terça-feira, 16 de dezembro de 2014

.. aos pedaços



O tempo gesticula passagens enquanto durmo.
Acordo sem saber o destino.
Sei que entro no sono como numa sala de cuidados, e essa noite – como em outras – pedi para desfocar imagens.

(todo amor é um erro?!)
Ok, não penso em ‘erros’ como meteoros que devem ser desviados da Terra.
Mas que pegamos o parceiro pela mão e partimos errando o caminho, confiantes na descoberta de um mundonovo.
Abrimos ruas novas, passamos por estradas desconhecidas, aquele beco que eu pensei que nunca mais teria coragem de entrar.
Estamos de mãos dadas, há o outro em quem confiar e amar.
A invenção, anseio particular, vai se reconfigurando pela necessidade do outro, dependência do outro, me perco na finalidade do caminho.

Ao longo do tempo, ainda caminho, mas a minha mão perdeu dimensão, tão aninhada esteve na mão dele.
Estou nas reentrâncias do labirinto, me suprindo para conseguir – e querer – levantar e sair.

Há meses, quando vou dormir, peço um colo de mãe para mais uma noite deitada nesse chão rompido, meu chão, minha vida.
Peço que me alimentem de sonhos, que me conectem com os meus elementos, minha força.
Acordo com informações.
Umas anoto.
Umas esqueço, como se o vento da consciência carregasse antes do registro, mais rápido que o meu retorno.
E há as que não há como dizer, sinto pelo corpo, rumores, mudanças.
Não há como me apegar, não há rostos ou estorinha.
Só uma sensação de estar em mim, ter recebido na medida do que posso receber, aquilo que peço..

O resto é aqui fora, é comigo acordada, refazendo a trilha que o amor engoliu.

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