terça-feira, 7 de abril de 2015

parte que(m) não tem tempo


O tempo do mato, dentro de mim.


Por 5 dias eu saí de casa e da cidade onde moro e fui pra outro lugar. Um lugar fora do tempo dessas ruas que hoje voltei a caminhar. Verdes e mulheres ao meu lado, em rodas de conversa, em respiração e beleza. Eu fui porque era parte do meu caminho, e agora fico aqui em silêncio pra sentir em que mundo resolvo voltar.



Caminhamos pelas terras pra encontrar água, de força e beleza, águas d’Oxum! Seguimos o fogo até onde a lua cresceu, cheia. Beirávamos os ventos, nas plantas, nas árvores, nos pensamentos.

No caminho ouvi uma história da cobra quando muda a pele. E vi a pele deixada no alto, entre as telhas. Eu só escutava, com a mesma naturalidade de quem contava e de quem perguntava.. o tempo das cobras mudarem, “um indicativo de que elas estão em processo de crescimento e renovação”..

Ontem minha pele começou a estremecer: vermelha, irritadiça, rugosa, queimando na superfície.. Lembrei do couro esticado no alto. Pra onde vou até que esteja apta para voltar?! Que profundeza quero mais pra mim? Que pele me resta viver?

São dessas coisas que eu tenho saudade e não tem remédio que alivie.. há que se viver e se perder, cura de dentro, poder pra dentro..
no corpo, uma febre, rascunhos do passado, muita água, e música.. deixar-se o tempo à beira, no portão de entrada, e seguir sem ele, sem precisão.

Desconheço meu poder nesse emaranhado de sensações, agora só quero quietude.
- pra dentro de novo, Silvana.






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