domingo, 10 de junho de 2018

adiante (não há futuro)


tenho encontrado lugar pra ti, em parte discreta do instante, na estante próxima, mas não muito mexida.
tenho me mexido sem você

tenho olhado pra você, não tão perto, pensamento, e visto alguém com quem vivi o amor, deliciosamente.
entendi o que foi

não sendo mais, já não me faz tanta falta, nem mágoa, ou saudade.
faço por mim coisas bonitas
encantamento nas águas pra vida ser doce de volta, quero re-aprender a do-ser.

quando sei que o amor anoiteceu e não volta a ser manhã, sou dia.
ainda há outros cortes, porque antes havia outras carnes
e tudo o que toca no que já foi ferida mina

mas amores saram amores
dentro de mim o remédio, junto de mim o abraço
como se só agora, diante de tantas voltas, eu pudesse
amar é a colheita

(foto: Nathalia Miranda)