terça-feira, 3 de dezembro de 2013

feixe de luz


Quando chove assim a poesia escorre,
pingos na parede antes agasalhada.

memórias na minha pele
o cabelo molhado de sagrado muda de cor.
O gozo também é uma chuva dentro da mulher.
(quantas de mim chove em mim?!)

As paredes são a pele da minha casa
No meu corpo, casa, mais pele irradia poder.
É a barriga, é o peito, é a chuva, é a gota que pinga do meu coração.

Charco. Nanã.
Partes surradas, suadas, na lama desabrochando flor.
Re-parte. Depois liga.
Gruda amor no meu coração que amor não se esfarela nem com tiro, nem com água.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

girando, girando


Eu pulo a cerca
Eu furo o cerco
E saio dançando - com você!

Uso um pingente imaginário que diz:
siga o seu coração!
Não é a cabeça, nem a bunda.
Não é o do mestre, nem o da amiga.
É coração. O meu.

Custou entender que sentir é o saber.
Assim é que hoje meu portal é meu interno.
É pra cá que vou!
Tratei as dores com Cura Prânica
E sonhando ouvi os melhores conselhos.

Fluo através das cercas.
E só me enxergam com os olhos do amor.
Danço para além do cerco,
da curiosidade,
da especulação,
da ira,
da maldade,
(tudo coisa nossa, de gente)..

Bailo adiante em sorriso,
com meus protetores,
com meus guias,
com o amor.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

a bela estação

Vamos viajar juntos, acampar fora do mundo

Fazer comida em fogareiro, resgatar alimento dos sonhos
e dourar os sorrisos nos dois lados à luz do sol

Vamos banhar em cachoeira,
ruma de vento,
argila no corpo,
corpo um no outro,
nós num encher de muita água doce,
lugar que ainda vamos inventar, quando chegarmos lá

Na mochila,
o que não deu tempo nem jeito de lermos antes juntos,
os desenhos que vamos fazer,
um cobertor que caiba nós dois por aconchegados,
uma música, um poema, uma fruta, uma ideia, uma liga pro cabelo, uma declaração de amor, ingressos pro cinema, uma foto 3x4 de cada um de nós

(só a poesia responde a poesia)

Antes do primeiro passo da chinela nessa que seria a nossa estrada de vida, tive saudade

Depois que atravessei,
tive sorte
sorriso
& companhia, do amor

domingo, 6 de outubro de 2013

A Rosa

Cada 'fuga' é um sem paradeiro.
Novamente eu, mas ainda por descobrir.
Cada olhar onde me vejo, um novo enigma e um novo paraíso.
Eu de novo, mas em outra forma
Eu rosa,
eu pedra,
eu arbusto.
Eu tu,
eu-ela,
eu e o meu amor.
Somos essa peça transgressora da brincadeira.
Que pula do tablado e vai ao chão parecer-se.
E no abraço se regenera,
e no beijo se compreende

Para des-compreender-se depois
Pois nunca soubemos ser um coisa só

Exceção de quando somos
AMOR

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

por mais que seja


Toda quarta feira é feriado,
Iansã!
Biquíni na bolsa
Sorriso na roupa
Malícia no corpo
.. E sigo em rearranjar o meu coração!

Uma festa de ternura
Um baile de danças nuas
Uma fita colorida
Um sorvete
Uma aliança de soltar gente feliz no mundo

Esse convite que te faço
É bordado de encanto
Fica assim meu coração em cadeira de balanço,
balançando,
balançando,
Enquanto o corpo todo entra na água
Salva o sal de amor
e beija a vida, em tu!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

festejos

O que diremos aos nosso filhos sobre a Primavera de 2013?

Quando o futuro nos alcançar o hoje,
Ainda quero
Querer sonhar

sábado, 21 de setembro de 2013

reentrâncias


e esse cheiro que é uma postagem explícita no meu corpo
que eu sinto, deito, reviro, acordo, outro sujeito!
que parece rubrica de amor na pele

(e, Dri, 'a pele é o mais profundo')

que sai da cor e escorrega
vira olfato mas não para
segue até se chamar saudade

uma fruta
um sabor entrepernas
um desejo
sorver

tem dias
tem arte
tem eu & você

domingo, 15 de setembro de 2013

tic-tac, não.. calma


Dá-me tempo para despedir-me.

Não falo de um relógio novo.
Nem um calendário com dias riscados
Preciso da delicadeza, da espera, do conforto.

Tempo para o beijo e o adeus.

Para que, com calma, com olhos, com afeto,
eu possa partir do nosso amor.
Para que em mim não fique só a dor,
mas também os bons encontros, as descobertas, as brincadeiras.

Desse jeito.
Sem o contador do tempo marcar a hora de sair.
Com meus passos leves e meu olhar amoroso.
Poderei finalmente colocar mochila/casa nas costas
e prosseguir minha trilha

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

pelo que há (etéreo e amoroso)


DENTRO.
da aquarela, do depois como agora, do prato, do vinho, da rua, da cama avulsa.
e de mim.

FORA.
da vida, do dia, das paredes-concreto, da fantasia persecutória, do roteiro.
e de mim.

são noites perambulantes, madrugadas que procuram aconchego
um gole,
uma sede,
um filme.

meu perdido.
quarta estação,
achado na rua,
no começo - julho, 02

no meio do tempo que eu não sabia mais.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

machos, fêmeas & outros objetos


Se pessoas fossem objetos.

O músico seria o violão.. melhor proveito
O poeta seria um papel
O amante.. amante!

A datilógrafa seria a máquina
A funcionária pública seria um carimbo.. com ou sem fé pública
A amante.. amante!

Não há gênero para o amor.
Nem matéria definida pelo machismo que o aprisione.
A palavra oca e rude não o submete,
prefiro certo objetos a certas pessoas!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

loteria


lambuzados, não sei que bichos eram
confundiam-se com qualquer coisa, ou lugar que não há

e se.. o fim do dia fosse o fim da vida?
nada mais depois, olhar pra trás e admirar-se.
Admirar-te

se se.. a única competência fosse o amor?
ia a garota da papelaria capacitar-se.. nos braços do moço do jardim.. nos beijos da menina que fazia cerâmica..

os raros espécimes lambiam-se,
chegando
lábios roxos,
olhos fixos-fechados,
corpos trêmulos
extenuados,
dormiram até que a consciência do outro dia lhes chegasse.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

cozinha

Os cheiros não pedem perdão.
No meu corpo, procuram às vistas.
Não sentem, não há.

Saudade ressonando
Casa no mar do Pecém
Filho na barriga, antes do mundo
Rosa que minha mãe gostava

Me espera!
Onde não pareço é que sou.
A sina de enganar, de mentir, de esconder
O custo de ir pro lado que o coração não autorizou.
Cumprido o contrato pelas letras miúdas.
Sou menor.

Não aprendo gente grande infância nenhuma.
O prazo avançando, o tempo inexistindo, e eu ali..
na beira sem cair,
no sal sem ser mar,
flutuando sem voar,
molhando sem correr pro rio

A filha que esqueceu de te chamar de mãe
Toda água, minando, segurando o jorro com a violência da palavra mal-dita.
Abecedário incoerente. Farpas de interpretação,
falhas de cognição.

Não faço. Não sinto. Não sou.
Essa sou eu.



sábado, 31 de agosto de 2013

"a alma guiará o caminho seco através do molhado"

da peça A Alma Imoral, do livro A Alma Imoral


Achei na memória a lembrança que procurava

Do jeito que busco coisas na mochila vermelha

Aliás, procurei primeiro na sacola, pra depois achar na cabeça!

Não pareceu nada ter voltado ao mesmo lugar, quando fui hoje de novo à mesma peça de meses atrás – eu estava lá de volta, e em outro canto.. – eu de novo, eu outra.. – como descer (ou subir) uma escada em espiral, daquelas antigas e lindas, de mármore e corrimão sendo parte continuada dela, e você-eu olhando a mesma coisa, de outra dimensão, outra altura, outro movimento, outro olhar.. eu-você outro, eu-você de novo

A veste preta, o corpo dito, braços e cabelos em poesia, as palavras vindo, voltando, eu chorava no reencontro que era uma surpresa, um novo espanto

Meus amigos não só me colocam para dormir, não só me vestem.. eles aconchegam o leito, me despem em emoção, providenciam o ingresso, me levam até lá.. porque ando burilando o tempo como posso, e às vezes esvazio-me no meio da rua, e não sei bem onde estava quando aconteceu.. meus amigos me trazem de volta!

De volta, em casa, tento me reorganizar das coisas que perdi, de pessoas a instantes.. o tempo da saudade parece que é isso, uma reorganização de lugares e sentires..

A alma, com toda a sua imoralidade, me chama nua.. estou indo








quarta-feira, 28 de agosto de 2013

nas águas

Na vida, hoje, ando mais leve

Gripada, mas consciente do meu corpo, sem forçar, em equilíbrio mesmo no desajuste da doença..
quase como dizer ‘eu entendo que você fraqueje agora, cuido de ti, tenho paciência, tenho tranquilidade para vivenciar o incômodos e as dores’
depois seguiremos bem
Não questiono a minha imunidade, não entristeço por meu corpo ter debilitado, nem uso a doença pra me estabelecer na auto-piedade, estou bem.

Tenho comido com mais atenção, e sentido vontade de comer menos.
Tenho olhado mais que andado, pois nos dias de hoje, andar me faz parar, o caminho do sem destino, os pequenos abandonamentos de todo dia..
então paro e olho, pra mim, pra calçada, pra árvore, pros lados de cima.

Há mais ou menos 3 semanas comecei a perceber que meu corpo é uma grande referência pra mim, que acho ele bonito, potente, sensual. Vejo isso no espelho do meu banheiro, ainda não consigo perceber no provador da loja, mas vamos lá, talvez eu não esteja ainda entrando nos provadores certos!
Porque foi isso que comecei a reparar: que a minha beleza é distante da que é vendida na loja, da que passa na revista (anti)feminina,
e com outras belezas ela se encontra, festeja, se fortalece, mesmo que não sejam as mesmas que me habitam.
Quando caminho e meu corpo me sustenta, é lindo, é feminino, é vital!

Aprendi desaprendendo algumas coisas bem importantes sobre mim nestes tempos. (essa coisa de amar meu corpo uma delas).
Ajeito meu corpo aninhado no mundo e passo horas e horas nessa caverna de mim.
Arejo a janela, preciso molhar as plantas, e olhar de longe o que amo.

Do tempo que não é meu, sou de ter saudade..
mas vou andando, de tropeço, tombo ou estações perdidas,
na fé que nem uma faca tem, tem meu coração.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

do céu

tenho me deparado com imagens lindas
e verdades doídas

- de cansaço e de esperança, volto a dormir

tenho me deparado com outros estados,
outras nações nas minhas entranhas

- de medo e tristeza, volto a dormir

tenho me deparado com o passo que para no meio da rua, por não saber pra onde
e
por descaso com a pressa do tempo, que eu agora não sei bem se existe, para certos assuntos

meus amigos me colocam para dormir
tratam-me diariamente,
zelo e proteção
estou coberta de saudade,
e sempre que escuto chover na madrugada, penso: quanto mais, ainda?!
sei que não há medida exata pra mim, só repito pra me dar o limite do que um dia finda

volto a dormir

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

lua desgarrada menina

As luas reviram-se, sangram-me cheias, vivam-me à míngua do amor, e reconhecem-me

o tempo da espera, da conduta, do olhar, do tempo
é aquele que a rede balança, vem sono, vai sono, livros, letras, paragens, precipícios.
o tempo do amor, então, é da escala do indizível, amadurece, anoitece, apodrece, amanhece, recomeçafinda.
Morro e nasço. Não sei mais onde começo, onde posso terminar.
Meu tempo enrugando a pele, aumentando a barriga.
E, ainda assim, não consigo apressar, só olhar.

Comovo-me com o que não foi, com o tudo de mim que não expressei.
Sentei-me, datilografei, fiz vida, pernas abertas e sangra-se filha. filha. filho.

Um dia não haverei mais. Como foi com a minha mãe.
Pra hoje, mesa que eu ainda hei de conquistar no bar
e um sonho, porque em tempo real não tem toda essa graça

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

participação especial

segue a lua

quantas delas?

tanta informação aleatória..
no almoço, na copa do trabalho, desfilam na tela umas meninas de biquini associadas ao esporte
- se os homens jogam bola, porque as mulheres precisam estar de biquini com música boba?!
- se conta pra eles o talento com os pés, porque pra elas o talento com o empinamento da bunda?
estranho

eu não quero o seu ruído
prefiro o seu silêncio

terça-feira, 13 de agosto de 2013

o rumo da lua

Genericamente moldada para transparecer falsas impressões.
Assim, és forte, quando não.
O maior abismo é o de dentro, que, por desvio de imagem, faz-se falso do que é.

A mulher mente.
Eu já fui mulher.
Quando homem, menti também.
Mas a linda música no rádio prefere elas.
Eu também.
Sê-la nessa precipício hormonal, seguidora da Lua em seus-nossos-ciclos.

Sou-me ainda, perdida agora que estou.
Pronta pra negar não sei o que, nesse fim de tarde exaustivo de pesares.
Caminho imprestável, estou sem pés, sem alma, sem tesoura, sem desejo.

(ainda bem que existe Marina Lima)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

jeito do tempo

depois desse silêncio
todo esse silêncio
quando vem a calma
vem a paz
vem a taça de vinho
vem a música devagar
vem o tempo do jeito que eu sei o tempo

tenho vontade de dizer:
"meu cheiro tem o cheiro dele dentro"

sexta-feira, 17 de maio de 2013

fineza


Num papel que diverge
derreto o meu sorriso

Da chuva fina, a solitude
Do fogo, queima-se o entendimento

Mas sou também sugestões, sugiro-me.
Escapo-me trecho de música, pedaço de poesia: Marina Lima no canto do espelho, sereia nua do meu sonho homem-mulher.
Erótica essa sensação de sermos sexo em pensamento. Pois estou só e a minha Lua nem sei qual foi.

Uma parafernália entre ideias, sugestões e ilusões. Minha propriedade vai da (minha) cabeça aos (meus) pés. Muitos quilômetros diluídos na estrada, poeira do pensamento, caminho que até cansa, mas não desisto. Esse é o único território pertencente. O resto é coração e coração é andarilho, nômade e não tem rota de domínio.

Folha fina não quer me dar limite. Quer me dar leveza. Vento amarrado à memória.
História de amor não fala só de nós dois.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

não sou caça


(da Ana, da maison)







Comprei uma mesa no bar.

Primeiro eu era muito muito solitária e o isolamento me vestia
Depois comecei a ficar saidinha, saia curta e sorriso besta
Aí saí cantarolando, passeando, me vivendo, me achando
Até o dia em que comprei a mesa que já falei!

Vieram umas pessoas. Amigos. Fiquei de cara em conhecer esse tipo tão especial de gente: os amigos!
Depois, uma vez uma cadeira vazia, outros tipos. Amigos dos amigos que eram amigos também!
Botei toalha de chita colorida, bancos junto às cadeiras. Fui sendo..

Mas fui sendo cada vez mais eu. De outros lugares de mim, mais de mim.
Chinelos, cabelos, olhares. Gosto mais de abraçar os corações.
E chegou a brincadeira da poesia, e do amor que nasce aqui!
Toco então quem quero, pego a mochila e volto pra casa
Às vezes não é pra ser muito, e nem naquela hora.. às vezes é só pra olhar um pouco e ir embora.

Comprei uma mesa no bar.
Mas faz tempo que não vou lá..

segunda-feira, 29 de abril de 2013

memória

certos dias me perco de mim

em certos dias - infelizmente os mesmos - perco o mapa que me leva alegremente até a minha casa

são nesses dias também que perco a vontade
perco a esperança
perco dinheiro
perco o sorriso
perco os fiapos de ligação com outras pessoas

então peço: não se aproxima, chave
às vezes não peço, sem força, e acabo machucando
ferindo
maltratando
marcando com dor desnecessário cabimento

tudo no outro, assim em mim

me deito e me destruo
nesse apelo largo de adormecer para o outro dia acordar em mim
sem analgésico, durmo pra me esquecer
pra essa dor perdida achar outro rumo e me deixar
pra que não doa, durmo

hoje acordei e ainda era hoje
puxa!


domingo, 28 de abril de 2013

para dançar, chuva!

e toda vez que chove,
me removo de onde estou (esmalte de unha)
e começo tudo de novo

água, água, água

mas outra,


molhada por novas ideias
outros espantos
novas esperanças

quero molhar a foto
a casa
e a casca do corpo que habito

quero entender,
- e o amor me diz que primordial é vivenciar
é!

e toda a confusão
e desafio dessas profissões insolúveis,
1. labirinto de amor e culpa, a maternidade
professo amor, incendeio culpa
o mundo, esse meu sem dono, me des-aprende muito


vou indo,
depois reajunto ou desorganizo
a dança

terça-feira, 23 de abril de 2013

a fonte


poço.......................... de olhar e de silêncio

posso................ do incompleto ao tudo

desassossego,

paixão,

esquecimento

tragam-se todos.......................... sejam-me tantos...................

sábado, 20 de abril de 2013

luz do 1º olhar


Chove aqui.

A casa é coberta. Por todas as janelas, portas, vidros, a água escorre de mim. Do tempo, aquela senhora que me acompanha, desde o sonho até a cama. São os meus sentires que balançam os galhos da árvore da frente, e a rede enfeitada de amor.

A casa plantou um jardim na minha vida. Fez também uma farmacinha pra curar meu medo de viver. A casa me protege, me desnuda, me guarda e me joga na rua.

Quando chove aqui, parecemos chorar juntas a alegria do chão.
'
' '
' '
' ' '
'
' ' '
'
'
...

chuva
casa
alma
coração

segunda-feira, 8 de abril de 2013

aparências - cordel dos curiosos, pergunta-me o amor


esse lugar que é tão nosso e tão fugaz foi

nesse mundo que é só meu. tão só meu




(por todas as mentiras, olhares, sufoca a vontade de saber. pra que saber?)

terça-feira, 2 de abril de 2013

dois confetes - chãos


Sou
Eu sou
Um caso passageiro
Um meandro
Um sujeito.

Alguém
Um efeito passageiro
Uma lua
Uma sujeita

Ninguém mesmo.
Uma sugestão
Um placebo homeopático (ou alopata, a depender do paciente)

Um desconforto rápido
Um fetiche
Uma ilusão
Uma aventura

Assim na terra, como no fogo. Assim sou, como você.

Uma dúvida
Uma implicância, impaciência
e para depois um esquecimento.

Um sonho
um delírio um deja vu

Un secret
Un poème

Um bicho mal fadado à solidão
animal desacompanhado, desapercebido,
estranho, de tão comum.
Incapacitado como uma pata ferida
doente, queimando os ossos e os dentes sem refúgio ou progresso. Desordem no quarto, sou o prumo do que não sou.

Não sei se me resta tempo ou experiência, ando impaciente. De tantos objetos esqueci: relógio, cabelos curtos, sapatos novos.

De outro modo, ainda me tento. Umas minhas, da infância à outra criança. Amanheço para aprender e me ensina quem me joga para fora da estrada. Sei vagar, talvez não saiba mesmo é ser.

E ando velha, escorregando no passado.
E ando louca, sonhando ser.
Grifando na poesia, gravando na parede, cravando delírios nas costas alheias.

Sou passageira, amigo, passageira

segunda-feira, 25 de março de 2013

da balaustrada


Pelos cachos, pelo poema, pelo cigarro

Pela letra-música, pela dobra da pele, pela palavra-filó-sofia

Tantos em um
Dum jeito, ou dois.. muitos jeitos

Tantas em você aptas para o amor




sexta-feira, 22 de março de 2013

o amor e outros filmes

tenho mania de me bastar nuns dias................
.....................................




noutros, me faltar demais....................................................................

o amor e outros filmes


A Tatuagem que ninguém vê
O amor que todos sabem.
Ela sempre dança nesses momentos.
Meu samba, na roda.
Minha ginga, que eu não tenho
Meu planeta Alegria não está no braço, está nela!

Parte do meu cosmo,
do meu equilíbrio,
da minha fritura

Parte do meu enlevo
minha dinâmica,
meu mar.

Meus sonhos são outros.
Minha filha é ela!

terça-feira, 12 de março de 2013

entre a Espera e o re-canto do amor


tem um banho de mar dentro de mim
mergulhado no sal, virado onda
fora o que, em mim, ainda desconheço

tem um amor perdido em corpo
um todo de partes que se amam
o canto do silêncio do fundo do mar - harmonia sem voz, só lugar
é como em mim, reverberação

tem uma pergunta, de mar
que só eu pra responder, de fundo
envelhecer
feito som de onda, feito sol na água-papel
feito mar em mim

(imagina o mar, com som e tudo onda..
é que não tenho fotos aqui, tem que ser de imaginar)


domingo, 10 de março de 2013

fadas de rua


nelas, o corpo não tá preso na roupa
meninas fadas
conheço umas, já vi
não quero saber nada
às vezes, um abraço, um beijo
mas, etéreas, não me busco na história-vida-sonho
uma aparição
reencontro
encantamento

seríamos sem palavras,
só carinho, compaixão, paciência


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

não há curvas na distância


Caímos do galho da poesia.
Caímos do ônibus em movimento.
Caímos do meio do caminho.
E assim o meio vira fim.
Caímos e nos machucamos, sangue na calçada e nas cortinas.
Lágrimas.
Arranhados, cortados, o tratamento é a distância.
Não sei se algum dia nos saramos ou se vamos viver a nos tratar.
Nossa dose virou veneno, e, por decidirmos viver, bem de longe é que precisamos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o susto alheio

não é assustador que não se tenha forças
assusta-me talvez não poder cair,
essa reserva desmedida e solitária de não fraquejar
voltar-se tanto para a proteção que perde-se o maior dom, ser humano
despencar, romper, cair, chorar no meio da rua concreta do mundo concreto

por telefone, umas 4 palavras se desviavam das lágrimas no supermercado.. não sei cair!
e imaginar que não se imagina ajuda, em nenhum poste, ponte ou superfície
entreguei tudo para que não esqueça de nada que pra mim tem valor
sou feita de superficialidades
tenho mania de outro
mas estrago tudo quando só sei ficar só

com ou sem dor,
suor,
ou cavalheirismo
sou a dama perdida dentro do carro,
propositalmente esqueci-me lá..
deixa queimar que depois lá depois consiga voltar

por hoje mais nada,
amanhã volto a tentar

sábado, 16 de fevereiro de 2013

gira a roda, outra volta na espiral


Você dorme sorrindo e com a mão na xibica, como quando era a bebê de cabelinhos pretos e parecia sonolenta de felicidade. Era uma tranqüilidade te ver dormindo após a água e o peito, no berço ou na rede do quarto-e-sala.

Hoje, baianas e tocadores sambam nas tuas cores e costas. Os cabelos já contam muitas outras histórias, de trilhas diversas, tantas paragens que essa imaginação geminiana contém.
Você, ar de todas as estações, busca e solução de tantas indecisões, num corpo preciso de faca amolada. Minha fé cega, minha filha agora, resgate, desejo e promessa de muitos re-encontros.

Dorme do meu lado como se voltasse pra mim. Sonha com o útero mas na verdade a mãe é Pacha, é Terra. Retornamos para nós não por palavras, sim que pela invisibilidade de um fio amoroso, que se mostra a mim no silêncio desse sono.

Sou a mulher de letras que não sabe falar. Te abençôo de lado a lado pela força que me confere o amor que sinto por ti. Te peço desculpas pelos conselhos e orientações que não soube dar, e nesses mesmos e outros momentos de omissão meditava pelo teu acerto e aprendizagem. Sou a mulher que abriu as pernas com todo o corpo para que tu chegasses desta vez. Te peço que quando precisares de palavras minhas e eu não souber dá-las, ou ações óbvias que eu não consiga praticar, que feches os olhos e medites, caminhando ao encontro das tuas verdades.

De certeza, só o amor. O restante, a aprender, flutua num barquinho em água doce, salgada, forte e branda, respeita o fogo e o sol, ancora em pedra e chão, e por sempre, tem o vento como seu princípio e – quem sabe – destino.


Para hoje, de tempos remotos,
e para sempre,
te amo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

fiapos


Chama-se volta.
Mas sou eu igual, a mesma pedra, em outro chão.
O mesmo rasgo de lua, vista de outro-mesmo céu.
Habito-me, desloco-me.
Reúno-me, distribuo-me.
Faço contas e poesia.
Aqui e lá.
Selvagem sagitário, suave arqueiro.
Ele-ela.. eu





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

no rumo da trilha: caponeando


O tempo derrama-se em tempo, quando a letra só nos lembra outras coisas.
Vamos zerando passados, acalentando a alegria do que virá, novos tempos sem precisão de cronômetros.
Traçamos essa trilha com amor!

Faço uma verde passagem de olho, outros olhares que são de mim, especialmente. Os espíritos mais fortes da natureza, guiança de ar, água, terra e fogo, me pedem o sono para que possam me tratar. Aos poucos, bem aos pouquinhos e em alternância com o ego, volto à minha essência elementar, ser pedra, água forte, água fria, o agora, e ser quente, sol-fogo, e ser voo, borboleta-liberdade-aire.

Adormecida, eles me curam. Fazem a feira pra mim, me cuidam e me protegem. Todos os meus precisares acolhidos como deles são, sem sobrecarga ou desgaste nas bordas e sentimentos. Pedra me cuida, água me cuida, galho me cuida, vento me cuida, chão me cuida, sol me cuida. Uma energia única e amorosa que me tira do centro e me coloca do lado, no abraço que só quer ser esquecido ali. Minha atenção é ser parte esquecida no amor da (minha) natureza.

Um arco-íris ao me olhar, é o que toda essa luz me dá. Cores de aquarela onde tudo é força.
Namastê.

(com Dri e Anita, uma e muitas histórias d'amour)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

noticiário

um tapa, um beijo
um belo casal

mordemos, soluços
uma noite de amor

uma casa, um casulo
foi-se em 24h a borboleta

coceira, paixão
em virtude de problemas emocionais, saímos do ar

domingo, 3 de fevereiro de 2013

depois de 02 de fevereiro

Qual o reflexo da minha vida na vida das outras pessoas?

Vivo nessa repulsa e exercício de atração, amor demais e não saber amar. Uma história que daqui a 50 anos saberei contar. Por enquanto, rasgo páginas, estrago canetas, e brinco quando sou feliz. Não é todo os dias, não é sereno como eu acredito que possa ser. Liberar todo o amor para que ele possa ser. Estar no mundo só. Nenhuma culpa, nenhuma desculpa. Minha essência é solidão.

Abraço em capacidade imensa, mas depois preciso com determinada urgência separar-me do todo, ser-me sozinha, deixar partir o que é pleno pelo espaço do tempo que ainda temos. Quero aprender a desfazer com o mesmo prazer que faço. Ter música para todas as estações e canções que me afaguem na despedida. Despedir-se ser como amanhecer, despertar. Deixar ir ter o mesmo impulso vital e naturalidade de deixar vir.

O eterno que me habita é cálido, não confuso. Bebo na fonte dessa cor flamejante, e, por fora, conflituo as outras necessidades. Não preciso dessas. Saberei ser só, c'est tout.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

argumenta(m)-me o(s) corpo(s)

sem saber ir embora
fico 20 anos em cada lugar
no mesmo lugar, ainda que doa a causa,
machuque o corpo,
ou desande a alma..

a cada 20 anos troco de estação,
me apaixono por outra de mim,
arrepio o cotidiano e pulo..
ou mergulho!

hoje de manhã senti de novo..
olhei pro lugar onde trabalho e não reconheci nada,
nem mesmo as coalizões que havia feito sobre o sustento da família
inexplicavelmente meu ombro direito começa a doer, maltratando também a minha consciência

é estranho
preciso de novos acordos
20 anos novamente não me bastam mais
vou pra onde, trilha?!



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

suspiro, o doce da minha avó


minha alma não faz rodeios - parece que me diz, e eu pareço que sei o que quero.
o olhar que acha, que sabe que achou. O agora, depois que o pra sempre dilui-se no passado. No mesmo lugar onde o nunca mais é seletivo e hábil.

Fiz a rede na varanda e lá só preciso da brisa. Compromissa-me o prazer, sou deleite, romance e cara lavada.














terça-feira, 15 de janeiro de 2013

livros e outras chantagens


presta atenção, silvana, que o amor não é acadêmico
e que os quadrinhos que enfeitavam teu dia no século passado seguiram papel adentro, com suas próprias estórias

presta atenção, também, silvana, que amar não é profissão
não é título para desempate
não é sustento nem subvenção

e, por fim, e no começo do dia, espie e entenda que não é possível agradar ao mesmo tempo nem meia dúzia de pessoas das mais queridas.. que ouvir queixas, acusações absurdas e lamúrias descompensadas não te deve apagar os trilhos por onde ias seguir sorridente e tola

a ti pertence tua vida e teu coração!




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

cine ao domingo





Mudar o lugar dos móveis.
Mudar a ordem das coisas.
Parar de dar ordem às pessoas.
Mudar o patamar, o conteúdo, o padrão.
Mudar a estrutura do pensamento. Verter água na rigidez do movimento. E amolecer corações para depois amarem.

- Devora-me mordiscando com prazer cada pedaço doce.
- Mastigo sôfrega cada fio teu que consigo admitir.

Do amor, sei que engole aos pedaços e não sobeja o prato. O amor elabora a fome; e espera a satisfação da ânsia. Espera o seu momento de engolir.
O amor me trouxe aqui e por amor não sei para onde vou depois.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

casa que não se abandona


(Para Thiago L.)

Eu, que não presto.
Sou feitinha assim da beleza das minhas contradições.
Uma tralha de inutilidades, pedaços inservíveis, restos de músicas, mulher sem razão. Escuto o meu homem-menino e sorrio.

Depois sou refugo de saudade, riscos insubordinados pelo corpo, mentiras exaladas pelo suor. Sou de verdade, mas minto bem!
De ser jarro usadinho no meio da mesinha auxiliar, prefiro. Sou eu. Lasquinha
tirada na hora da limpeza, restos do tempo colados na entranha. Poeira, como chamam. Entre adornar e utilidade, o de antes. Sem ter função, enfeito. Sem ter beleza, divirto. E quando resolvo chorar, sorrio. Brinco com a luz, porque já senti a memória das minhas sombras no peito, algumas vezes.

Pois se não presto pra nada - como me elogias - estou feliz por você me captar. me viu como eu quero ser vista! Esse é o nada que me interessa, aquele que une meu corpo ao seu. Recheio meu travesseiro antes de deitar, minha cama em tua presença, todos os meus retalhos ali desalinhados. Na minha desordem, suspiro, respiro. Alfazema, blusa rasgada, camomila, papeis espalhados, amor, você.

domingo, 6 de janeiro de 2013

achando-se em passarinho

o meu emaranhado é só meu, é comigo mesmo. dois corações verdes uma linha tênue. quando eu enredo outros na minha confusão, fica tudo mais confuso, difícil de desenlinhar. e os outros não têm função vital no enlinhamento - a linha já era tênue, os corações já eram verdes. tirando os outros colares, desvencilhando-os dos meus nós, é mais justo e mais fácil. fica só eu, e, com paciência, vou me desconstruindo confusa.

e me trazendo de volta possível, desemaranhada dos outros, possível em mim.