quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

não há curvas na distância


Caímos do galho da poesia.
Caímos do ônibus em movimento.
Caímos do meio do caminho.
E assim o meio vira fim.
Caímos e nos machucamos, sangue na calçada e nas cortinas.
Lágrimas.
Arranhados, cortados, o tratamento é a distância.
Não sei se algum dia nos saramos ou se vamos viver a nos tratar.
Nossa dose virou veneno, e, por decidirmos viver, bem de longe é que precisamos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o susto alheio

não é assustador que não se tenha forças
assusta-me talvez não poder cair,
essa reserva desmedida e solitária de não fraquejar
voltar-se tanto para a proteção que perde-se o maior dom, ser humano
despencar, romper, cair, chorar no meio da rua concreta do mundo concreto

por telefone, umas 4 palavras se desviavam das lágrimas no supermercado.. não sei cair!
e imaginar que não se imagina ajuda, em nenhum poste, ponte ou superfície
entreguei tudo para que não esqueça de nada que pra mim tem valor
sou feita de superficialidades
tenho mania de outro
mas estrago tudo quando só sei ficar só

com ou sem dor,
suor,
ou cavalheirismo
sou a dama perdida dentro do carro,
propositalmente esqueci-me lá..
deixa queimar que depois lá depois consiga voltar

por hoje mais nada,
amanhã volto a tentar

sábado, 16 de fevereiro de 2013

gira a roda, outra volta na espiral


Você dorme sorrindo e com a mão na xibica, como quando era a bebê de cabelinhos pretos e parecia sonolenta de felicidade. Era uma tranqüilidade te ver dormindo após a água e o peito, no berço ou na rede do quarto-e-sala.

Hoje, baianas e tocadores sambam nas tuas cores e costas. Os cabelos já contam muitas outras histórias, de trilhas diversas, tantas paragens que essa imaginação geminiana contém.
Você, ar de todas as estações, busca e solução de tantas indecisões, num corpo preciso de faca amolada. Minha fé cega, minha filha agora, resgate, desejo e promessa de muitos re-encontros.

Dorme do meu lado como se voltasse pra mim. Sonha com o útero mas na verdade a mãe é Pacha, é Terra. Retornamos para nós não por palavras, sim que pela invisibilidade de um fio amoroso, que se mostra a mim no silêncio desse sono.

Sou a mulher de letras que não sabe falar. Te abençôo de lado a lado pela força que me confere o amor que sinto por ti. Te peço desculpas pelos conselhos e orientações que não soube dar, e nesses mesmos e outros momentos de omissão meditava pelo teu acerto e aprendizagem. Sou a mulher que abriu as pernas com todo o corpo para que tu chegasses desta vez. Te peço que quando precisares de palavras minhas e eu não souber dá-las, ou ações óbvias que eu não consiga praticar, que feches os olhos e medites, caminhando ao encontro das tuas verdades.

De certeza, só o amor. O restante, a aprender, flutua num barquinho em água doce, salgada, forte e branda, respeita o fogo e o sol, ancora em pedra e chão, e por sempre, tem o vento como seu princípio e – quem sabe – destino.


Para hoje, de tempos remotos,
e para sempre,
te amo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

fiapos


Chama-se volta.
Mas sou eu igual, a mesma pedra, em outro chão.
O mesmo rasgo de lua, vista de outro-mesmo céu.
Habito-me, desloco-me.
Reúno-me, distribuo-me.
Faço contas e poesia.
Aqui e lá.
Selvagem sagitário, suave arqueiro.
Ele-ela.. eu





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

no rumo da trilha: caponeando


O tempo derrama-se em tempo, quando a letra só nos lembra outras coisas.
Vamos zerando passados, acalentando a alegria do que virá, novos tempos sem precisão de cronômetros.
Traçamos essa trilha com amor!

Faço uma verde passagem de olho, outros olhares que são de mim, especialmente. Os espíritos mais fortes da natureza, guiança de ar, água, terra e fogo, me pedem o sono para que possam me tratar. Aos poucos, bem aos pouquinhos e em alternância com o ego, volto à minha essência elementar, ser pedra, água forte, água fria, o agora, e ser quente, sol-fogo, e ser voo, borboleta-liberdade-aire.

Adormecida, eles me curam. Fazem a feira pra mim, me cuidam e me protegem. Todos os meus precisares acolhidos como deles são, sem sobrecarga ou desgaste nas bordas e sentimentos. Pedra me cuida, água me cuida, galho me cuida, vento me cuida, chão me cuida, sol me cuida. Uma energia única e amorosa que me tira do centro e me coloca do lado, no abraço que só quer ser esquecido ali. Minha atenção é ser parte esquecida no amor da (minha) natureza.

Um arco-íris ao me olhar, é o que toda essa luz me dá. Cores de aquarela onde tudo é força.
Namastê.

(com Dri e Anita, uma e muitas histórias d'amour)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

noticiário

um tapa, um beijo
um belo casal

mordemos, soluços
uma noite de amor

uma casa, um casulo
foi-se em 24h a borboleta

coceira, paixão
em virtude de problemas emocionais, saímos do ar

domingo, 3 de fevereiro de 2013

depois de 02 de fevereiro

Qual o reflexo da minha vida na vida das outras pessoas?

Vivo nessa repulsa e exercício de atração, amor demais e não saber amar. Uma história que daqui a 50 anos saberei contar. Por enquanto, rasgo páginas, estrago canetas, e brinco quando sou feliz. Não é todo os dias, não é sereno como eu acredito que possa ser. Liberar todo o amor para que ele possa ser. Estar no mundo só. Nenhuma culpa, nenhuma desculpa. Minha essência é solidão.

Abraço em capacidade imensa, mas depois preciso com determinada urgência separar-me do todo, ser-me sozinha, deixar partir o que é pleno pelo espaço do tempo que ainda temos. Quero aprender a desfazer com o mesmo prazer que faço. Ter música para todas as estações e canções que me afaguem na despedida. Despedir-se ser como amanhecer, despertar. Deixar ir ter o mesmo impulso vital e naturalidade de deixar vir.

O eterno que me habita é cálido, não confuso. Bebo na fonte dessa cor flamejante, e, por fora, conflituo as outras necessidades. Não preciso dessas. Saberei ser só, c'est tout.