quarta-feira, 8 de agosto de 2012

em mim, minha consistência, meu lodo, meu sólido



pedra também tem saudade

do tempo que era onda,
do mundo onde era sal.

pedra tem coração, ama.
quando vira homem, pedro. e aí esquece momentaneamente seus superpoderes. estranha escolha.

pedra no lugar de fora dela
com sua sabedoria, esperando.
a gente, gente, se ocupando de não perceber, de panos para o corpo, de livros para ler.
pedra esperando que a gente saiba o que ela já.

pedra gosta de carinho, como gente também.
mania de atirar a primeira, não precisa.
pega e guarda na casa, no jardim, no bolso. ou deixa solta, e com o olhar do afeto.

fico pensando na consciência da pedra. acredito! se pedro tem, porque pedra não?!
entendo pela pele e sua memória, outro conhecimento. aceito-me. sinto.
fico eu, sonhando pedra, lembrando. fica pedra, estática na aparência e nunca no mesmo lugar. movimento perspicaz de manter a imobilidade e, entrelinhas/entreterras, agitar-se.

em mim, minha consistência, meu lodo, meu sólido.
pedra pra dois, achada por quem ama
há dias que o amor me beija e eu sinto, bem de manhã, como um café quentinho
pedra pra dois, trazida por quem ama..
vou ao espelho, pego.. sinto o amor, de dois, de três.. o amor do mundo na pedra de mim.
pedra pra dois, dada pros dois, por quem ama..


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