sábado, 16 de fevereiro de 2013

gira a roda, outra volta na espiral


Você dorme sorrindo e com a mão na xibica, como quando era a bebê de cabelinhos pretos e parecia sonolenta de felicidade. Era uma tranqüilidade te ver dormindo após a água e o peito, no berço ou na rede do quarto-e-sala.

Hoje, baianas e tocadores sambam nas tuas cores e costas. Os cabelos já contam muitas outras histórias, de trilhas diversas, tantas paragens que essa imaginação geminiana contém.
Você, ar de todas as estações, busca e solução de tantas indecisões, num corpo preciso de faca amolada. Minha fé cega, minha filha agora, resgate, desejo e promessa de muitos re-encontros.

Dorme do meu lado como se voltasse pra mim. Sonha com o útero mas na verdade a mãe é Pacha, é Terra. Retornamos para nós não por palavras, sim que pela invisibilidade de um fio amoroso, que se mostra a mim no silêncio desse sono.

Sou a mulher de letras que não sabe falar. Te abençôo de lado a lado pela força que me confere o amor que sinto por ti. Te peço desculpas pelos conselhos e orientações que não soube dar, e nesses mesmos e outros momentos de omissão meditava pelo teu acerto e aprendizagem. Sou a mulher que abriu as pernas com todo o corpo para que tu chegasses desta vez. Te peço que quando precisares de palavras minhas e eu não souber dá-las, ou ações óbvias que eu não consiga praticar, que feches os olhos e medites, caminhando ao encontro das tuas verdades.

De certeza, só o amor. O restante, a aprender, flutua num barquinho em água doce, salgada, forte e branda, respeita o fogo e o sol, ancora em pedra e chão, e por sempre, tem o vento como seu princípio e – quem sabe – destino.


Para hoje, de tempos remotos,
e para sempre,
te amo.

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