segunda-feira, 18 de julho de 2011

furtando verdades



Uma vez derramei nos seus olhos chá de ervas com gotas de amor. Não chorou, pois as tais tão pequeninas águas embelezaram ainda mais o seu olhar.

Despejei, tempos depois, aromas vermelhos no seu corpo nu. Foi o homem mais inundado em perfume que beijei. E tudo cheirava junto: sexo, desejo, carinho, afago, cabelos, língua, passado, hoje e depois.

Nem pensava que esqueceria o tremor da sua língua em mim algum dia. E chegou, esqueci.

Às vezes cometo palavras como se fossem verdades. Às vezes são. Mas não desse mundo. São pedaços recolhidos e esticados, embebidos na textura dos sonhos. Como os mantras, que se rezam para conseguir. Mas também podem ser cartas, sem remetente expresso, passando por mim no raspão, querendo ser verdade mais ali adiante. Às vezes são!

Nesse mundo, preciso escrever para não perder o propósito do chá derramado. Sorver esse amor até a última quentura. Preparar a minha vida para a janela aberta que se delicia ao passar por mim.

2 comentários:

  1. ... agente tem que organizar estes escritos num livro, pro mundo ganhar, ainda mais, um pouco mais de poesia escrita... só que em papel!
    engraçado, tu escreves um monte de coisas lindas e os blogs imagéticos e vazios bombando...

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  2. hehehe.. rindo do teu elogio em forma de esculhambação do alheio.. rs.. bjs, Carolinda!

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