segunda-feira, 19 de setembro de 2011

para silenciar o que ficou triste


É no gosto do amor que a porção maior das minhas ideias se cozinham. Vira o acompanhante mais cheiroso e florido da minha cerveja, mensagens com pouco espaço, poucas linhas, uma inspiração daquele momento.. como caminhando a pequenos passos, sorrindo o caminho, e ver chegar aonde se quer. E cada gole de cerveja, um pouco de você. Começo só com a saudade, mas a cada quarto de hora vêm chegando teus ingredientes mais essenciais. Teu sorriso, tua boca, tua conversa. E não vêm só, me trazem contigo. Tua tatuagem, tua sobrancelha, tua barriga. Se antes eu falava fiado à mesa, fazendo graça, agora troco lembranças com as nossas idéias, nossos planos de fuga, nossa descoberta - casualidade e intenção no mesmo departamento.

Eu fico lambuzada de sorvete vários tempos após o último, ameixa ou aquele branquinho com pedaços vermelhos, uma estação que eu tento que não me absorva, mas não tento muito a ponto de acreditar. Senão, porque a paixão sempre acompanha o sorriso seguinte, o beijo casual, o olhar mais atraente?! Eu não sei evitar, não sigo o comando que me cochicha a hora de parar.. um passo e estarei entregue à paixão, eu escuto e dou dois, abundante na insensatez tanto quanto nesses sentimentos extraviados.

Procuro quem entenda a minha poesia, ou a escute com paixão.. quem me perceba na multidão, quem sinta os detalhes.. ou então não procuro nada além do que já contenho, só que um outro corpo é a minha palavra exposta, fora do meu silêncio contínuo. Então me apaixono pela incrível existência do outro, pelo seu olhar, seu toque, seu interesse por mim. Convenço-me da sua importância instantânea pelo poder que tem de me fazer sorrir, em qualquer data, qualquer tristeza, qualquer sensação. Eu arrasto uma lembrança melhor que um par de saltos altos.

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