terça-feira, 28 de novembro de 2017

esse caminho


(Itacaré-BA)

Tô eu aqui esses dias pensando na existência e na passagem das pessoas na minha vida.
Na movimentação das energias mexendo com afetos e com des-gostos!
Do que um dia foi um abraço, agora desenlaça-se, para circular em outras paragens, e possivelmente não mais me amar.

- Quando a gente muda e não quer mais a outra, o outro, por perta? -

Eu era de olhar e deixar partir;
era de entender o mundo maior que a minha rede, precisando que circulássemos por ele para balançá-lo;
era de não tocar no meu abandono, me achando ser o que tinha aprendida a ser, sozinha.

Agora há um manto,
que me deixa lamentar como as pessoas vão embora,
não me bota forte nem superior,
não fala, não gesticula,
está na composição do meu silêncio, e do meu olhar que tenta
Despedir-se.

De amor que passa pelo fogo e se extermina.
De carícia que até esqueceu a textura da pele.

Des-amar pode ser um comprimido.
Bebo a ti todas as manhãs.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

à noite, domingo


Vou a Itacaré, a Bologna, a Porto, vou até você
Você viaja, viajo em você
Você não me convida, fui esquecida, digo que vou te esquecer
Não há razão para não amar quem já amo, mundo escasso de sentimentos assim
Ainda – assim – queres que eu não queira
Rejeita o que por aí anda tão pouco usado
Sou tua, sem a posse e sem recomeço
Mas se não tenho teu endereço, não posso chegar
Se não me convidas, não posso entrar
Você viaja, eu te guardo no coração, para depois
Como na geladeira, na prateleira, na gaveta
Colecionar amores tardios e perdidos, sem tempo, sem localização precisa.
Perco-me, falho na fuga, no esquecimento, na raiva, no abandono
Desperdício de amor, re-luto. Mas é vida que segue, enterrar para nutrir a terra do que fomos de boa.