domingo, 11 de março de 2018

(estagnação)


(pedra do Matutu)


Limbo é um substantivo masculino com origem no latim limbus e que significa margem, beira, borda, orla.
No âmbito da astronomia, limbo é a parte exterior de um corpo celeste, cuja margem é visível, como por exemplo: limbo do Sol ou da Lua. Na botânica, o limbo é a parte alargada de uma folha ou do segmento do cálice.
Em sentido figurado, limbo significa um lugar onde são deixadas coisas sem valor e que são esquecidas.

Eu
Faltou-me eixo, perceber a importância de um leme. Precisava estudar, não estudei. Precisava escrever, com dedicação, não me dediquei. Dos 20 aos 30, me debati num emprego que me permitia sobrevivência, e criei filha. Me perdi no meu umbigo, limpando também o umbigo dela. Eu tinha tempo que sobrava, mas estava presa na lamentação do que faltava, do que eu gastava para sobreviver. Era ser eu, ou ser o que se espera da mulher socialmente. Guardava em baú trancado quem eu era, até esquecendo; e desempenhava - mal, eu penso - a protótipa. Isso me consumia tal energia que penso ter sido por isso que eu não enxergava as outras possibilidades. Não estudei. Pouco importa talento, inspiração, sem dedicação.
Dos 30 aos 40 eu sufocava mais. E criava filho, e filha. Nunca tive filhas para me ocupar ou beneficiar, atendi a chamados. Não eram concebidas como véu, mas como cortinas abertas. Nessa década o símbolo mais forte da prisão pessoal era o casamento; eu me tratava - e consumia parte grande da minha energia - da solidão e estagnação a dois.
Foram nessas duas décadas que tive reprimida (por mim!), enrijecida, compactada, minha ligação com as letras, do estudo à escrita, da escrita ao estudo.


(olhar da Nathália Miranda - @nathaliamirandafotografiarte)

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