domingo, 24 de julho de 2011

O Passeio



Depois de liquidificador, móveis, roupas, panelas,
não me cabe mais desejar de ti um doce.
Chamei hoje de 'caminho viciado', esse espaço que há entre pessoas que compartilharam coisas demais, por tempo demais, mas nem sempre da melhor forma, ou o melhor de si. Então não me pertence hoje o melhor sorriso, o plano de viagem, o convite para o show. Olho pro homem que é você, pros homens que você pode ser, e sorrio com a ironia.

Retomo certas zonas de prazer que antes não tinha ânimo para acessar. Minhas paredes são brancas, mas vou me cobrindo de acessórios coloridos!



Sem recursos para novas panelas, móveis e roupas,
me ofereço o doce mais simples.
Espero do outro porque precisamos do olhar do outro sobre o nosso desejo. Mas hoje é hora de reconhecer meu vazio e meu cheio, minha falta e minha completude, meu cheiro, meu amargo.

Tenho noite e tenho dia. Às vezes dificulto para mim, mas tenho me propiciado bem mais afagos que castigos. Estou arrumando a minha casa para depois sair para passear. Movimento ainda involuntário, tenho preferido as janelas às portas. Talvez anseie por algo que salte, que pule, que venha pelos ares, de outros espaços. Sinto que não vou abrir a porta para que entres, mas que te receberei, de surpresa, pela amplitude de uma janela.

Minha história é uma história de amor. Disso eu sei.

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