domingo, 13 de dezembro de 2009

Fui de saia



Azul, um pouco acima do joelho, rodada.
Peguei num bazar de troca. Não! Paguei por ela R$7,00, no Bazar das Santíssimas, ano passado. Muito parecida com uma que já tinha, só que mais nova.. hehe.. mais azul também, e com uma pequena etiqueta na barra, com as cores do arco-íris sobrepondo o azul. Experimentei muito empolgada no brechó e fiquei feliz por ter saído de lá com ela. Diria que escolhi por causa da etiquetinha lá no final, sou imperdoável com os detalhes!

Estava nervosa, as pernas batiam um pouco, um nervoso sugerido.
Passei primeiro no shopping, fiz um lanche, desconversei nuns telefonemas. Mandei uma mensagem: - mais 5 minutos esperando aquela ligação que deveria ter acontecido há 5 minutos atrás e eu começaria a comprar descontroladamente (mentira!). Nos falamos.

Além da saia, uma blusa de botões, azul marinho com bolotas brancas, também do brechó, depois soube de quem era, não me lembro dos sapatos. Há quem escolha primeiro os pés e depois o corpo, eu nunca faço isso. E decididamente eu tinha medo da sedução, nada vermelho por perto.

Saí do shopping, não lembro a música. Andava em marchas, mas nunca um carro irá superar a velocidade da minha mente ingênua, transbordando loucuras mansas, e as palavras vão surgindo sem que eu possa firmá-las no papel enquanto dirijo.

No caminho todo, outros carros e corpos e intenções. Meu carro vermelho. Meu corpo mal feito. Minha intenção: cumprir uma estatística, tomar uma cerveja, saber de que é feita a vida real.. quem sabe até ser uma pessoa real!

20 minutos. Não sei, tento lembrar mas não olhei o relógio. Cheguei. Não segui o caminho lógico das pessoas que querem, embora eu também queira. Tenho tantos detalhes que passa um ano e eu continuo catalogando-os, imaginariamente. Abri os botões. Dobrei meticulosamente a saia, ensaiando um cuidado metódico que não tenho. Duas cervejas, ou três, somente um pouco tonta, mas talvez seja de amor. Adoro amor com álcool!

Fui embora. Meu carro vermelho quer ser uma joaninha. Pisquei o farol e voltei ao normal. De lá pra cá, um roteiro que ainda estou escrevendo, por causa dessa minha dificuldade de me desvincular dos pequenos gestos. Cada dia mais que cresço e envelheço, mais retruco as evidências, mais encontro as entrelinhas.

Mas que dia feliz aquele! Não foi de mentira, eu sei, embora eu tenha muita imaginação e não saiba usar a realidade a meu favor. No outro dia, eu era a mesma, e toda diferente. Vesti a mesma roupa, só que diferente. Não virei alguém totalmente de verdade, como eu gostaria mas tive medo, mas ali algo muito bom me tocou e me inspirou a buscar de volta a liberdade de ser feliz.

2 comentários:

  1. Ler vc me lembra Caio Fernando ASbreu ou Clarisse, o que é um luxo íntimo e deleite garantido.
    q perola
    q prazer
    q sorte!

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  2. eu conheço essa busa e adoro a sua fixação por detalhes!

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