quinta-feira, 12 de março de 2015

luas

Lua com jeitão de pisca-alerta na minha janela

Aparece entre as folhas da árvore, que balançam, malemolentes como um amigo meu em dia de festa da Rainha.
Depois some, no meio do gingado.

Dizem que tá amarelinha, não vi direito porque só tinha na hora que vi a cor do meu sorriso, contentamento.
Mas acredito no apuro de quem fala da cor da lua, bate direto no meu coração.

Coração tá consertando, escrevo e desenho que ele me cuida, e que eu cuido dele, quando me amo.

Sei que tá minguando – e como ela é potente e provocadora das verdades selvagens quando tá indo, sangro com ela e me sinto assim.
A lua me ensina o que como mulher já sei.

Minha casa é um corpo por onde a lua passeia. Ela atravessa os ares, as vigas, os elementos.
Parte por dentro da minha vida.
Então daqui a pouco, chegando já o dia vermelho de Iansã, vou lá do outro lado, pra ela.
Meu silêncio, que era de curar, hoje tem a marca daquela que se modifica em ciclos.
Sei que não sou uma só, não sou só pra dor, nem só pro esquecimento.

Do outro lado, lado de mim, há mais tempo, mais árvores, e mais caminho.
As águas também querem assim.

Essa poesia que é o Tempo. Num instante.
Pela fotografia, ainda há.
Hoje, impossível.
Isento de queixumes, ele não cria os nossos erros, nem até onde conseguimos amar.
A realidade se mudou num instante, eu sem você.
Uma mudança banal, e já é diferente o mundo. Um dado de realidade, um atraso do ônibus, um voo cancelado, um bebê que nasce por suas próprias ganas, um homem que morre, um amor que se perde.

A velocidade é desnecessária.
A lua sabe o tempo, a árvore também.
Janelas abertas, deixa que não tem mais espera, nem perigo.
Acalma a voz e o coração, tá tudo pronto pra ser.


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