sexta-feira, 2 de abril de 2010

bisbilhotices


Tenho a paixão como remédio para o tédio.
Como recompensa para o sofrimento do mundo.
Como presente de aniversário fora de época.
Como carnaval em junho, réveillon em março, semana santa em outubro.
Antes, não sabia como já existi.
Depois, não sei mais como existir.
Mas o durante sou tudo que preciso, isto é, eu + você!

Tenho o amor como o bicho mais prestes a ser que não chega,isto é, eu sem você.
Ama-se gatos & cachorros, Raul em especial, o Rim-tim-tim da minha infância, o Mimi que a minha vó rodopiou pelo rabo.
Ama-se filhos, um a um, de um jeito indescritível que nem vou tentar agora mas muito já tentei;
Ama-se pai e mãe, e é um outro mundo depois que eles se ausentam;
Ama-se amigos sem ambição e com zelo
Mas não é de nada disso que comecei a dizer
O bicho guardado, recolhido, escondido, arisco e doce, que arranha, até mata, acaricia, envenena, mistura-se à bebida e embriaga.. o amor de uma pessoa por uma pessoa, uma coisa perdida no meio de tantas outras coisas, uma porta entreaberta que não se percebe muitas e muitas vezes a fresta, uma cor diferente das que você pensava gostar, e imprescindível no ar, depois que se conhece.

Tenho a solidão como empresa capenga, mas que não se consegue liquidar de vez. A companhia de si, quando não se sabe pedir a mais ninguém. Quando se tem medo, ou vergonha, ou preguiça, de qualquer um dos amores. Quando não se tem a pessoa por uma pessoa. Quando acaba o remédio na farmacinha de casa, e não se sabe ir comprar outro naquele instante. Não se engane, falei, cada qual é seu próprio lar, alguns hóspedes eventuais, mas a morada em si mesmo é o único teto pra onde se ir. Cuidar de si é preciso.

Tenho pensado muito.
Tenho perdido muito tempo e mais ainda energia, na minha opinião, pensando desnecessariamente. Só não tenho conseguido parar a pulsação desnecessária. Conter o desperdício.
Tenho mantido o silêncio por preguiça ou falta de ânimo para novos dispositivos. Olhando e não vendo, volto a fechar os olhos. É isso, estou andando de olhos fechados.
Um dia volto. O mundo precisa de mim para manter o equilíbrio, por mais desequilibrado que ele se apresente, mesmo na minha presença.
Com oração e fé, volto a abrir os olhos. Começa bem aos poucos, como se a luz incomodasse, não haverá mais lágrimas para o desespero, pois não haverá desespero tamanho. Visto uma roupa limpa, acordo e vou andando, ouvindo uma música, achando o caminho com o passo. Hoje pensei no quanto esqueci, e não fiquei triste, antes atentei pras formas que posso me resgatar.
Não nasci em Salvador. Não sou mãe desde o começo. Não estou ocupada ou dependente ou solitária desde sempre. Voltar às origens para buscar força, reiniciar, digitalizar a parte mais poderosa de mim, e recomeçar!

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