segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

se passas perto de mim..


Atravessei a rua, indo pro ponto de ônibus. De outra ramificação, uma mulher, na minha frente. Vejo suas costas. Uma senhora, provavelmente mais senhora na aparência que na idade. Cabelos grisalhos presos em coque bonito, blusa bege (não nude!), saia marrom comprida (tipo dois dedos abaixo do joelho), bolsa no ombro esquerdo. Pele marrom, combinando com as cores da roupa. Pernas tão bonitas, tão bem torneadas, tão elegantes andando na rua.

Me apaixonei pela mulher à minha frente, de costas. Andei aqueles passos mais lentamente, atrás dela, apreciando a beleza do seu contorno, das suas escolhas aparentes. Me envolvi com o seu silêncio, me enebriei com a expectativa da sua energia.

No próximo cruzamento, ela virou à esquerda, eu segui em frente. Um rapaz seguiu andando logo atrás dela.. “rapaz de sorte” - pensei..
Eu tinha que seguir meu caminho. Claro, podia ter desviado para o caminho dela pra continuar próxima, mas hoje não fui..
E me perguntei: “o que acontece quando a gente se separa ainda apaixonada?!”

(a partir daqui sou eu conversando comigo, no meio da rua..)

- é triste.. e difícil..
- mas também pode ser bonito, marcante.. porque continuo vivendo a força do sentimento, a paixão, o contentamento com outra pessoa no mundo, o mistério que me faz amar alguém..
- o que se perde, o que foi pro outro lado da rua, da cidade, foi o ‘objeto’ da paixão, a materialização do sentimento.. Então eu perdi a posse, mas não a intenção em mim..

A mulher que eu não sei o nome, nem o que pensa, nem o que gosta de fazer, entrou na minha frente, na minha rua, na minha vida, pra me lembrar, sem dizer uma palavra, que a minha capacidade de amar, de me apaixonar, é louca assim, vem num impulso distante da lógica, e me faz muito muito bem..

Fui apaixonada por ela por 20 minutos.. um excelente começo de rua!

Um comentário:

  1. que você encontre muitos motivos de apaixonamento em sua rotina, sempre. <3

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