sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
a virada
Meu ano já terminou. Meu ano novo já começou.
Sou sagitariana do final de novembro. 47 anos.
Minha vida tá absolutamente desordenada, com ares de normalidade e trilhos bem dispostos.
Como não sei deixar contas em atraso, elas estão ok.
Como não sei muito falar de mim, tudo parece bem
Preciso parar de pensar. O motor das repetições está em alerta e eu, que não sei de ansiedade na vida, não entendo esse novo movimento em mim.
Sou calada, e esse barulho não me deixa dormir.
Jorge me diz que ficar tempo demais sozinha me potencializa e me destrói, pois me compatibilizo com quem sou e me amo, mas também entro em debate e paranoias assim
Daí então que preciso escrever. Preciso me comunicar com o mundo exterior. Preciso de outras palavras além das ‘minhas’.
Penso também em tintas, linhas. Dar uma volta por fora, passear com vontade pelo universo alheio.
Meu corpo quer encostar seu peso em um amparo. Minha vida quer balançar desengonçada em outra roda, outra alegria.
Preciso delicadamente iniciar-me em outra cura. Viver tá um desafio, quero partilha!
domingo, 22 de novembro de 2015
mulher
sabe-se quantas muralhas somos
quantas mulheres
sabe-se quantas muralhas derrubamos todos os dias para vivermos e sorrirmos e gozarmos e sermos, por sermos mulheres.
sabe-se quantas de nós não suportam
e quantas de nós se odeiam, por mero treinamento
sabe-se quantas de nós adoram totens masculinos, sem que haja vontade expressa, mas conveniência
sabe-se quantas de nós são mortas.. a faca ou a palavra.. a tiro ou submissão.. a espancamento ou sufocamento de ser quem somos..
sabe-se que somos muitas, fomos muitas, seremos muitas, sempre muitas!
a cultura machista tenta nos aniquilar.. mas uma cai, duas levantam
não adianta.. mulheres sempre hão de pintar por aí
mais potentes, mais pulsantes
que eu, que duas, que dez, que dez milhões, todas iguais
até que nenhuma mais caia, e muitas continuem levantando!
quantas mulheres
sabe-se quantas muralhas derrubamos todos os dias para vivermos e sorrirmos e gozarmos e sermos, por sermos mulheres.
sabe-se quantas de nós não suportam
e quantas de nós se odeiam, por mero treinamento
sabe-se quantas de nós adoram totens masculinos, sem que haja vontade expressa, mas conveniência
sabe-se quantas de nós são mortas.. a faca ou a palavra.. a tiro ou submissão.. a espancamento ou sufocamento de ser quem somos..
sabe-se que somos muitas, fomos muitas, seremos muitas, sempre muitas!
a cultura machista tenta nos aniquilar.. mas uma cai, duas levantam
não adianta.. mulheres sempre hão de pintar por aí
mais potentes, mais pulsantes
que eu, que duas, que dez, que dez milhões, todas iguais
até que nenhuma mais caia, e muitas continuem levantando!
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Você volta
Eu não quero
Você não quer
Mas volta
Desequilibrada
Adoecida
Bêbada
Fugida em palavras torpes - quando há tantas flores para serem lidas entre águas
Não há mais o tempo
Nem agora, nem depois
O destino do que não tem tempo é descansar no vazio
Silêncio que não é de amor
A porta está fechada para letras gritadas
A janela ampara pássaros e árvores
Sou protegida. Nanã me circula 3 vezes todos os dias e noites, abençoando cada pensamenta minha.
Minha casa é rodeada de água: sal, lama e cachoeira..
Meu Sangue primordial escorre entre as plantas do jardim e fertiliza o mundo com amor.
Tenho amor. O resto não tem mais.
Eu não quero
Você não quer
Mas volta
Desequilibrada
Adoecida
Bêbada
Fugida em palavras torpes - quando há tantas flores para serem lidas entre águas
Não há mais o tempo
Nem agora, nem depois
O destino do que não tem tempo é descansar no vazio
Silêncio que não é de amor
A porta está fechada para letras gritadas
A janela ampara pássaros e árvores
Sou protegida. Nanã me circula 3 vezes todos os dias e noites, abençoando cada pensamenta minha.
Minha casa é rodeada de água: sal, lama e cachoeira..
Meu Sangue primordial escorre entre as plantas do jardim e fertiliza o mundo com amor.
Tenho amor. O resto não tem mais.
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
sambo pra me rearranjar na sombra do meu tempo
O natural é quando eu simplesmente não lembro, deixo passar os dias sem a busca
.. não quando eu tenho que me controlar e esforçar para não fazê-la..
Tenho percorrido caminhos naturais, nos últimos dias.
Vendo um filme, sentindo um filme, a diretora da peça pede que vá mais devagar.. “doucement”, ela diz..
E lá vou eu pra fora da sala – pensamento – na intenção da beleza que é ser doce, por ser devagar..
penso no esquecimento do amor.
Do quanto eu já esbravejei com o tempo, e quis ser outra, outro, outras, pra esquecer por outras vias o que em mim só passava bem devagar
.. alternando força e dor, memória e raiva, lugares e cheiros..
o amor faz vias e espirais em mim que se fosse uma festa seria – como foi – linda e especial.
Acolho esse trejeito 'doucement' de aceitar a partida do sentimento.
Tantas vezes já disse, e pensei, que esquecer dói mais que lembrar.
Tenhamos afeto em nossas vivências, por nossos corpos.
Faço das águas intenção, teto, chão e morada.
Qualquer porção dela,
do gole ao mergulho,
me consola, me nutre, me acalma, me protege.
Desejo ainda não tem nome, mas está em mim. Eu desejo!
Volto pra sala.. o filme (O Olmo e a Gaivota)
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
em uma xícara de café, ou uma cerveja
Divertir-se
um@ na outr@
um@ com a outr@
um@ da outr@
um@ pra outr@
um@ e a outr@
um@ pela outr@
Nessa sexta-feira
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
das conversas
Sei mais, não precisa agora
Chorar
Olhei de novo, ouvi de novo
E o que me assustou era amor também, fico calma agora
às quartas
Porque amar não é sempre que é esse tormento de possuir
e querer só pra si,
cócega no seu só umbigo
Minha Gira também toca o ventre e sabe enxergar a outra sendo a outra,
em paz
Sabe trocar o disco, e tocar o próprio perdão
Andar de ônibus e, das mesmas perspectivas, afagar o que vivido
Amado, sentido, chorado,
passado..
Minha velha se afoba na urgência dos dias
- e minha filha me diz: é essa ancestralidade que te desanima conversar,
vai tomar um banho,
nas ervas lavar essa trajetória cansada
Respeito.
E deito com a minha velha na rede que já deitei contigo.
O amor tem vários pousos.
Chorar
Olhei de novo, ouvi de novo
E o que me assustou era amor também, fico calma agora
às quartas
Porque amar não é sempre que é esse tormento de possuir
e querer só pra si,
cócega no seu só umbigo
Minha Gira também toca o ventre e sabe enxergar a outra sendo a outra,
em paz
Sabe trocar o disco, e tocar o próprio perdão
Andar de ônibus e, das mesmas perspectivas, afagar o que vivido
Amado, sentido, chorado,
passado..
Minha velha se afoba na urgência dos dias
- e minha filha me diz: é essa ancestralidade que te desanima conversar,
vai tomar um banho,
nas ervas lavar essa trajetória cansada
Respeito.
E deito com a minha velha na rede que já deitei contigo.
O amor tem vários pousos.
sábado, 24 de outubro de 2015
aos trancos, reconstituir-se..
Quando não estou, já estive
Quando não é mais tempo, não há
As lamentações são só a minha saudade,
Um olhar alheio
Rostos tão meus
Um amor que não se explica
Várias coisas não se explicam, aceito
- Mas se houvesse mais mundo, mais tempo, mais outro.. - penso.. porque tanto sofrimento por aqui?
Eu estive, sorrisos
Não há saber, amor além
Não é preciso, a música conta
Pouso pelo equilíbrio, nunca saberei mais que isso, meu desejo
Preciso ler sobre o que o mundo relata
Meu mundo não tem estandarte
Mas se eu choro sorrisos agora, é por reconhecer que a vida é muito bela nessa reconstituição do que eu preciso entender..
ninguém mais nos verá
Quando não é mais tempo, não há
As lamentações são só a minha saudade,
Um olhar alheio
Rostos tão meus
Um amor que não se explica
Várias coisas não se explicam, aceito
- Mas se houvesse mais mundo, mais tempo, mais outro.. - penso.. porque tanto sofrimento por aqui?
Eu estive, sorrisos
Não há saber, amor além
Não é preciso, a música conta
Pouso pelo equilíbrio, nunca saberei mais que isso, meu desejo
Preciso ler sobre o que o mundo relata
Meu mundo não tem estandarte
Mas se eu choro sorrisos agora, é por reconhecer que a vida é muito bela nessa reconstituição do que eu preciso entender..
ninguém mais nos verá
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
por cá
Por quartas passadas, o amor pranteou
Em quartas distintas, distintos dias pincelando amores e mortes.. que não se fizeram acreditar
- Pois as palavras já foram usadas, e não querem, por enquanto, voltar a brincar
Ouvi coisas novas e lindas ontem.. mulheres no tempo do mundo reescrevendo.. quanta beleza naqueles gestos, perspectivas, imaginações
Não faço ideia do que é a vida, essa ficção para a qual me trouxe há 46 pequenos anos.
Sigo nesse sem meio que é observar
Sorrir
Amar
(sofrer um tantinho, pro que é o mundo)
E afinal acocorar à beira da fogueira e entender outro tantinho que seja..
Assim resiste, por cá, o amor
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
entre quartas
O tempo sendo tempo.
De um menino que,
a partir da sua inocência,
me explica o mundo.
Que não há um só lugar em cada lugar.
Que cheiros são lugares.
Afetos são lugares.
Canções são lugares.
O que melhor o tempo faz é passar.
Sem que importe a crença, ou o tamanho do estrago.
Ele passa.
Todas nós, figurações do tempo.
Antes que eu entenda, já me carregou;
em giros, que eu fico tonta.
Não preciso de toda a minha sanidade,
ou equilíbrio,
para o que ele quer me mostrar.
Que o amor falha,
como a costura do vestido,
ou a tabelinha-matemática-do-sexo.
Que amor vira ódio,
até que não precise mais,
aí vira nada.
Tudo o tempo vê. Nada o tempo prende.
Tudo, dentro dele, como ele, vai passar.
Quando é pergunta que ele não responde.
Nunca não existe, é piada.
Sempre é o rebote, também não há.
Hoje é a minha aventura.
Antes era você.
De um menino que,
a partir da sua inocência,
me explica o mundo.
Que não há um só lugar em cada lugar.
Que cheiros são lugares.
Afetos são lugares.
Canções são lugares.
O que melhor o tempo faz é passar.
Sem que importe a crença, ou o tamanho do estrago.
Ele passa.
Todas nós, figurações do tempo.
Antes que eu entenda, já me carregou;
em giros, que eu fico tonta.
Não preciso de toda a minha sanidade,
ou equilíbrio,
para o que ele quer me mostrar.
Que o amor falha,
como a costura do vestido,
ou a tabelinha-matemática-do-sexo.
Que amor vira ódio,
até que não precise mais,
aí vira nada.
Tudo o tempo vê. Nada o tempo prende.
Tudo, dentro dele, como ele, vai passar.
Quando é pergunta que ele não responde.
Nunca não existe, é piada.
Sempre é o rebote, também não há.
Hoje é a minha aventura.
Antes era você.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
cabeça linda
Numa coleção de vidas, uma vida só
Que tem validade improvável, e nunca se sabe se hoje foi o último dia pra des-dizer que te amo.
Numa vida só, uma mulher, outra mãe;
Uma criança, outra adulta;
Uma cínica, outra sinceramente amor;
Uma eu, outra eu.
E o que mais me surpreende é que todas bailam aqui nesse quarto,
descem a escada,
cortejam o rapaz,
aplaudem o filho,
escrevem no ônibus devaneios e saudade.
Seres que me movem, tempos que me escorrem,
sou índia, filha de Nanã e alheia no mundo.
Que tem validade improvável, e nunca se sabe se hoje foi o último dia pra des-dizer que te amo.
Numa vida só, uma mulher, outra mãe;
Uma criança, outra adulta;
Uma cínica, outra sinceramente amor;
Uma eu, outra eu.
E o que mais me surpreende é que todas bailam aqui nesse quarto,
descem a escada,
cortejam o rapaz,
aplaudem o filho,
escrevem no ônibus devaneios e saudade.
Seres que me movem, tempos que me escorrem,
sou índia, filha de Nanã e alheia no mundo.
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
na rua donde as minhas moram
saudade nos ossos
roendo em palavras ditas
em papeis achados
mudança da outra é minha também
vi lá uma dedicatória
e volta no ouvido uma velha canção proibida
passo a chave mas os portões ainda deixam entrar
haja delicadeza para tanta espaço de ausência
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
saudação à força da leveza
chega uma água calma
para levar consigo
traços & partes
que a correnteza
não conseguiu arrastar
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
a linda rosa que eu ganhei
O amor, profundo, me mata.
Insisto, mata de novo.
Pode chamar do que quiser. Pensar o que quiser.
Entre o 'só' e o 'tudo', era amor.
Limites que dei para o 'tudo' que era: 'só' amor.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
sábado, 26 de setembro de 2015
cabelas
Todo dia se reescreve com uma nova história
Meus cabelos crescem. Vermelhos, como é da minha natureza.
São a manifestação mais corporal em mim de que o tempo passa,
que eu me renovo,
me transmuto,
me permito,
me liberto.
Resistem às dores, prolongam os fios.
Enlaço pelos dedos, andando na rua, o pouco que ainda é preciso contar.
Dos tempos que passamos Lua entre bares.
Não explicávamos.
Poesia não explica.
Enquanto perambulo ideias, meus cabelos enrolam os dedos, na força vermelha de me reconstruir.
Fiz o caminho de volta, olhando nos olhos do tempo.
Vou pelas ruas - eu na imaginária - desenhando o que foi e o que virá,
história que é minha com e pela cidade do Salvador.
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Os modelos patinam em uma pista, eu – e tantas – em outras.
sábado, 19 de setembro de 2015
tecitura
A in-dependência da gente
Escrever me ajuda a pensar
E eu tô – quase – sempre precisando de ajuda
– embora nem sempre aparente, ou apareça..
O-que-é-que-eu-quero-ser, pra quem eu quero ser?
Eu, que amava a sua companhia,
ando só pra entender o amor em mim
E cada vez que me despeço da compreensão e rumo pro que há em mim -
corpo lágrima e sol,
Me possibilito mais
Me reconheço mais
(e mais pode ser menos, pode ser qualquer coisa)
Não há amor pra tudo
Nem pra todas as lembranças
Nem pra todos os futuros
Mas prefiro tentar
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
certas histórias que não sei contar mais
Cheiros atordoam.
E me cobrem – também – de silêncio.
Histórias contadas aleatoriamente atordoam também.
Eu não finjo, nem busco detalhes..
apenas as guardo no meu corpo por um tantinho de tempo, para que eu possa e saiba adiante das horas despedir-me.
Tempos me atordoam.
Porque tudo é tempo nessa vida.
Tá sofrendo? Com o tempo esquece.
Tá doendo? Com o tempo passa.
Tempo de chuva, de ressaca, de andar na rua, ir pro baile, pra praça, de ficar em casa, de tomar banho de mar perto do farol.
Tempo não é idade – mas também conta.. – tempo é mais.
Tempo sou eu.
domingo, 13 de setembro de 2015
biografia
Sou uma pessoa que não sai muito de si para confiar na outra. Isso se apresenta na forma de desinteresse pela outra, ou melhor, desinteresso-me que a outra saiba de mim. Minha vida passa a ser irrelevante para a outra, dispensável que ela saiba de mim.. e, ainda que queira num belo dia, pra ser diferente, falar.. me faltam na hora assuntos ou forma de abordar. Assunto rápido, do tipo corriqueiro ou superficialmente banal pra falar em 1º pessoa. (..e como as pessoas geralmente preferem falar que ouvir..)
Acho que isso é des confiança. Será?! Pareço que não confio às outras o meu silêncio, as minhas palavras, os meus assuntos, as minhas ideias, o meu “tesouro” guardado e escondido dentro de mim.
De tempos perdidos em tempos achados, encontro alguém. Alguém em quem confiar, com quem me sinto bem e à vontade pra partilhar. Alguém que quer me escutar, com quem falo e não me sinto sugada, esvaziada; com quem quero estar, não canso no meio do trajeto, embora não seja o objetivo chegar. Geralmente alguém por quem me apaixono, com ou sem sexo. E como se parece com encontros antigos, velhas conhecidas de tempos remotos, vidas remotas..
O que há de tão escondido em mim que não pode ser sabido pelas outras?
O que há de tão secreto?
Porque a outra é tão perigosa?
Porque não confio?
Soberba ou medo?
Proteção?
Qual pedra trinca meu vidro?
Parece mais um esconderijo que lugar consagrado. Parece mais angustiante que vaidade. Aprendi a ficar só. Aprendi o silêncio como seguro. Confiar, só depois de certa observação, e com pistas que me levem ao antigo. Olhar que me diga o improvável. Certa fenda de um mundo para outro.
Tantas rotas, pra tão poucos encontros. Quantidade não será a minha marca.
Sei que do amor sou um lugar, uma sujeita, um trajeto.
e amor pode tudo, até confiar
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
recreio
Calhou de te ver, dorso nu, no tempo do intervalo.
Na hora que o juízo sai pra tomar um suco, ressaca de tanta correção.
No tempo que suspendem-se segundos por horas, um breve olhar contamina toda a andança.
Não havia outra reação, só me salvou te amar.
terça-feira, 8 de setembro de 2015
de Salvador a qualquer lugar
Cidade geográfica e amorosa.
Conquista de mapa e sentimento.
Trajetos que são como diários de história de amor.
Lugares que trazem consigo cheiro, tempo e sentido na pele.
Não são lugares neutros. Não somos pessoas neutras. Não há tempo neutro.
Ruas caminhadas em dupla são ruas que contam segredos esquecidos.
A memória que os pés trazem de volta, meses.. anos depois
Penso que não vivo à toa o que vivo e o que já vivi.
Penso que à toa é um tempo também lindo de se viver, na malemolência do amor, aquele que a gente pensa que nunca vai acabar.
Até que nos suspende do mundo.. e acaba!
O mapa (folha de papel) vai pro fogo, símbolo que queima arrastando sentimento.
Trajetos são desviados – depois retomados.
Lugares, evitados – depois retomados.
Ruas.. tantas ruas quanto transeuntes nesse mundo há.
Cidade que retoma sua geografia amorosa. Sou um corpo disposto a andar por aí
sábado, 5 de setembro de 2015
na fogueira
Eu amanheço com o desejo do dia que começa
(- já disse pra não olhar pra esse aparelho que emite imagens retroativas!)
Eu vi.
Eu sou.
Sobrevivo a golpes escrotos, entre a minha imaginação e a realidade dos dias
Fico me perguntado que traçado doido é esse, linha imaginária que dias borda, dias desfaz os enchimentos vermelhos do meu coração
Tudo parece uma grande cura desde então
Quanto então e cura ainda suportarei entre rasgos & remendos?!
Entre o fogo de folhas secas antigas, e o sangue que sai de mim, cavo poesia no túmulo da natureza. Enterro assim as letras modificadas do amor.
Sairá mais sangue, com certeza. Folhas no caminho, talvez. Preciso que continue diferente. Preciso de um mundo novo, redesenhado por mim e a minha fogueira de cinzas, sangue e folhas.
Que algo se processe. Que eu queime junto. Que eu queime sempre.
domingo, 30 de agosto de 2015
peculiaridades do tempo
Passei umas luas fugindo da lua
Com medo do mal que ela me fizesse, do exposto, do sublime precipício do alto
Com medo da sua força, da sua luz, negando assim as minhas.
Agora não fujo mais! Me reconciliei com as minhas luas. Não há só tristeza e silêncio.. há luta, força, coragem, sedução e amor!
A saudade no seu lugar, passado.
Sem tempo para o futuro, e com uma profunda admiração e afeição pelo presente, esse momento.. de olhar a lua e estar-me com ela.
Viva, linda, radiante, cheia e plena.
(Lua Cheia de agosto, sábado, 2015)
Com medo do mal que ela me fizesse, do exposto, do sublime precipício do alto
Com medo da sua força, da sua luz, negando assim as minhas.
Agora não fujo mais! Me reconciliei com as minhas luas. Não há só tristeza e silêncio.. há luta, força, coragem, sedução e amor!
A saudade no seu lugar, passado.
Sem tempo para o futuro, e com uma profunda admiração e afeição pelo presente, esse momento.. de olhar a lua e estar-me com ela.
Viva, linda, radiante, cheia e plena.
(Lua Cheia de agosto, sábado, 2015)
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
eu e o infinito delírio chamado desejo
(piora com o álcool)
agora que não tenho mais pra onde voltar
agora que não há lembranças
agora que não há palavra
piso na rua, e desatordoada, sinto o vazio de não ter nada construído
.. e o alívio de não ter nada construído.
sim, o desejo que me delira ainda infinita-se corpo adentro.
minhas marionetas estão descontroladas
é corda linha pau arame dor sorriso e vontade pra tudo que é lado, cima e baixo.
não, não prendo nem destruo.
a-prendo o doce contorno do meu corpo,
e a dura fatura da separação.
Quero junto, eu e a outra, eu.
agora que não tenho mais pra onde voltar
agora que não há lembranças
agora que não há palavra
piso na rua, e desatordoada, sinto o vazio de não ter nada construído
.. e o alívio de não ter nada construído.
sim, o desejo que me delira ainda infinita-se corpo adentro.
minhas marionetas estão descontroladas
é corda linha pau arame dor sorriso e vontade pra tudo que é lado, cima e baixo.
não, não prendo nem destruo.
a-prendo o doce contorno do meu corpo,
e a dura fatura da separação.
Quero junto, eu e a outra, eu.
domingo, 16 de agosto de 2015
um silêncio
Um tempo mudo, mas presente
No silêncio, o amor se mostra em intenção
Muitxs me querem, cuidam, protegem
Mas tem uma hora que o amor é tão escroto que só tem uma cara
Uma anamnese, uma patologia, um pelo, um gosto, um cheiro, um erro, uma culpa
A gente podia não beber e ter tanta sanidade que nada doesse além dos ossos (que não escutam as explicações racionais e gemem)
E a gente fica pensando que tá velhx e por isso o corpo dói
Mas é um trânsito de interesses.. e o corpo ajuda a alma a dilatar a dor
Saluba Nanã BurukE
sábado, 15 de agosto de 2015
provisões para uma longa viagem
inadaptações:
para as dores que chegam ao meu corpo,
prescrevem-me
expirações longas - os suspiros
e escrever
sigo as recomendações
a consulta são palavras
um abraço no final
um carinho para o corpo cansado
estou a cada passo entre o ar e a letra
sigo!
terça-feira, 11 de agosto de 2015
ventos fortes anunciam: deixar ir é ir-se!
O tempo cai lá fora
Lá.
Venta muito no Rio Vermelho, e eu lembro com reverência da força da Deusa Iansã. Do tudo de vermelho que eu respiro dela, subjetivamente. Dos raios e trovões que ela invoca. Dos ventos.
Digo que tenho medo de vento forte assim. Essa ordem de comando vinda dos céus, quebrando as árvores do meu ancoradouro, destruindo a estabilidade dos espaços. Desafiando, destruindo, derrubando.
De outro modo, daqui do meu castelo prestes a ruir, por um a dois copos a menos de fragilidade e tristeza a poderosa Mulher dança a transformação no meu tablado improvisado: tudo que nasce, morre! Dedicar vida à morte.. ela não dança assim!
Há muito o amor se foi. Eu me perco em passados, odes ao passado. O vento irrita-se com a insistência, deixar partir também é amar.
Uma noite sonhei que, do céu, atravessava-se entre mim e o meu mundo algo de muito forte.. e destruía tudo. Sobravam eu e uma criança. Sem impérios, paredes ou proteções. Eu segurava a criança e, aliviada, saía andando com ela pelo novo mundo, sem o peso do tempo ou das conquistas passadas.
Iansã guie esse desmonte! Estou entregue à sua força (mesmo com medo, rs).
terça-feira, 28 de julho de 2015
Ainda que em silêncio, não há sigilo.
Sigo buscando remendos.
Diaadia, entre rua, banhos e cantadas, estou a me cerzir, coração e vestido.
Uma veste que me deixe confortável na vida,
um amor que me coloque pra dormir em paz.
O mundo cabe num brechó, raramente o que me encanta espera-me num grande magazine.
No buteco, aquele trago é que me galanteia esperança, voltar a sorrir.
Passar e sorrir!
Assim é que, de volta pra casa (como sempre pareço estar), percebo, quando o sinal me pede calma, que cada uma dessas horas em que penso tantas coisas & pessoas, é na verdade a costura de mim novamente, linhas tiradas do movimento, rasgos do tempo me cozendo.
Retalhos, meu amor, nem colcha nem nudez..
costuro em mim a promessa de que um dia não precisarei de mais nada de novo, tudo aqui já está, entre eu e você.
Sigo buscando remendos.
Diaadia, entre rua, banhos e cantadas, estou a me cerzir, coração e vestido.
Uma veste que me deixe confortável na vida,
um amor que me coloque pra dormir em paz.
O mundo cabe num brechó, raramente o que me encanta espera-me num grande magazine.
No buteco, aquele trago é que me galanteia esperança, voltar a sorrir.
Passar e sorrir!
Assim é que, de volta pra casa (como sempre pareço estar), percebo, quando o sinal me pede calma, que cada uma dessas horas em que penso tantas coisas & pessoas, é na verdade a costura de mim novamente, linhas tiradas do movimento, rasgos do tempo me cozendo.
Retalhos, meu amor, nem colcha nem nudez..
costuro em mim a promessa de que um dia não precisarei de mais nada de novo, tudo aqui já está, entre eu e você.
domingo, 26 de julho de 2015
fotografia pra saudade
Tempo da lua voltar ao jardim
Tempo de esteira na grama
Tempo de se conectar, olhar, tocar, sentir
Tempo de volta, tempo pra frente
Pra saber quantas há, sentir a luz da madrugada
Tempo de vinho branco, frutado, em brinde
De sentir a temperatura do masculino e feminina na taça
De bolinho da Duda com uma colher para duas
Tempo que se passa sozinho entre a chuva fina e o pensamento solto
Desconstruir todo um dia na brincadeira das palavras
Repetir, inventar, inverter, sorrir
Desse tempo que passa e nem repara em mim,
Peço que me conceda a sorte
Que eu aprenda a amar enfim
sexta-feira, 24 de julho de 2015
perambulância
Começa a semana.. quarta-feira!, no meio das vidas-calendário
O cine espalhava inocência de menino e afeto cearense:
din-din, bom-bom, outros-encantos
Hoje ainda sei ser criança..
brincar no outro espelho,
pernas finas e café com leite.
Corpos paradeiros de alegria,
quem deita é quem somos.
Pra mais de um agora,
tudo desconhecemos
Mas pra cada olhar escondido,
amor
domingo, 19 de julho de 2015
pelos trajetos, pelos
Era um caminho da cor de pétalas, aquele que fazíamos juntos. Embora caminhássemos no asfalto, nada me impedia o faz de conta. Gostava da medida do teu amor por mim. Um sorriso, almoço comercial, perguntas que um homem nunca faz e você fazia, sobremesa eventual, 2 xícaras de chá. Claro que pode ser engano meu, mas eu prefiro chamar de amor. É mais doce, mais colorido, mais suave.
De volta, ainda que eu tivesse cuidado, era fingimento, pois eu não tinha medo de atravessar a rua contigo. Assim como nunca me amedronto antes de me apaixonar. Sou o estrago da precaução. Gostava de saber que ainda haveria outros passos depois. E escadas para subir. Portas para abrir. Uma ou outra possibilidade para um olhar, uma brincadeira, breve sigilo no meio da tão pública sensação que ninguém percebia.. os cegos do olhar.
Tanto assim que agora, já esquecidos que somos no tempo pagão, quando preciso solucionar meu descanso para longe da tristeza, é naquele percurso que penso, e na medida leve e carinhosa do teu amor por mim.
De volta, ainda que eu tivesse cuidado, era fingimento, pois eu não tinha medo de atravessar a rua contigo. Assim como nunca me amedronto antes de me apaixonar. Sou o estrago da precaução. Gostava de saber que ainda haveria outros passos depois. E escadas para subir. Portas para abrir. Uma ou outra possibilidade para um olhar, uma brincadeira, breve sigilo no meio da tão pública sensação que ninguém percebia.. os cegos do olhar.
Tanto assim que agora, já esquecidos que somos no tempo pagão, quando preciso solucionar meu descanso para longe da tristeza, é naquele percurso que penso, e na medida leve e carinhosa do teu amor por mim.
quinta-feira, 16 de julho de 2015
terça-feira, 7 de julho de 2015
quando ainda
Amor de entranha, de profundeza
Acaba o encontro e ele não parte. Amor que se demora
Não amanhece mais e ele fica
Já se foram os objetos.. queimados, quebrados, rasgados, doados, perdidos
Tempo de gigante
Como chuva, só que demorada
Anos chovendo nessa horta alagada
Sonho o tempo que passa. Sonho passos.
Não espero mais nada. Só espero passar.
domingo, 28 de junho de 2015
reconsiderações
Eu leio, eu bebo / Não fumo nem toco violão / Eu esqueço eu lembro / Sonho, às vezes / E gosto mais de ficar sozinha / Mas sei que também preciso das presenças / Sei que preciso de outros ares, e cores, e cheiros / mas não tenho ainda a proporção / Viajo pra saber onde estou / Termino ficando comigo, o término diz da outra, não de mim / Eram espaços que eu pensava a 2, mudar o pensamento é resiliência
sexta-feira, 19 de junho de 2015
por um bar
Desde janeiro que vivo poucos períodos na rotina. Férias (com viagens), panes no prédio do trabalho, pane na saúde do meu corpo, paralisações, greve. Todas palavras muito emblemáticas (tenho lido uma palavra, uma emoção, até um tempo em várias linguagens, idiomas sentidos)
Meu trabalho, por ser eminentemente burocrático, é quem delimita a minha rotina; as horas que suspendo minha vida criativa pra digitar a realidade – ou a fantasia – das outras pessoas. Pois retorno num dia e, passados poucos, quando já estou prestes a sufocar dentro do espanto repetitivo.. algo acontece!
2015 é uma incógnita para mim. Digo, na minha vida. Tremo, respingo, me molho, salto, me queimo, me restabeleço. Encaminho projetos, coisas miúdas que viram cernes no meu planeta. (tenho vontade de acompanhar 1 dia na vida dxs amigxs pra entender como coisas importantes acontecem, como se processa a rotina das pessoas que realmente fazem coisas que importam.)
2015, talvez o ano das miudezas. E do: “não sei ao certo”.. Me sinto meio suspensa no tempo, sem coisas a oferecer ao mundo. Me sinto meio como o vento, passando.. Nada marcado, nada elaborado, nada concretizando-se, um vento mudando as coisas de lugar, sem arrumar o lugar novo delas.
Me sinto – às vezes, somente.. como hoje – que certa saudade, certa memória, certa lembrança demoram muito a passar e eu aqui, à espera de um novo sorriso.
Das coisas que me preenchem, a cena de um filme, um sonho que tive, outro filme. Fragmentos de histórias que nem são a minha, mas que fazem parte de mim agora.
- Conte o filme!
Se contar, talvez nem entre a tal cena.. porque foi um olhar, uma mão que tocou sutilmente na outra, algo em mim que acionou. Sei quando algo me toca quando levo pra dormir comigo, rs.. deito e trago aquele gesto, aquela lembrança de volta, e volto a ficar feliz e com esperança, volto a sorrir. É uma solidão desconcertante essa que vivo; quando percebo – ainda que em ficção – que mais pessoas conseguem viver assim, fico um pouco mais calma, talvez minha tribo até exista..
No sonho chegam tantos símbolos que demoro pra sair dele depois que acordo. Uma cria que pari sozinha, mesmo estando com a casa cheia, e ela chega sorrindo, batendo palmas. Traz o passado em um chamado, e o medo do futuro em uma característica. E eu, ciente por alguns minutos da minha força, da minha capacidade. Me aconchego em mim, faço uma dança em círculos de “oito” com o corpo, ciente da dor, em equilíbrio com ela. Não chamo por ninguém, não peço ajuda (sinto que não preciso, que já tenho tudo). É uma solidão potente essa que vivo!
Diga o que quer!
Exito..
Acho abusado ter certeza dessas coisas. Meus sonhos são aquarelas. Meus desejos também. Sei o que quero em instantes rápidos, diluídos em cores lindas e suaves, que não me dão tempo de agarrar-me a eles. No resto do tempo, esses tantos detalhes virão em confusão, apertados entre as dúvidas, os medos, os traumas. Sei que apaixonada sou mais feliz. Mas isso é como uma multidão de possibilidades voando no alto da minha janela, não agarro ‘estar apaixonada’ com as mãos, com a boca. E ainda há aqueles dias que fecho violentamente a janela, para que nada passe, para que nada chegue.
Como abraçar todo o amor que sinto-me. 2015 me espanta em generalizações. Essa diversidade esquisita que sou me coloca no fim da fila todos os dias, da fila que nem quis entrar. No resumo: não tenho currículo, nem papo bom, nem boa postura.
2015. Se achar um bar pra chamar de meu, será um bom ano!
domingo, 14 de junho de 2015
a linda imagem da mulher fotografando na praia
A preguiça que chega das palavras sobrepostas nas bocas
Tudo parece tão diferente quando não somos nós xs amantes.
- Um dia brinquei de luademel pelas ruas, foi divertido e amoroso.. mas não acho que perturbávamos os passantes enquanto nos amávamos nas mesas dos bares escolhidos.. só não acho, não sei. -
Tudo tão banal quando não nos espreita o amor. Sem o toque nas sobrancelhas, sem o que está por ser dito, sem o mistério do vir a ser.
O amor é uma droga.
A abstinência saudável aguarda uma nova descoberta. Que, para essa, ainda não haja obstáculo, ainda não se saiba a verdade. Porque a paixão encomenda a mentira alvissareira do novo dia, novo mundo. E com ela se esquece todo o dano, todo o prejuízo do que fez muito bem, mas quase te matou.
domingo, 7 de junho de 2015
os destinos
Todo esse linguajar, quando a língua anda na saliva
Toda essa palavra pra esse absurdo que é a vida fora de quem se ama
Toda essa alienação exigida pelo mundo social, antigos traumas, histórias de vida.
E no meio dessa confusão, deixa-se para o sempre O AMOR; queixa-se para o nunca O AMOR
Aquilo a que somos destinados, o que viemos fazer por aqui..
perde-se o amor de vista e alma para que a vida prossiga trilhando as tentativas
Não há explicação para o que é nosso e essa história carrega pra longe.
Eu sei cada pedaço de sono,
cada espaço ocupado,
cada cacho,
cada sorriso,
cada falta,
cada esquecimento exercitado.
Sei também daquilo que sou forjada, minha força e minha temperança.
E um dia, por supuesto, descubro a trama desse específico bordado ao qual fui destinada.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Andarilho - ou.. uma das pessoas que olhar o mundo de fora me mostra - ou.. uma das coisas que o Vini me ensina quando conversamos
E lá vinha ele, pulando aos círculos, sorrindo e acenando pra quem o olhasse, de pássaro a menina, até me encontrar.
Tinha um sorriso vestido pelo mar que ele não cansava de olhar. Conversava com as ondas; discutia, quando discordava da sugestão delas.
Era incisivo, vibrante.
Alterava-se por qualquer mudança no ambiente, mas acalmava-se fácil também, no meio do silêncio ou na maior confusão.
Falava com todxs, até com xs invisíveis para esse mundo.
Não discriminava, por tanto que era discriminado.
Hoje sentei, esperei, mas ele não chegou. Vi de longe, o passo acelerado, indo pro outro lado.
Não pula mais círculos, foi ter com outros bichos.
Seu mundo é a natureza.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
a princípio, somos muitxs
Meu amigo mora longe e eu queria muito ele aqui perto de mim.
Então meu organismo, aleatoriamente, o encontra na rua com frequência.
É engraçado, porque o encontro sabendo que não é ele..
mas me divirto com meus mecanismos de porta retratos.
Em Bologna, achei ele na estampa de uma bolsa.
Em Salvador, na fila pra comprar ingresso pro show.
Tenho amigxs boas e que estão perto, pertinho de mim..
sou grata a elxs, em certos momentos elxs me salvam a vida alegre.
Mas hoje, era bom que fosse ele mesmo ali, na linha colorida, acariciando a minha loucura.
terça-feira, 26 de maio de 2015
Sagitário soube.. - de volta!
Porte de amor
Pego meu transporte e vejo o mar.
Só quero a folia de pensar em ti sorriso
Vou de mochila pra lugarjar meu pensamento
E sonhos, bênção, e palavras
Mas isso às vezes
No todo dia, o que levo pra te ver, é amor
Visto saia colorida
Quase arrumo os cabelos
Beijo de lembrança é bom
quarta-feira, 29 de abril de 2015
lança chamas vermelho-quarta-feira
É verdade, hoje – justo hoje, logo hoje, é claro que é quarta-feira – lembrei da origem do Sorriso. Mas não consigo encontrar entre as palavras, o momento. Talvez seja uma coisa pra só ser sentida, coisa de memória fluida, não tem marco, não tem tempo.
Junto retalhinhos puídos e construo nada, para nada meu esforço pueril. Um momento de falar, uma lembrança de palavra, um correio eletrônico perdido, uma foto antiga que não mostra mais a verdade, saber que estávamos ontem tão perto (quem sabe você nem foi..)
Nunca mais tive tempo pra esses experimentos sofridos. Nunca mais quis saber como hoje. É busca como no meio da água de um papel que há muito ali foi lançado. É busca como de uma imagem que aconteceu anos atrás. É busca como para abraçar uma coisa que não se toca. É busca louca, é busca que não encontra, essa minha busca por ti.
Um gole. Não há mais palavras, nem as que diziam amor, nem as que cuspiam raiva cega. Um gole. Os retalhinhos puídos estragam meu esquecimento hoje. Um gole. Ainda quero olhar praquela foto e não me arranhar. Garganta seca. Vou conseguir. Saudade.
segunda-feira, 27 de abril de 2015
perto demais
Essa noite ninguém dormiu bem
O coração só lembrava de antigas histórias para contar
Eram histórias bonitas, alegres, mas então não sabíamos mais ficar no presente.
Foi-se o tempo para as caixas, a memória para as cores, o amor para as letras.
Habitantes de mundos perdidos pulavam de dentro de nós.
Querendo espaço. Querendo guerra. Querendo amar.
Cá estamos nessa fúria dispersa, tentando amansar as feras, segurar-se em pernas, no meio de toda água violenta.
(há que ser violenta para arrastar o tempo e a lama)
Até que voltemos para os nossos lugares, o agora,
ninguém dorme bem nessa cidade.
O coração só lembrava de antigas histórias para contar
Eram histórias bonitas, alegres, mas então não sabíamos mais ficar no presente.
Foi-se o tempo para as caixas, a memória para as cores, o amor para as letras.
Habitantes de mundos perdidos pulavam de dentro de nós.
Querendo espaço. Querendo guerra. Querendo amar.
Cá estamos nessa fúria dispersa, tentando amansar as feras, segurar-se em pernas, no meio de toda água violenta.
(há que ser violenta para arrastar o tempo e a lama)
Até que voltemos para os nossos lugares, o agora,
ninguém dorme bem nessa cidade.
sábado, 18 de abril de 2015
silêncio do dia
No rumo da prosa, já vivo uns tempos sem você entre os meus assuntos públicos ou referenciais.
Menos que proibido, é que não há inserção necessária:
deixamos de ser, mesmo que meu coração ainda se confunda com isso.
Sem querer ser apressada ou negligente, venho tentando apreender outras formas de apreciar o tempo e seus passares.
Uma nova amiga me disse que o que é pra ser feito, que se faça logo!
O mesmo pro que é pra ser vivido, ou o que é pra ser deixado.
E ela estala os dedos pra me explicar – pacientemente – o que quer dizer “logo!”.
Músicas salvam, como no meu sentir faz toda arte.
E agora mesmo eu tava pensando numa do Chico..
“Hoje o inimigo veio me espreitar
/Armou tocaia lá na curva do rio
/Trouxe um porrete a mó de me quebrar
/Mas eu não quebro porque sou macio, viu”..
Tá tudo certo no que vivo, queria só que fosse mais ágil essa passagem,
derramamento da nossa história nas calçadas para o esquecimento.
Talvez o fogo prum escape mais rápido desse perdido combustível..
(nem as recordações aguentam mais serem e não serem mais)
Não monto mais espera, não desejo mais acasos, não esbarro mais com peças nossas..
elas se retiraram do espaço onde vivo no mundo.
Meu perfeito é desfigurado e isso me acalma para continuar vivendo num planeta tão cheio de intervenções que não entendo.
Quero amar, mas ainda oscilo em completar o esboço.
Sugiro ajuda, peço auxílio à música, às proteções que sei que tenho,
que façam por mim o que eu quero mas ainda não sei direito como fazer.
Ou demoro a aprender ou a minha viagem é essa mesmo de nunca saber..
quinta-feira, 16 de abril de 2015
adiante
Amanheceu.
Às 19h30 mais um vislumbre de que resolvíamos assuntos entre o céu e a terra.
Um fim continuado, em trajes de despedida.
Não mais.
Ao mesmo tempo, foi-se – e vem.
Porque somos o perdido – e eu prestes a achar.
Essa página, rasgada, amassada, chorada, sofrida, mutilada.. que diz, sussurrando calma, “não sou mais”.
Fui o amor.
E o amor é aquele instinto lindo que mata.
Ou o bicho afetuoso que engole aos pedaços.
Nele é mais à pele a conjugação da vida-morte-vida.
O amor faz tudo isso. Se paro no caminho, só sei uma parte.
Agora que não posso mais olhar pra trás, que alívio.
Liberdade de só ter à frente, o adiante.
Meu prosseguir tem seta destinada à vida!
terça-feira, 14 de abril de 2015
rotina
De manhã tomo café. E algo no ar está diferente. Desde ontem.
Estou parada, mas sei que há movimento.
Em mim se processa o passado, o tempo, a saudade, o medo, a beleza, o silêncio, o amor.
Ontem não deu pra fazer mercado. Voltei pra casa e fiquei parada, escutando o mundo que me chegava por sensações.
Li coisa ou outra, senti o tempo nas horas que avançavam, madrugada.
Vou guardar as caixas, as cores dentro das caixas, as letras dentro das cores.
Guardar não é esquecer, mas acomodar longe do tumulto, descansar.. não preciso mais correr, não preciso mais chorar.
No seu tempo, precioso em compreensões, o corpo volta a respirar.
Sente o ar vibrando, sente a potência da vida.
À noite eu sinto fome. Algo no ar me dispersa.
Acho que são os pensamentos reforçando tudo o que eu não sei, tanta coisa assim.
Um banho, uma reza, um cheiro.. a vida segue, dentro de mim também.
terça-feira, 7 de abril de 2015
parte que(m) não tem tempo
O tempo do mato, dentro de mim.
Por 5 dias eu saí de casa e da cidade onde moro e fui pra outro lugar. Um lugar fora do tempo dessas ruas que hoje voltei a caminhar. Verdes e mulheres ao meu lado, em rodas de conversa, em respiração e beleza. Eu fui porque era parte do meu caminho, e agora fico aqui em silêncio pra sentir em que mundo resolvo voltar.
Caminhamos pelas terras pra encontrar água, de força e beleza, águas d’Oxum! Seguimos o fogo até onde a lua cresceu, cheia. Beirávamos os ventos, nas plantas, nas árvores, nos pensamentos.
No caminho ouvi uma história da cobra quando muda a pele. E vi a pele deixada no alto, entre as telhas. Eu só escutava, com a mesma naturalidade de quem contava e de quem perguntava.. o tempo das cobras mudarem, “um indicativo de que elas estão em processo de crescimento e renovação”..
Ontem minha pele começou a estremecer: vermelha, irritadiça, rugosa, queimando na superfície.. Lembrei do couro esticado no alto. Pra onde vou até que esteja apta para voltar?! Que profundeza quero mais pra mim? Que pele me resta viver?
São dessas coisas que eu tenho saudade e não tem remédio que alivie.. há que se viver e se perder, cura de dentro, poder pra dentro..
no corpo, uma febre, rascunhos do passado, muita água, e música.. deixar-se o tempo à beira, no portão de entrada, e seguir sem ele, sem precisão.
Desconheço meu poder nesse emaranhado de sensações, agora só quero quietude.
- pra dentro de novo, Silvana.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
3ª noite
A gente sonha e o tempo volta.
Então a gente vibra e pensa que tá tudo bem
A gente segue.. e hoje eu sigo sem arrastar corrente
Sorrio no meio do mundo, no meio da rua
porque sentir saudade leve é se apropriar da minha história, sem auto piedade, sem calúnia, sem estigma
Agora vou pro mato sem ser fuga.
Sou ativa e participo do conto da minha vida, uma crônica revolucionária!
Quando sonho assim, paz em progressão, sei que há outros níveis que sucessivamente se harmonizarão..
A gente deu o que podia,
e poesia embeleza o mundo!
Num dia de sol e esperança,
escuto Chico porque saudade tem trilha sonora na agulha da radiola, amor
Sou a emoção comunicada em silêncio, um sonho, mais um sonho.. a paz progride na quarta-feira
terça-feira, 31 de março de 2015
impermanência
O cartão de apresentação era a poesia. Comigo sempre funciona.
Da minha parte, a indiferença defensiva que carrego na bolsa, e, não estando com uma, na alma.
Encontros nem sempre me favorecem, sou capaz de atear fogo em fuga
Quando só queria um beijo.
Todos caímos, para aprender a andar.
Já para amar, recomendo
poesia
paciência
e sorte
quinta-feira, 26 de março de 2015
João
Foi num dia.
Depois que já tinha chovido muito na sua vida
Dias e dias e dias de céu fechado,
tempo de morte, nuvens cinzas, vento ruidoso, muita água.
Ele sofria enquanto os dias se acabrunhavam.
E então, um dia, amanheceu.
Ele, ingenuamente, ficou em paz
(licença poética para querer o bem)
sábado, 21 de março de 2015
de sombra e luz
Quando a saudade muda de paradeiro
Vou aí te encontrar
Ou num sonho, aconchego em qualquer outro lugar
Mudar de roupa
trocar o lado da rua - mudar de rua!
Sorrio, mesmo sem te imaginar passar
Se antes olhava pra trás, procurando alegria de outrora,
hoje meu mundo se expande adiante
e os paralelos dos lados, onde a eternidade revive
o sonho, o desejo, a aventura.. Sou multidimensional, e o Amor me acompanha!
Vou aí te encontrar
Ou num sonho, aconchego em qualquer outro lugar
Mudar de roupa
trocar o lado da rua - mudar de rua!
Sorrio, mesmo sem te imaginar passar
Se antes olhava pra trás, procurando alegria de outrora,
hoje meu mundo se expande adiante
e os paralelos dos lados, onde a eternidade revive
o sonho, o desejo, a aventura.. Sou multidimensional, e o Amor me acompanha!
terça-feira, 17 de março de 2015
o sono das dores
e aí,
quando a gente percebe,
já é outra coisa
gratidão às Águas pelo movimento
transmutando amor,
refinando tempo.
quando a gente percebe,
já é outra coisa
gratidão às Águas pelo movimento
transmutando amor,
refinando tempo.
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