sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

águas de Oxum

Tudo derramado entre lábios que eu nem beijei.
Não sei beijar, não sei afagar, tenho medo de me afogar.

Posso me afogar em ciúme, raiva, desejo, em amor. Qualquer coisa mais bem feita pode me matar. Qualquer inveja que eu sinta, qualquer desprezo.

Me cubro então de palavras. Não como armadura, mais como cobertor. Porque me aquecem e me protegem, afetivamente. Nunca fui boa de guerra. Por não querer disputar, acabou-se o amor. Por não entender de bater, de esfolar ou de expulsar, implodi todo o bem que sentia. Era tanto que saiu correndo pra se espalhar por outras vidas, antes de morrer.
Amo seus frutos, morreu a árvore do pior tipo de jeito: desnutriu-se de amor.
Uma cicatriz gigante coberta de disfarces. Profunda como cada passo que eu dei de Fortaleza até aqui. Quando resolvi ir embora, não soube mais voltar pra lá. Minha cidade era outro mistério.

Parti pra uma areia cíclica que me faz pisar firme, mas também me afunda às vezes. E sopra no meu olho a poeira do que perdi e guarda em seus segredos uma tanta saudade que eu jamais saberei de que é, que dirá curá-la. O amor que ficou cego, envenenado pela indiferença.
Ao menos sei chorar, e isso me tira momentaneamente do círculo dos covardes.

Palavrinhas cobertas, fina camada, leve esmorecer, chantilly, calda de morango, embebidas em vinho, proprícias ao amor,
se nesse (meu) mundo alguém soubesse amar


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