terça-feira, 29 de março de 2016
tenho interesse
Eu ia só tomar uma cerveja, no quarto..
Aí uma dessas gravuras fantasmagóricas que prenunciam o futuro chega até mim
Reverto em uma taça de vinho / no quarto..
E o que trupica mas não cai, sobreveve!
O que bagunça, mas não derruba, tô aqui!
O que derruba, mas tem suporte em outro gole, outra taça, outra boca, outra cor, outro jeito.. termina a noite com gestos infinitos.. não sabemos muito mesmo
É uma alegoria olhar o futuro previsto numa tela
Inacreditável desamor, sendo amor
Não vou..
Pq? - Dor feminista no peito desnudo
Não sei..
Talvez até vá, porque ainda demora, tem tempo, o tempo de depois, vários goles, possibilidades
Mas talvez eu queira ir a outro lugar, sentir outras coisas..
É..
domingo, 20 de março de 2016
sábado, domingo..
me desfaço em terra quando deito na grama
peço ser composto da vida das plantas, das outras coisas
não ser essa bicha apartada do amor do mundo
deito na madrugada de sábado na grama que já estava,
e continuará estando
se fiz diferença nela?
talvez..
(fiz diferença em você?!)
faço apelos românticos no meio da bebedeira
choro no meio da música, na frente do show
volto pra casa
me despeço do mundo
mais uma vez
quase todos os dias partindo e regressando
recomeçando de um lugar que nunca é o mesmo
nessa espiral
peço à terra e ao raul que, agregada a ela e a ele,
me ensinem a ser mais uma das partes
e seguir o instinto
peço um dom
amar por instinto
A-mar
domingo, 6 de março de 2016
por causa dela
Tenho cicatrização lenta.
No corpo, não ligo o quanto vivo, vai passando, vai passar..
Coração é que me desconcerta..
Às vezes, e já depois de anos, ele abre de novo, no mesmo corte
Eu pensei sarada, eu pensei curada, eu pensei cicatrizada.. eu estava errada.
Lá vou eu, resignada e carinhosa, fazer compressa, tomar chá, tentar dançar, pra que ele esqueça o que tanto tempo já fez conta, e sorria, calmo e restabelecido, como a gente se sente logo que passa a dor..
Havia tanto para ser entendido, e eu só estava apaixonada.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Elza, que me canta
Um a um, os príncipes morreram.
E nem eram príncipes, eram só homens.
desde o começo, esse tropeço não dei.
Observo-os caídos no chão, a expressão não me valhe de piedosa
Caminho com meu cheiro e minha nudez entre os corpos,
por tudo que foram,
pelo que não alcançaram ser,
pelo abandono.
hoje meu paladar amoroso diz que os príncipes adubarão o meu jardim.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
O Flerte
que gosto bom no corpo tem o flerte
Olhar e perceber o olhar vindo também pra cá
Descobrir telefone que já se queria dar
Mandar mensagem,
ouvir a voz,
receber um bilhete que fica grudado ‘displicente’ na porta da geladeira, no quadro de recados, no mural de cortiça
Puxar uma conversa boba.. ganhar um sorriso bobo.. ficar com cara de boba
Sugerir um café,
um cinema,
uma dança,
um passeio..
e que alegria infantil perceber que do outro lado há um sim!
Flertar é começar o desenho,
uns rabiscos de traçado torto e alegre como todo começo que ainda não se sabe, mas se quer
Como tatear espaço de conquista,
cheia de vontade,
porque também há vontade do lugar em pertencer
– meu corpo e o corpo da outra é um lugar só,
um querer que vai e vem,
de mim pra você,
você pra mim
Como beijar o beijo que não era disputa, mas desejo;
e sentir no impulso todo o futuro que não se sabe nem se quer saber.
O tempero que cheira antes da comida à mesa;
a primeira bebida que já tonta, pelo frescor da imaginação que insinua.
O flerte. É como o começo do que vai ser bom..
Olhar e perceber o olhar vindo também pra cá
Descobrir telefone que já se queria dar
Mandar mensagem,
ouvir a voz,
receber um bilhete que fica grudado ‘displicente’ na porta da geladeira, no quadro de recados, no mural de cortiça
Puxar uma conversa boba.. ganhar um sorriso bobo.. ficar com cara de boba
Sugerir um café,
um cinema,
uma dança,
um passeio..
e que alegria infantil perceber que do outro lado há um sim!
Flertar é começar o desenho,
uns rabiscos de traçado torto e alegre como todo começo que ainda não se sabe, mas se quer
Como tatear espaço de conquista,
cheia de vontade,
porque também há vontade do lugar em pertencer
– meu corpo e o corpo da outra é um lugar só,
um querer que vai e vem,
de mim pra você,
você pra mim
Como beijar o beijo que não era disputa, mas desejo;
e sentir no impulso todo o futuro que não se sabe nem se quer saber.
O tempero que cheira antes da comida à mesa;
a primeira bebida que já tonta, pelo frescor da imaginação que insinua.
O flerte. É como o começo do que vai ser bom..
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
sensações vermelhas
Encontro diariamente outras ruas para andar
E passos diferentes aprendo a dar
Hoje criei conversinha pra mim enquanto caminhava, entre Ondina e Rio Vermelho.
E fui gesticulando, argumentando, sentindo, recordando, refletindo, por fim amando a trajetória
No final da historinha, já quase chegando no Rio Vermelho, decido dizer não.
E fico com o amor.
Parecia contraditório, mas é assim que as coisas são.
Ou que estão em mim, nesse momento.
Fico com o amor das boas lembranças, dos bons dias, do carinho, da confiança, da proteção, do afeto.
Fico com o registro de que amar é bom.
Auto-acompanhamento de vida, esse querer o bom, a boa onda, a boa estação, o bem estar aqui..
.. Às quartas, melhor dia que há para recordar a potência da vida!
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
inteira, aos pedaços
Descubro que tenho medo de impulsos
E que tenho medo de tornar-me apática por outras pessoas
Medo de digitar nome inadequado e ser descoberta por mim mesma
Medo de sempre ser luto ou luta
Medo de só pensar, querer e amar o que não há mais.
Cambaleando de pernas quebradas chego na segunda-feira seguinte.
Dirijo em obrigações, atravessando a cidade por ruas que não gosto mais.
Ando por outras, outros sóis queimando, buscando a passos lentos os sentidos que perdi da última vez.
Compro mangas. Prendo o cabelo. Choro no consultório. (choro na antessala também)
Em casa, desfaleço quando entardece. Tomo banho pro corpo esquecer de novo. E queria ter palavras mais suaves que me acolhessem, ao invés de aumentarem a dor dos cortes.
Sou essa fatia. Não é só até domingo. Enquanto estiver aqui, quero estar tentando.
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