quinta-feira, 25 de setembro de 2014

poema de fim


às quartas eu visto vermelho
às quartas se ama
às quartas se derrama
às quartas se vai ao cinema
às quartas se perambula pelas ruas do centro da cidade
às quartas se toma café
às quartas se passeia pela Barra
às quartas se sonha
às quartas se foge do que eram as quartas
às quartas se dorme fora de casa
às quartas se devolve ao mundo todo o amor
às quartas se acham-se em outras camas
às quartas se apaixonam-se
às quartas se lava a roupa, lava a alma, lava a vida

as quartas não têm passado
as quartas não têm futuro

às quartas, tão sem rumo
sem paradeiro
sem saber porque outro e não eu - mesmo que em algum lugar eu saiba
os gritos que gememos dentro do corpo vazio
precisam nos ensinar outro caminho, tão bom e bonito como os de quarta

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

"Assinado Eu" (Tiê)


na sexta estava no trabalho, fones no ouvido, escuto-me cantando..
digo, não eu, mas o que eu estava pensando, o que eu queria dizer, cantar, escrever, falar
uma poesia que pede perdão

hoje é segunda e eu passei os festejos primaveris do Rio Vermelho cantando assim..
parece que demoro no mesmo lugar, não parece, demoro mesmo..
por isso advogo vida longa, porque meus 'processos' são longos e demorados, e ainda há muitos por viver
ainda quero me apaixonar às vezes
deixar a "fortaleza" cantarolando
escrever poesia de novo
bordar lencinhos
pintar sem saber
ser espontaneamente ridícula e solidária aos ridículos que não vivem sem amar

tá no "repeat"
mas um dia passa!


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

uns tantos


Um - silêncio parcial que me conto em segredo
No dois, finco na Fortaleza, até me fortalecer e não precisar mais

Minha amiga fala que eu estou aprendendo
E eu choro, pra aprender, por aprender
Que não falta nada
Nem excede
Que o amor seguirá aromatizando os espaços
Ventilando as cortinas,
mesmo que ainda não seja de outrx

A solidão que me jogaram tal pedra
Não doi quando chega em mim
E quando mergulhei naquelas tantas águas frias e doces
- ana -
Era em mim que eu afundava
Enxergava coisas do dentro,
Objetos, sonhos, ideias

Fiz um poema só de intenções
Nenhuma palavra coube

Estar em paz é: sinto muito, me perdoa, te amo, sou grata
Aprendo com as minhas meninas

(foto da ana lucena)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

d'água


Há dia, momento, piscar,
que a água dentro da gente se acalma.
Com todo o cuidado e o zelo
que há de se ter com a alma e o coração,
com as águas salgadas e doces,
com a lama e o princípio,
acontece um tempo que podemos descansar um pouco à beira.


sábado, 6 de setembro de 2014

memória do fogo


Por acreditar na capacidade que tens de amar
e na capacidade que o amor tem de ser,
que perdoo.
Em mim, perdoar não vem sem contexto.
Não é ato natural de coração bom. Perdoar é pra seguir em paz.

Chega às vezes a ser inacreditável certos rumos,
quantos estreitos escuros me aparecem sem que eu saiba correr pra longe.
Ou porque não posso,
negar-me alguns lugares impede conhecer a força da minha natureza.

Sei que o amor pode degenerar nele mesmo,
feroz em raiva,
voraz em vingança,
morto de desespero,
uivando de dor.

Há vários.
Sinto saudade do que era doce, talvez porque prefira os sabores de sal (saudade do que eu não sabia ser)
Saudade da poesia, porque acho que é o melhor jeito de dizer as palavras.

Pela vontade de seguir e amar, banhos e oferendas.
Reconstrução da minha chama.
Pode ser labareda ou lamento.
Vai queimando, destruindo, lacerando a carne.
Depois - num tempo longe de contagem - recomeça.
Estou aqui

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

borda-do



Na casa vazia
Tudo acontecia
Eu bordava
Você sorria