segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Circuito Mágico



O que eu quero numa casa, meus adornos, meus sonhos que vão se estruturar dessa vez em solo, tijolo, construção. As pessoas me alertam o tempo todo para o cansaço da obra, o esforço da obra, o dinheiro da obra, a roda gira e volta pra ela, a casa da obra!
De tudo que me alertam o que mais tenho medo é que falte dinheiro, mas ainda assim vou ter que entrar na ciranda pra saber.
Preciso de mão de obra consciente da minha poesia. Não todos, por supuesto, mas alguns que consigam fazer a tradução – com amor! – da minha forma de expressão no mundo.
Alguém que traduza poesia para a planilha do Excel. Que traduza poesia para a arquitetura. Para a engenharia. Que opte, junto comigo, por conservar assoalhos e janelas, ouvindo suas histórias, suas canções de amor.

Subir escadas, sorrir, sentir a poesia do lugar.
E também ouvir os nãos que todo mundo adora dar, as rejeições, as impossibilidades. Ouvir que nem todos gostam dos meus projetos, nem todos confiam na minha intuição, nem todos respeitam a diferença. E com isso, apesar do sofrimento, fortalecer as minhas crenças, serve também desmarcar as opções que antes julgava certas e que, na prática, vi que não.
Gosto de confiar nas pessoas com quem vou trabalhar. E adoraria se elas todas se amassem entre si. Mas não pode sempre ser assim. E tudo agora se reverbera em mim dessa forma, eu tenho constantemente uma pequena amostragem do que anda acontecendo lá fora, de como as relações se estabelecem. Quero infusões constantes
da objetividade,
da insensatez,
da firmeza,
da determinação,
da loucura
das minhas amigas.
Claro que tudo isso dentro de mim, com os meus próprios provérbios, a minha essência respeitada. Pois também de pouco serve esse movimento se eu me deixar contagiar perdidamente pelo alheio. O outro só me resolve se misturado a mim, não único, exclusivo ou prioritário, pinceladas práticas e necessárias no auge de uma tela vermelha, sou eu.

2 comentários:

  1. Pode contar comigo para as pitadas de objetividade e tb com uma cervejinha gelada para bebermos no chão da sua casa em meio a latas de tinta e sujeira! (já to até vendo a cena!!)
    bj

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  2. Coisa boa casa nova. Coisa difícil é mudar. Mas o regozijo disso tudo cala toda a difuldade. Regozijo, êta palavrinha que não uso nunca, mas que cabe nessa casa sua, tão desejada, hehe!

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