sábado, 15 de outubro de 2011

O ciclo do olho



a carta que ficou colada na porta da geladeira,
na porta de casa, pelo lado de dentro e pelo lado de fora
carta de despedida que escrevo para os meus botões, hastes e trocadilhos..


Choro por todo o conforto que é deitar ao teu lado e esvaziar a minha mente no teu ombro. Não sei quando e se terei outra chance assim.
Mas o preço é alto, qualquer das duas opções de pagamento que me ofereces eu já não consigo mais assumir: o balcão de congelados dos sentimentos e das expectativas ou o terreno da desconfiança alastrando-se no meu estômago cor de fogo.
Esta sagitariana não quer começar a queimar pelos órgãos internos, prefere a pele aqui fora.

Por fim, despeço-me dizendo que gostaria desse amor que sinto por ti enfeitando o vaso de flores numa sala de paredes coloridas, mas o que resta pra ele, de verdade, é um vidrinho dentro da geladeira, uma água que não se bebe mais, mas que se respeita, prestando-lhe homenagem pelo que já representou para mim, e pelo que eu já fui capaz de fazer por ele. No rótulo, escrito em letras borradas e salgadas, o teu nome e o meu.

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