domingo, 22 de novembro de 2015

mulher

sabe-se quantas muralhas somos
quantas mulheres
sabe-se quantas muralhas derrubamos todos os dias para vivermos e sorrirmos e gozarmos e sermos, por sermos mulheres.
sabe-se quantas de nós não suportam
e quantas de nós se odeiam, por mero treinamento
sabe-se quantas de nós adoram totens masculinos, sem que haja vontade expressa, mas conveniência
sabe-se quantas de nós são mortas.. a faca ou a palavra.. a tiro ou submissão.. a espancamento ou sufocamento de ser quem somos..
sabe-se que somos muitas, fomos muitas, seremos muitas, sempre muitas!
a cultura machista tenta nos aniquilar.. mas uma cai, duas levantam


não adianta.. mulheres sempre hão de pintar por aí
mais potentes, mais pulsantes
que eu, que duas, que dez, que dez milhões, todas iguais
até que nenhuma mais caia, e muitas continuem levantando!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Você volta
Eu não quero
Você não quer
Mas volta
Desequilibrada
Adoecida
Bêbada
Fugida em palavras torpes - quando há tantas flores para serem lidas entre águas

Não há mais o tempo
Nem agora, nem depois
O destino do que não tem tempo é descansar no vazio
Silêncio que não é de amor

A porta está fechada para letras gritadas
A janela ampara pássaros e árvores
Sou protegida. Nanã me circula 3 vezes todos os dias e noites, abençoando cada pensamenta minha.
Minha casa é rodeada de água: sal, lama e cachoeira..
Meu Sangue primordial escorre entre as plantas do jardim e fertiliza o mundo com amor.


Tenho amor. O resto não tem mais.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

sambo pra me rearranjar na sombra do meu tempo


O natural é quando eu simplesmente não lembro, deixo passar os dias sem a busca
.. não quando eu tenho que me controlar e esforçar para não fazê-la..
Tenho percorrido caminhos naturais, nos últimos dias.



Vendo um filme, sentindo um filme, a diretora da peça pede que vá mais devagar.. “doucement”, ela diz..
E lá vou eu pra fora da sala – pensamento – na intenção da beleza que é ser doce, por ser devagar..
penso no esquecimento do amor.
Do quanto eu já esbravejei com o tempo, e quis ser outra, outro, outras, pra esquecer por outras vias o que em mim só passava bem devagar
.. alternando força e dor, memória e raiva, lugares e cheiros..
o amor faz vias e espirais em mim que se fosse uma festa seria – como foi – linda e especial.

Acolho esse trejeito 'doucement' de aceitar a partida do sentimento.
Tantas vezes já disse, e pensei, que esquecer dói mais que lembrar.
Tenhamos afeto em nossas vivências, por nossos corpos.

Faço das águas intenção, teto, chão e morada.
Qualquer porção dela,
do gole ao mergulho,
me consola, me nutre, me acalma, me protege.

Desejo ainda não tem nome, mas está em mim. Eu desejo!



Volto pra sala.. o filme (O Olmo e a Gaivota)


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

em uma xícara de café, ou uma cerveja


Divertir-se

um@ na outr@
um@ com a outr@
um@ da outr@
um@ pra outr@
um@ e a outr@
um@ pela outr@

Nessa sexta-feira


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

das conversas

Sei mais, não precisa agora
Chorar

Olhei de novo, ouvi de novo
E o que me assustou era amor também, fico calma agora
às quartas

Porque amar não é sempre que é esse tormento de possuir
e querer só pra si,
cócega no seu só umbigo

Minha Gira também toca o ventre e sabe enxergar a outra sendo a outra,
em paz
Sabe trocar o disco, e tocar o próprio perdão
Andar de ônibus e, das mesmas perspectivas, afagar o que vivido
Amado, sentido, chorado,
passado..

Minha velha se afoba na urgência dos dias

- e minha filha me diz: é essa ancestralidade que te desanima conversar,
vai tomar um banho,
nas ervas lavar essa trajetória cansada
Respeito.

E deito com a minha velha na rede que já deitei contigo.
O amor tem vários pousos.

sábado, 24 de outubro de 2015

aos trancos, reconstituir-se..

Quando não estou, já estive

Quando não é mais tempo, não há

As lamentações são só a minha saudade,

Um olhar alheio

Rostos tão meus

Um amor que não se explica
Várias coisas não se explicam, aceito

- Mas se houvesse mais mundo, mais tempo, mais outro.. - penso.. porque tanto sofrimento por aqui?

Eu estive, sorrisos

Não há saber, amor além
Não é preciso, a música conta

Pouso pelo equilíbrio, nunca saberei mais que isso, meu desejo

Preciso ler sobre o que o mundo relata
Meu mundo não tem estandarte

Mas se eu choro sorrisos agora, é por reconhecer que a vida é muito bela nessa reconstituição do que eu preciso entender..
ninguém mais nos verá


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

por cá


Por quartas passadas, o amor pranteou
Em quartas distintas, distintos dias pincelando amores e mortes.. que não se fizeram acreditar
- Pois as palavras já foram usadas, e não querem, por enquanto, voltar a brincar

Ouvi coisas novas e lindas ontem.. mulheres no tempo do mundo reescrevendo.. quanta beleza naqueles gestos, perspectivas, imaginações


Não faço ideia do que é a vida, essa ficção para a qual me trouxe há 46 pequenos anos.
Sigo nesse sem meio que é observar
Sorrir
Amar
(sofrer um tantinho, pro que é o mundo)

E afinal acocorar à beira da fogueira e entender outro tantinho que seja..


Assim resiste, por cá, o amor