chegam tantos símbolos que demoro pra sair dele depois que acordo. Uma cria que pari sozinha, mesmo estando com a casa cheia, e ela chega sorrindo, batendo palmas. Traz o passado em um chamado, e o medo do futuro em uma característica. E eu, ciente por alguns minutos da minha força, da minha capacidade. Me aconchego em mim, faço uma dança em círculos de “oito” com o corpo, ciente da dor, em equilíbrio com ela. Não chamo por ninguém, não peço ajuda (sinto que não preciso, que já tenho tudo). É uma solidão potente essa que vivo!

Diga o que quer!
Exito..
Acho abusado ter certeza dessas coisas. Meus sonhos são aquarelas. Meus desejos também. Sei o que quero em instantes rápidos, diluídos em cores lindas e suaves, que não me dão tempo de agarrar-me a eles. No resto do tempo, esses tantos detalhes virão em confusão, apertados entre as dúvidas, os medos, os traumas. Sei que apaixonada sou mais feliz. Mas isso é como uma multidão de possibilidades voando no alto da minha janela, não agarro ‘estar apaixonada’ com as mãos, com a boca. E ainda há aqueles dias que fecho violentamente a janela, para que nada passe, para que nada chegue.

Como abraçar todo o amor que sinto-me. 2015 me espanta em generalizações. Essa diversidade esquisita que sou me coloca no fim da fila todos os dias, da fila que nem quis entrar. No resumo: não tenho currículo, nem papo bom, nem boa postura.

2015. Se achar um bar pra chamar de meu, será um bom ano!

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