segunda-feira, 7 de agosto de 2017

hora do almoço





a existência das que escrevem para não sufocar, tomar fôlego para continuar tentando, sentindo, fazendo, da vida que temos à que desejamos aprimoradamente (ou desajeitadamente) ter.
não temos jeito normal para os que passam pela rua enquanto abraçamos árvores, 'não temos jeito' - diriam os que querem nos ver mais com cara de parafuso que de nota musical.
a gente canta, eles nos apertam.
se choramos - e choramos! - eles repreendem e se envergonham por nós.
se sorrimos - no gozo de um poema sentido na pele - eles manipulam o nosso carnaval.

precisamos escrever.
poema, lista de mercado, anotações, declarações de amor e saudade, redação do enem, crônica na academia, ode feminista na porta do banheiro.
tratados obsoletos e amorosos sobre nós que me mudarão ainda hoje - e assim mudarão o mundo, rebeldias adolescentes em plena maturidade, testamento para ser lido depois de matado o amor.

fôlegos.
suspiros.
inalações profundas.
antídotos para um mundo sem ar.
escrever, respirar.

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