terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para Lilly, do Blog da Reforma

Em reforma, meu fôlego para repensar a vida sem apostila. Tantas lições, e eu querendo não ter tempo para todas. Num dos sonhos, o piso da casa já estava assentado; nem era o que eu mais gostava, mas eu ficava aliviada por ele já estar lá, mesmo tendo sido escolhido por outra pessoa.

Em reforma, tudo precisa sair de mim para acontecer. A grana, a palavra final, o tipo, a cor. Sai do meu coração, mas ele procura pernas, cérebro, barriga. Meu coração tá pensando tudo e eu custo a entender.

Em reforma, meu estado civil, meu estado de espírito, minha conta bancária, meu endereço para contas e cartas e para a rede que eu sonho armar. Descascando paredes e sentimentos; pra trocar piso, coragem de mudar. Pontos de luz, sem sofisticação, mas espalhadas por todos os espaços da casa e beiradas da minh'alma.

Em reforma, a minha concepção de vida adulta, sempre tão despojada e aleatória. Vivendo ao vento das notícias, sem ouvir noticiários, acostumada com o pequeno sofrimento diário, no formato alheio, com preguiça de construir o meu.

Em reforma, me sinto às vezes muito só. Meu raciocínio militar me consola, sugerindo tratar-se de um treinamento para futuro possível. Sou muito tola para pedir amparo, é um móvel pesado de tirar do lugar. Também nem sempre consigo perceber quando é necessária a solidão, quando é desperdício. Na dúvida, inadvertidamente, fico só.

Pra mudar, não sei como ainda. Como saber que as paredes serão pintadas, mas ainda indefinidas as cores. Passa por uma nova conformação dessa minha vida adulta. Aprender a distinguir as cores. Fazer do passo a passo um vir a ser próximo. Bem ali. Na esquina.
Ou melhor, na subida, Rio Vermelho.

3 comentários:

  1. pensando assim como vc colocou...estamos sempre em reforma.
    e é verdade.
    temos a chance de mudar...mudar a cara, a cor, o cabelo, a opiniao.
    reformar ideias e pensamentos.
    bjs
    lilly

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  2. v. me parece um tanto quanto rio vermelho. ou tornou-se.

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  3. estou me tornando, ava.. hehe.. na verdade, acho que me pareço mais com o correspondente do RV em Fortaleza, a Praia de Iracema.. isso nos anos 80, agora nem sei como anda a boemia cearense..

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