terça-feira, 28 de junho de 2016
percurso
Admiro qualidades que meus filhos tem.
Minha filha. Meu filho.
Não são como qualidades, são atributos naturais, das gerações, talvez. E delas mesmas.
Meu filho. Minha filha.
Numa conversa à toa, ele me fala com tranquilidade algo que eu não faço ideia de como ele sabe. Ele sabe.
Num passeio na babilônia, vejo nela uma atitude que eu não faço ideia de como chegou ali. Ela chegou.
Quem pretendeu me ensinar – a sociedade do senso comum, historicamente – a me pre-ocupar com o futuro desde que filha e filho tive, nunca atentou para a potência que seres humanas são capazes de expandir, na simples vivência de serem.
Filha cresce. Filho cresce.
Enquanto outras crianças nascem, na balbúrdia do tempo, no compasso das horas das contrações, no desejo insistente de sermos protagonistas das nossas vivências, nossos partos. Mulheres que decidem parir hoje tem que abrir estradas para passarem com suas crias nos braços, lobas na defesa e no ataque, contra qualquer violência que não seja a de ver nascer.
Não há garantias.
Nascidos, veremos. Minha filha, meu filho.
Amadas, sentiremos. Meu filho, minha filha.
Andei e ando pra chegar em casa. Ela é um pouso. Ele é uma estadia. Ainda não estou em casa, mas o conforto do amor me ajuda o trajeto.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
sagrada falando
Quando um amor vai embora
Se ainda é uma amora quando vai
Fica o silêncio do quarto
Da festa
Da cama
Do bar
Ficam lembranças e pequenas imagens que precisam ser realocadas no corpo e no coração
Tempo, tempo, tempo
Corpas, coragens
Tudo parece fazer barulho de lágrima, de saudade..
Uma barulheira que eu não sei sentir
Fiquei só pra ninar a dor, na rede-útero que – Cearense – sempre soube que era pra estar por perto
Ido, nunca ainda mais foi achado, visto
Finda, uma presença que precisava descansar do olhar do mundo, da raiva da vida
Somos seres humanas em desfazimento e reinvenção
Travessas de sonhos que nunca viraram ruas
Tempos bem vividos, outras espalhadas pelo nunca mais adiante de cada rua prometida
Visitei outras praças, portas e portos
Às vezes lembrava, mas nunca ainda é a melhor projeção
Mas e a poesia?
Espaço onde as almas transitam
Corpos não.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
para segunda-feira
mais tempo, mais tempo
começou a chover, não dá pr'eu sair, preciso de mais tempo
mais tempo pra nós (não houve)
mais tempo, mais tempo
pr'eu aprender quem sou enquanto desenho, bordo, ou sonho mais
mais tempo, mais tempo pra mim
até o o amor chegar de volta
e adiante também, ainda..
mais tempo, mais tempo!
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Ocupa SUS - junho/2016
para manchas de sangue: lavar com chá de camomila / sol
para tudo, água
para muita, amor
para tudo, água
para muita, amor
segunda-feira, 6 de junho de 2016
por escolhas suaves
Vamos escolher como morrer
Para isso, vamos viver de amor
O mundo cai, desaba, aos poucos e o tempo todo.
Por todos os cantos é assim que o mundo se transforma, desabando, descascando, implodindo e explodindo.
Escolhemos – ou não – como vamos senti-lo despencar, com barulho ou em silêncio.
Você, eu.
Como água escorrendo lenta na pele de Oxum,
ou onda forte derrubando quem insiste em firmar-se sobre chão em movimento.
O mundo desaba, em cada canto por onde esteja instalado.
Em cada tempo, sobre nossas cabeças e corpos.
Escolhendo, volto pro mato.
Não vou pro céu, pro ar.
Volto pra terra, com água correndo.
Encravada numa paixão, aprofundada em mim.
Sei que nem todos conseguem, mas podíamos ser assim, viver – pra escolher como morrer – de amor.
Para isso, vamos viver de amor
O mundo cai, desaba, aos poucos e o tempo todo.
Por todos os cantos é assim que o mundo se transforma, desabando, descascando, implodindo e explodindo.
Escolhemos – ou não – como vamos senti-lo despencar, com barulho ou em silêncio.
Você, eu.
Como água escorrendo lenta na pele de Oxum,
ou onda forte derrubando quem insiste em firmar-se sobre chão em movimento.
O mundo desaba, em cada canto por onde esteja instalado.
Em cada tempo, sobre nossas cabeças e corpos.
Escolhendo, volto pro mato.
Não vou pro céu, pro ar.
Volto pra terra, com água correndo.
Encravada numa paixão, aprofundada em mim.
Sei que nem todos conseguem, mas podíamos ser assim, viver – pra escolher como morrer – de amor.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
quarta-feira, 1 de junho de 2016
entre rua e água
Abre-se a fenda
Dias e dias e dias em 4 dias
Enternecimento e sustos do mundo das naturezas
Voltar para o chão nunca me doeu tantos
Memórias passadas, saudades lancinantes, tantos presentes tristes a se viver, enquanto a Natureza é.
Fecha-se a fenda.
Sou outra.
Menos sábia, mais tocada, mais magoada, menos vivida, mais solitária.
Mais eu
O instante em que não quero mais ficar e não tenho ainda pra onde voltar.
Aí que sorrio e o choro lava meus olhos, pacientemente.
(meus olhos ardem te procurando)
Nem quero bebida, pois tentar esquecer vai me fazer lembrar.
Não uso bebida para corrigir a memória, mas como companhia agradável de uma solidão da pele e do coração.
Gente é perigoso.
Viver é perigoso.
Amar, então, é ofensivo e suicida.
Eu não tenho noção da força que tenho.
Preferia estar só.
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