quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Envelhecemos



Nunca pensei ter mais de 20 anos, e cá estou chegando aos 42. A idade
em que pra mim minha mãe era uma velha e eu me rebelava contra o seu
modelo. Não esqueci, insistente memória.

Fiz muito até os 22 anos, numa intensidade vexatória, e daí,
gradativamente, fui engarrafando liberdade, delimitando amor,
subnutrindo desejo.

Minha mãe prosseguiu até inacreditáveis 69 anos. Eu me afastei dela
cedo pra entender a minha vida. Ela morreu, eu desentendi tudo.
E agora tento me reinventar. Invenção de um movimento. Uma nova
assinatura, um novo parentesco.
Estou saindo de casa de novo. De novo, por volta dos 20 anos de
permanência. Dessa vez, preparo uma casa e não pareço estar fugindo
com a vida na mala, correndo do sofrimento.

Lembro da bravura e da leveza, mesmo para gestos mais impetuosos.
Lembro da objetividade usando o mesmo corpo dos sentimentos intensos.
Lembro das minhas próprias normas de conquista e de fazer uso do meu
corpo e da sedução sempre que tinha vontade.

Não era, essa SOU eu!

3 comentários:

  1. belíssimo texto, espero que a mudança (ou retorno às origens!) seja muito feliz.

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  2. será, Paula! um dos contornos alegres daquela rua era saber que nos encontraríamos vez ou outra, subindo ou descendo.. hehe.. mas há outros, e você ainda pode me visitar, né?! bjs,

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  3. continuo tão pertinho que ficar mais perto ainda será um prazer!
    convites! convites!

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