quarta-feira, 21 de maio de 2014



Perde-se amor enquanto se espera o ônibus.
Perde-se amor vendo tv - mesmo que seja o documentário do Tom.
Perde-se amor tomando cerveja.
Perde-se amor nos ares do 2 de Julho.
Perde-se amor no banho - qualquer que seja a intenção das águas.
Perde-se amor dormindo.
Perde-se amor chorando. Perde-se amor sorrindo.

Perde-se amor indo ao espetáculo de música - tanto são os espetáculos ali.
Perde-se amor ouvindo música.
Perde-se amor não ouvindo música.
Perde-se amor indo ao cinema.
Perde-se amor viajando de avião.

Perde-se amor fazendo poema.
Perde-se amor, quebrado, no chão.

domingo, 18 de maio de 2014

Sinto, não é mentira, porque não podem saber?
Não me importa se não querem, eu preciso
Cada música, cada sonho, cada poema.
Faço faxina todo fim de semana, não saio. Quero arejar e perfumar, pra que novos ventos me contem novidades
Não estou pagando, estou vivendo, não cobro nem devo moeda pra esse tempo que também é de chuva.
Não sei porque não posso mais sonhar contigo, mas sigo o programa



Porque ninguém não nos arranca nem nos estanca
os sabores?

sexta-feira, 16 de maio de 2014

o aniversário da nossa solidão (violeta parra)

do tempo que não sabíamos, hoje fui
até o dia que não estaremos mais, cada qual no seu tempo
o de morrer
o de estar aqui

do tempo era tudo um espanto,
espantosamente amor
que sempre se viu no mundo, sempre se engoliu,
e no entanto, em nós, era outro
o nosso

o nome dessa ventania que nos arrastou - pra que dizer?
eu não sei
deveria haver proteção para furto e roubo do amor
deveria haver proteção para o medo de perder assim

releio cartas eletrônicas
volto a dormir
vejo o filme a linda violeta que preparou seu velório
volto a pensar em ti

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Fui pra rua. Reação
Os bares, as cores, as cervejas, as pessoas.
Abraços, palavras, sorrisos, olhares.
De repente, no ar da noite, na brisa do dia... a lembrança
Lembra?!
Finco o pés no chão, a bunda na cadeira, o pensamento no copo
Mas o corpo se ausenta dos ossos, sei lá.. fui indo embora sem sair do lugar

Mas não há lar. Não há pra onde voltar.
Na minha paisagem, ainda não há
Chego em casa resignada e meio tonta.
A chave gira, o tempo dá espirais, o pensamento é o furacão da estação que não sei que nome dar.

Calma.
Deita a alma com carinho.
Pede paciência ao que por dentro queima
(eu sei que vai passar, sei que vai, mesmo que ainda não sinta)
Desliga o painel, fecha os olhos

Nesse dia, quis beber pra esquecer.
Não consegui.
As letras do ‘nunca mais’ se misturaram, tremeram, mas não sumiram.
Eu continuava, mesmo encharcada, lembrando, lembrando, lembrando.

Era um dia e mais outros com esse corpo calado,
sangrando dor sem febre, sem pele, sem esperança que um dia passe.

Via passar o ônibus, e o mar à minha frente,
via correr a menina pros braços e abraços,
via o medo dentro de mim de que eu nunca mais enxergasse outros olhos..
o ‘nunca mais’ não sai de mim





Meu coração demorado. Pra onde eu vou agora?

quarta-feira, 7 de maio de 2014

por um café



A tarde cai. Eu a escuto.
Fazendo verde a noite do tempo.
Vou lá para anoitecer também as lembranças.
Certa dos domínios da lua nesses dias,
sou crescente,
e crescem em mim, além da barriga tão propagada e execrada,
o desejo, a raiva, a inquietação, e a observação.

Tudo por dentro (menos a barriga tão propalada.. e execrada, rs)


terça-feira, 6 de maio de 2014