segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

a história que eu ouvi de um barquinho no porto


os meninos se aventuraram, lançando-se ao mar, num porto para seus sonhos e desejos de criança.
nadavam em liberdade expressa, transgredindo a rigidez dos homens da outra margem. na garrafinha descartável, o segredo, o mistério, a promessa de um tesouro. infância, brincadeira, alegria. uma aliança encantada, arremessada em braçadas longas, em sorrisos.
chegando ao navio-barquinho, piratas, roqueiros e ninjas, de longe avistando o futuro, sem qualquer pressa em sê-lo. não há compromissos firmados, a imortalidade se resume àquele encontro, àquele momento, ao amor daquela visão do mar. quantos meninos-piratas, meninas-sereias, meninos-de-cachos, meninas-de-saia, conhecerão ainda esse encantamento?! um enredo de prazer apostos, dispostos a desbravar as águas pela promessa boa.
sal no corpo, mar na alma, o pensamento seguindo as pistas da fumaça, sem nada para proteger-se. desnecessário proteção. é seguro amar, ainda que perigoso aussi. os meninos, destemidos, lutam contra seu inimigo armados pelas fantasias, invencíveis, ainda que vulneráveis. o amor insiste-lhes instabilidade, insegurando-se assim ao movimento azul..
navegadores também de outros cantos, inscrevem nas suas saudades as iniciais dos primeiros amores, de lá - nem tão longe - da infância. nessa aventura, chama-se liberdade cada inspiração mergulhada, e banharão nos bares e coxias as águas do nosso tempo. é a memória alegre que vai percorrer 2012 e seguintes, contada a história por esses marujos.
espada de madeira, barquinho de papel. tesouro principal escondido no peito de cada um, coração.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

quando ela viajou pro mundo autista


E você, parte de mim já, vale por tantas mulheres e tantos homens.
Você aperta. você abraça. você acalma. Aprendi a entender Barreira depois que você chegou.
Eu noutra mulher, 26 de novembro.
Eu fogo. Você fogo.
Queimamos em brasa distinta, mas nossa chama é uma: amor.
Você não faz falta: você está! Aqui, comigo, olhando, seduzindo o ar com a sua vitalidade, sorrindo o mundo comigo, o olhar profundamente sempre.

Fiz comida. Dispus os bowls. Servimo-nos. Fartamo-nos, já que amamos. E comida com amor é coisa que sacia. Não alimentamos, aqui, corpos somente.. saciamos alma, ainda que não com certezas. Temporariamente saciados, como nós incitamos ser.
E quando sentei lá fora, vento no rosto, quis contar quantos éramos..
7?! Não, tem ainda Adriana! Naquela sombra que a árvore faz na parede amarela. Naquele olhar que eu sinto e que me protege.

Você pode estar em outro ou qualquer lugar, ainda assim, estará comigo!




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ouvindo a música no ônibus, outra espera



acho que já estive nessa vida dele antes. ainda sem saber como. se devagar, lentamente, displicente. se em pânico ou em êxtase. se sentados, ou tentando o equilíbrio. investigo se consigo iluminá-lo, como antes eu sabia fazer. e encontro um ele outro por dia. anoitece, um beijo; amanhece, não sei.

em mim, lindo homem. e algo me iluminando por dentro, me penetrando pelo jeito do amor. também assim percebi que nele a luz vibrou. sua beleza comentada, descrita com o epíteto de meu bem. não sei de que mais pertencerei, o mundo tem me contado boas histórias. talvez amadureça bem até saber dizer adeus a todos.

sem queixumes, sem saudade. saber-te meu e saber partir no mesmo abraço. a poesia que começa na pergunta, mas agora eu só quero outra fome, que não é de amor, mas de saber. Saiba me amar. de querer. Queira me amar. o mundo, esse outro, vem sendo bastante generoso com as minhas perguntas, às vezes com respostas obsoletas, às vezes com silêncio. não adianta, ele gasta porque tudo se resolve comigo mesmo, em mim, por dentro. o olhar do outro, assim como o amor do outro, são apenas lentes - de aumento, binóculo, de contato - para que eu, por mim, me seja.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

pistas, rastros



corre todo o corpo,
corre todo o mar,
você em mim


sábado, 28 de janeiro de 2012

Para Itana




Recolho os objetos. As lembranças. Os manuscritos. Mas não quero guardá-los. Queimo o que não me pertence. Nada me pertence.

Sou parte de outro pedido, da outra mesa. Sou face de outra conexão.

E preciso ainda ficar atenta para não conceder outras invasões que não sejam da história do amor. Amigo, muita coisa se diz, se faz, se escreve, que não é amor. E no manto dessa construção, muita coisa é amor e destrói, sem qualquer lealdade ou permissão, o que foi tão simplesmente querido. Eu pensava sorrir. Não é tão simples sorrir quando te clamam guerra. Dinheiro, disputa, desejo de derrubar nem é pra vencer, só se proteger do que não te pertence.

Eu sorrio!

É irônico, irritante, provocador. Não pensei nisso, mas descobri que é assim. Agora sei. Não é ingênuo, nem desconhecido mais. E ainda assim, sorrio! Porque sorrir, meu amigo, é o elemento do futuro. É o definidor dos quereres. Um souvenir alienado, pensam. OK. Sei que não e, sem ofensas, sorrio.

São poucas as possibilidades, pareço. É confuso amar, querer, competir, partilhar, descompreender, sucumbir, fechar a porta, não poder sair. Choro ao perceber. Mas para ninguém doo minhas lágrimas. Elas não serão ouro no pote de ninguém. Mudei o paradigma e sou mais dona, até do que não é mesmo meu.

Não era fácil. Não seria fácil. Desafiava inclusive o bom, de tão improvável. Ao mesmo tempo, a tranquilidade e o conflito. Tenho vergonha do que não sou. Tenho orgulho do nosso amor. Mas não finda no amor os textos que lemos hoje em dia. Uma tal mesmice de palavras mesmas, carregando achados mesmos. Um brinquedo para inabilitados em lógica, o amor. Foi por isso que aprendi. Para depois, não sei mais nada. Quebrou-se toda essa infância, só mesmo a lembrança pra me ajudar a dormir hoje


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

a pintura

um dia a poesia grudou no capô do carro branco e pintou de rosa o meu olhar de passagem. foi hoje, no tempo que eu escolhi pra me apaixonar, brilhante mistério de quem quer o dia e a noite no mesmo espaço de cor.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As mães e o senso comum



Ontem puxei conversa com o meu filho sobre como deveria ser uma mãe. Chamo de uma mãe do senso comum, mas isso é rotulação particular, desconsideremos. Ele se surpreende, mas resolveu ajudar. Ficamos ali conversando, minhas lágrimas, suas interrogações, nossas ideias dando corpo a essa mulher..

1. Vista-se de forma sóbria. Vista-se de uma forma que os outros entendam as responsabilidades que você tem. Vista-se para impor respeito. Vista-se para ser levada a sério. Vista-se de uma forma que traduza o tanto de dinheiro que você é capaz de acumular.

2. Não namore!(sugestão do Vini).. Não namore um amigo da sua filha(eu pensei).

3. Não seja amiga dos amigos da sua filha. Não entenda o que eles falam ou pensam. Nunca admita que eles transam ou usam qualquer substância que entorpeça (os tóxicos, na voz da mãe). Recrimine-os. Reprima-os. Rejeite-os. Seja amiga das mães dos amigos dos seus filhos.

4. O mesmo para seus filhos. Esmague com suas poderosas mãos de mãe qualquer tentativa de expressão deles. A livre expressão liberta, e a liberdade é muito perigosa! E você quer seus filhos longe do perigo, né?! Logo..

5. Não use piercings! Pode gerar confusão.. Mães não se confundem com as outras pessoas.

6. Se a sua tatuagem não é uma borboletinha ou um beija-flor na nuca, nem o nome dos filhos com uma jura de amor eterno, esconda-a! Se são várias - quanto arrependimento! - o item 1 vai ajudar na tarefa.

7. Controle! A casa, a roupa de cama que vai naquela cama, as toalhas dos banheiros, a arrumação do quarto dos filhos, o gosto musical deles, as roupas deles, os sapatos deles, a vocação deles. Tudo deve ser controlado para que permaneça como você idealizou quando era ainda uma criança: uma família feliz!

Os filhos precisam de mãe viva. Mas não Viva! Elas têm que estar disponíveis para prover, alimentar, repor, preservar, cuidar. Elas não precisam amar ou ser felizes por conta própria, por seus próprios prazeres ou afetos. - Mamãe, ame somente a mim - diz o filho.

Com esses 7 passos fui cambaleando até a janela, tentando entender porque é mesmo que eu não consigo percorrê-los sem que me doam os pés e o coração.