segunda-feira, 6 de maio de 2013

não sou caça


(da Ana, da maison)







Comprei uma mesa no bar.

Primeiro eu era muito muito solitária e o isolamento me vestia
Depois comecei a ficar saidinha, saia curta e sorriso besta
Aí saí cantarolando, passeando, me vivendo, me achando
Até o dia em que comprei a mesa que já falei!

Vieram umas pessoas. Amigos. Fiquei de cara em conhecer esse tipo tão especial de gente: os amigos!
Depois, uma vez uma cadeira vazia, outros tipos. Amigos dos amigos que eram amigos também!
Botei toalha de chita colorida, bancos junto às cadeiras. Fui sendo..

Mas fui sendo cada vez mais eu. De outros lugares de mim, mais de mim.
Chinelos, cabelos, olhares. Gosto mais de abraçar os corações.
E chegou a brincadeira da poesia, e do amor que nasce aqui!
Toco então quem quero, pego a mochila e volto pra casa
Às vezes não é pra ser muito, e nem naquela hora.. às vezes é só pra olhar um pouco e ir embora.

Comprei uma mesa no bar.
Mas faz tempo que não vou lá..

segunda-feira, 29 de abril de 2013

memória

certos dias me perco de mim

em certos dias - infelizmente os mesmos - perco o mapa que me leva alegremente até a minha casa

são nesses dias também que perco a vontade
perco a esperança
perco dinheiro
perco o sorriso
perco os fiapos de ligação com outras pessoas

então peço: não se aproxima, chave
às vezes não peço, sem força, e acabo machucando
ferindo
maltratando
marcando com dor desnecessário cabimento

tudo no outro, assim em mim

me deito e me destruo
nesse apelo largo de adormecer para o outro dia acordar em mim
sem analgésico, durmo pra me esquecer
pra essa dor perdida achar outro rumo e me deixar
pra que não doa, durmo

hoje acordei e ainda era hoje
puxa!


domingo, 28 de abril de 2013

para dançar, chuva!

e toda vez que chove,
me removo de onde estou (esmalte de unha)
e começo tudo de novo

água, água, água

mas outra,


molhada por novas ideias
outros espantos
novas esperanças

quero molhar a foto
a casa
e a casca do corpo que habito

quero entender,
- e o amor me diz que primordial é vivenciar
é!

e toda a confusão
e desafio dessas profissões insolúveis,
1. labirinto de amor e culpa, a maternidade
professo amor, incendeio culpa
o mundo, esse meu sem dono, me des-aprende muito


vou indo,
depois reajunto ou desorganizo
a dança

terça-feira, 23 de abril de 2013

a fonte


poço.......................... de olhar e de silêncio

posso................ do incompleto ao tudo

desassossego,

paixão,

esquecimento

tragam-se todos.......................... sejam-me tantos...................

sábado, 20 de abril de 2013

luz do 1º olhar


Chove aqui.

A casa é coberta. Por todas as janelas, portas, vidros, a água escorre de mim. Do tempo, aquela senhora que me acompanha, desde o sonho até a cama. São os meus sentires que balançam os galhos da árvore da frente, e a rede enfeitada de amor.

A casa plantou um jardim na minha vida. Fez também uma farmacinha pra curar meu medo de viver. A casa me protege, me desnuda, me guarda e me joga na rua.

Quando chove aqui, parecemos chorar juntas a alegria do chão.
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...

chuva
casa
alma
coração

segunda-feira, 8 de abril de 2013

aparências - cordel dos curiosos, pergunta-me o amor


esse lugar que é tão nosso e tão fugaz foi

nesse mundo que é só meu. tão só meu




(por todas as mentiras, olhares, sufoca a vontade de saber. pra que saber?)

terça-feira, 2 de abril de 2013

dois confetes - chãos


Sou
Eu sou
Um caso passageiro
Um meandro
Um sujeito.

Alguém
Um efeito passageiro
Uma lua
Uma sujeita

Ninguém mesmo.
Uma sugestão
Um placebo homeopático (ou alopata, a depender do paciente)

Um desconforto rápido
Um fetiche
Uma ilusão
Uma aventura

Assim na terra, como no fogo. Assim sou, como você.

Uma dúvida
Uma implicância, impaciência
e para depois um esquecimento.

Um sonho
um delírio um deja vu

Un secret
Un poème

Um bicho mal fadado à solidão
animal desacompanhado, desapercebido,
estranho, de tão comum.
Incapacitado como uma pata ferida
doente, queimando os ossos e os dentes sem refúgio ou progresso. Desordem no quarto, sou o prumo do que não sou.

Não sei se me resta tempo ou experiência, ando impaciente. De tantos objetos esqueci: relógio, cabelos curtos, sapatos novos.

De outro modo, ainda me tento. Umas minhas, da infância à outra criança. Amanheço para aprender e me ensina quem me joga para fora da estrada. Sei vagar, talvez não saiba mesmo é ser.

E ando velha, escorregando no passado.
E ando louca, sonhando ser.
Grifando na poesia, gravando na parede, cravando delírios nas costas alheias.

Sou passageira, amigo, passageira