sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

de um cheiro, outro jeito de amar o passado


Apagaram.
No carro, gritando. Pedindo socorro ao vidro fechado.
Apagaram.

É de passar o dia. De se perder do tempo.
De lembrar. E de esquecer.
Sonhar com a volta. Sonhar que haverá
Sonhar, e depois fugir.

E antes de fugir, lembrar o cheiro doce da tua boca naquele dia.
Não precisávamos de palavras moles para a nossa tarde, mas não posso falar por você, e pela extrema elegância e carinho com que me tratou, me festejou, e acompanhou o meu movimento – ainda que pensasse em outras posições mais propícias para o encontro!
Não te dei o que querias. E por vezes nos perguntamos o porquê. Você a mim. Eu a mim. De você a você eu não sei. De mim a você, nunca faço.
(Apagaram).
Foi tão bom que eu não gosto de pensar que aquela tarde nos separou depois. Em mim ela juntou à tua beleza a minha admiração. E eu iria lá toda semana, até esgotar essa vontade. Mas tá, eu nunca disse isso, nunca soube te dizer.

- a paixão empobrece minha objetividade.

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