quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Entendendo




Conheci uma pessoa que mora sozinha. Que tem a minha idade, que já foi razoavelmente minha um dia, até que partimos um do outro.

Conversando com ele, umas 5 horas e 12 chopps mais ou menos, fui ficando mais calma e mais possível da minha vida. Ele vive só e quer continuar assim. Eu tenho medo da solidão por ser algo novo, nunca vivi assim. Solidão da porta pra dentro, gente da banda de fora. Assim fui eu todo esse tempo.

Então ele me acalmou sem me dizer diretamente uma só palavra. Exatamente como quando era a parte mais importante do mundo para mim.

Eu falei pra ele que nunca vou saber como é viver sem me preocupar com alguém. (será que quis dizer que nunca mais poderei ser livre?!) Se pudesse, diria que preciso dele pra me estabelecer novamente, nesse novo meu mundo. Preciso do seu olhar, da sua consultoria, do seu sorriso, do seu silêncio.
De férias, depois de dias de relativo conforto comigo mesma, outros dias de tremenda culpa e espiação, foi com ele, numa única noite, que eu tive noções de esperança para 2010. Não tive conselhos, não tive conforto, apenas olhei pra ele e o olhar retornou pra mim.

Sei que 2010 será árduo e longo. Não estou exultante, não estou animada. Estou com medo. Ambiciosamente, pensava que o alívio por sair de uma situação que tanta insatisfação me causava seria instântaneo como os miojos que comia ano passado (esse ano vou manter distância deles, tô barriguda demais!) Mas a primeira camada a descolar foi de culpa e medo. E é ainda ela que tô descascando. Tenho que fazer isso sem fragilizar demais. Sem desesperar. Estou sofrendo não porque mereço, mas porque é parte do meu processo. Depois dessa parte, vai vir outra parte, que eu não sei ainda qualé, só consigo por enquanto ver essa.

Sei que ficarei sozinha e isso não é castigo. É uma necessidade, num determinado momento. Em parte porque sou orgulhosa e não procuro ajuda. Em parte porque não consigo tão bem confiar nas pessoas. Só sou fácil pra quem me apaixono, mas ainda assim saio correndo com medo de ser descoberta. Em parte(3) porque talvez seja mesmo necessário não mascarar a dor com a animação alheia. Não por abandono ou por culpa, ficar sozinha como parte do movimento.

Tendência a achar que tudo que faço ou penso agora é definitivo. Não é. São movimentos, tentativas, cabeçadas. E o que é possível ser feito, muitas vezes nem o ideal, mas o melhor porque foi feito, foi o emocionalmente viável.

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