terça-feira, 8 de setembro de 2015
de Salvador a qualquer lugar
Cidade geográfica e amorosa.
Conquista de mapa e sentimento.
Trajetos que são como diários de história de amor.
Lugares que trazem consigo cheiro, tempo e sentido na pele.
Não são lugares neutros. Não somos pessoas neutras. Não há tempo neutro.
Ruas caminhadas em dupla são ruas que contam segredos esquecidos.
A memória que os pés trazem de volta, meses.. anos depois
Penso que não vivo à toa o que vivo e o que já vivi.
Penso que à toa é um tempo também lindo de se viver, na malemolência do amor, aquele que a gente pensa que nunca vai acabar.
Até que nos suspende do mundo.. e acaba!
O mapa (folha de papel) vai pro fogo, símbolo que queima arrastando sentimento.
Trajetos são desviados – depois retomados.
Lugares, evitados – depois retomados.
Ruas.. tantas ruas quanto transeuntes nesse mundo há.
Cidade que retoma sua geografia amorosa. Sou um corpo disposto a andar por aí
sábado, 5 de setembro de 2015
na fogueira
Eu amanheço com o desejo do dia que começa
(- já disse pra não olhar pra esse aparelho que emite imagens retroativas!)
Eu vi.
Eu sou.
Sobrevivo a golpes escrotos, entre a minha imaginação e a realidade dos dias
Fico me perguntado que traçado doido é esse, linha imaginária que dias borda, dias desfaz os enchimentos vermelhos do meu coração
Tudo parece uma grande cura desde então
Quanto então e cura ainda suportarei entre rasgos & remendos?!
Entre o fogo de folhas secas antigas, e o sangue que sai de mim, cavo poesia no túmulo da natureza. Enterro assim as letras modificadas do amor.
Sairá mais sangue, com certeza. Folhas no caminho, talvez. Preciso que continue diferente. Preciso de um mundo novo, redesenhado por mim e a minha fogueira de cinzas, sangue e folhas.
Que algo se processe. Que eu queime junto. Que eu queime sempre.
domingo, 30 de agosto de 2015
peculiaridades do tempo
Passei umas luas fugindo da lua
Com medo do mal que ela me fizesse, do exposto, do sublime precipício do alto
Com medo da sua força, da sua luz, negando assim as minhas.
Agora não fujo mais! Me reconciliei com as minhas luas. Não há só tristeza e silêncio.. há luta, força, coragem, sedução e amor!
A saudade no seu lugar, passado.
Sem tempo para o futuro, e com uma profunda admiração e afeição pelo presente, esse momento.. de olhar a lua e estar-me com ela.
Viva, linda, radiante, cheia e plena.
(Lua Cheia de agosto, sábado, 2015)
Com medo do mal que ela me fizesse, do exposto, do sublime precipício do alto
Com medo da sua força, da sua luz, negando assim as minhas.
Agora não fujo mais! Me reconciliei com as minhas luas. Não há só tristeza e silêncio.. há luta, força, coragem, sedução e amor!
A saudade no seu lugar, passado.
Sem tempo para o futuro, e com uma profunda admiração e afeição pelo presente, esse momento.. de olhar a lua e estar-me com ela.
Viva, linda, radiante, cheia e plena.
(Lua Cheia de agosto, sábado, 2015)
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
eu e o infinito delírio chamado desejo
(piora com o álcool)
agora que não tenho mais pra onde voltar
agora que não há lembranças
agora que não há palavra
piso na rua, e desatordoada, sinto o vazio de não ter nada construído
.. e o alívio de não ter nada construído.
sim, o desejo que me delira ainda infinita-se corpo adentro.
minhas marionetas estão descontroladas
é corda linha pau arame dor sorriso e vontade pra tudo que é lado, cima e baixo.
não, não prendo nem destruo.
a-prendo o doce contorno do meu corpo,
e a dura fatura da separação.
Quero junto, eu e a outra, eu.
agora que não tenho mais pra onde voltar
agora que não há lembranças
agora que não há palavra
piso na rua, e desatordoada, sinto o vazio de não ter nada construído
.. e o alívio de não ter nada construído.
sim, o desejo que me delira ainda infinita-se corpo adentro.
minhas marionetas estão descontroladas
é corda linha pau arame dor sorriso e vontade pra tudo que é lado, cima e baixo.
não, não prendo nem destruo.
a-prendo o doce contorno do meu corpo,
e a dura fatura da separação.
Quero junto, eu e a outra, eu.
domingo, 16 de agosto de 2015
um silêncio
Um tempo mudo, mas presente
No silêncio, o amor se mostra em intenção
Muitxs me querem, cuidam, protegem
Mas tem uma hora que o amor é tão escroto que só tem uma cara
Uma anamnese, uma patologia, um pelo, um gosto, um cheiro, um erro, uma culpa
A gente podia não beber e ter tanta sanidade que nada doesse além dos ossos (que não escutam as explicações racionais e gemem)
E a gente fica pensando que tá velhx e por isso o corpo dói
Mas é um trânsito de interesses.. e o corpo ajuda a alma a dilatar a dor
Saluba Nanã BurukE
sábado, 15 de agosto de 2015
provisões para uma longa viagem
inadaptações:
para as dores que chegam ao meu corpo,
prescrevem-me
expirações longas - os suspiros
e escrever
sigo as recomendações
a consulta são palavras
um abraço no final
um carinho para o corpo cansado
estou a cada passo entre o ar e a letra
sigo!
terça-feira, 11 de agosto de 2015
ventos fortes anunciam: deixar ir é ir-se!
O tempo cai lá fora
Lá.
Venta muito no Rio Vermelho, e eu lembro com reverência da força da Deusa Iansã. Do tudo de vermelho que eu respiro dela, subjetivamente. Dos raios e trovões que ela invoca. Dos ventos.
Digo que tenho medo de vento forte assim. Essa ordem de comando vinda dos céus, quebrando as árvores do meu ancoradouro, destruindo a estabilidade dos espaços. Desafiando, destruindo, derrubando.
De outro modo, daqui do meu castelo prestes a ruir, por um a dois copos a menos de fragilidade e tristeza a poderosa Mulher dança a transformação no meu tablado improvisado: tudo que nasce, morre! Dedicar vida à morte.. ela não dança assim!
Há muito o amor se foi. Eu me perco em passados, odes ao passado. O vento irrita-se com a insistência, deixar partir também é amar.
Uma noite sonhei que, do céu, atravessava-se entre mim e o meu mundo algo de muito forte.. e destruía tudo. Sobravam eu e uma criança. Sem impérios, paredes ou proteções. Eu segurava a criança e, aliviada, saía andando com ela pelo novo mundo, sem o peso do tempo ou das conquistas passadas.
Iansã guie esse desmonte! Estou entregue à sua força (mesmo com medo, rs).
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