segunda-feira, 29 de agosto de 2011

rascunho



Até 4ª feira, saber se vou querer incluir você na minha programação de férias.

Se quero te incluir no meu próximo mapa astral.
Se te amo a ponto de gastar meu tempo livre te esperando.

Até quarta-feira,
choro no cinema pensando na ilusão do mundo, da arte, e, é claro, em nós 2.
Pensando sobre o que quero, e o que cansei de querer.
Pensando se estou cansada ou ainda disposta.
Se sou frágil, ou consistente. Se sou genérica, ou específica. Se antes de tudo devo dançar, quebrar o salto, e me embriagar. Ou não, não vou saber passar por isso.

Até 4ª feira, formularei minhas próprias perguntas,
enfrentarei medos particulares, apesar de universais,
sonharei buscando soluções - e não as terei em sonhos!

Quando a quarta-feira acordar, o jogo dará mais um passo pro que eu espero encontrar na minha vida!

sábado, 27 de agosto de 2011

Quinta também!



Me ligue quando acordar

Furtivamente, ela me lembra que é possível que eu não esteja mais, pois, às vezes, demorar muito faz com que achemos outras coisas para fazer no caminho,
E também não estou sempre a esperar:

Salto prédios altos
Bebo cerveja no bar A Pantera
Viajo em sonhos & às vezes em alucinações
Almoço camarões flambados
Tomo vinho à meia-noite
Me banho em águas geladas
Demoro pra sair de casa
Recebo amor pelo olhar

Foi quando inventei de olhar uma revista, fugindo da dor quente, naquele lugar tão banal, que achei a única dedicatória que eu queria que você ainda soubesse.
Meus pelos arrancados e eu pensando que seria bom se você acordasse, que lembrasse dos sonhos, que me beijasse de novo.
Que fosse o homem que eu tornaria a apostar

Quis brincar com a leveza do post-it versus essa minha mania de ler de outro jeito..
Quero dizer que nem sempre se acorda quando antes se estava dormindo
Às vezes se acorda interagindo amorosamente com alguém,
às vezes se propondo ao que o outro – que se ama – sugere que te fará bem

qualquer jeito, já sei cozinhar as comidas que gosto,
minha filha assume sua vida com coragem de mulher
meu filho compartilha comigo que até pouco tempo achava que todos eram seus irmãos
eu furto paz não sei de que baú
escrevi minha 1ª poesia há muitos anos,

e sigo ingenuamente acreditando feito eu no amor!


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

terça-feira tem yôga



Eu sempre acho que você não me escolhe certo
Que me deixa lá pelo penúltimo lugar da seleção,
Quando tudo o que eu quero é.. ser a primeira opção!
Fico pensando se te ligo ou pego outra cerveja na geladeira
Se te proponho ou te esqueço
Se o tempo já passou ou ainda virá

Nesse mesmo dia em que me pergunto para que servem tantas opções, leio tudo o que espero de você..
Que me ligue quando acordar

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

fim de tarde



dando continuidade,

voltando,
chorando no aeroporto como se nunca tivesse perdido ninguém para o mundo,
abrindo a porta de casa com a chave de sino e meu nome gravado,
tomando aquele banho gelado que quem conhece a minha casa já sabe,

voltando a sonhar,
a praticar yôga com amor,
a vestir vestido florido,
a roubar do tempo, trapacear o tempo, me divertir no tempo

voltando pra dizer que é muito bom voltar pras coisas que nos deixam felizes!
ah, o mesmo para as pessoas!
e lugares!

a saber: não queria que a paulinha se despedisse de mim agora, assim, porque só existe aqui para nos encontrarmos por esses tempos..





sexta-feira, 5 de agosto de 2011

o inteiro, embora não completo



Demoro muito tempo para despedir-me
Beijar o morto
Dizer adeus
Quilômetros e quilômetros de um lado a outro,
quando num só passo poderia resolver
Choro músicas inteiras, e uma única nota faria o solo do que já morreu
Vou ao túmulo várias vezes, tantas lágrimas que meus olhos nem entendem mais o propósito.
explico, procurando uma definição pra minha burrice: não sei despedir-me rápido.

Num dia, vou ao poema que ganhei.
Noutro mês, àquele beijo tão sem significado e tão bom
Lembrando de um pedido qualquer, há muito tempo..
ou de uma sessão de cinema no início da gravidez. (agora, que tantas de nós estão grávidas!)

naquele instante – um ontem – que saí correndo, queria saber usar a noite para sentir-me virando esquinas, mudando de calles, indo embora, deixando ir
mas que portas são essas que nunca se batem em fechamento hermético?!
Que coração esse meu que não abandona, nem quando desacelera, nem quando muda de bairro?! Que raio de China é essa tão perto que eu não consigo esquecer?!

Nem cremação, beirando essas cinzas reconstituídas,
nem o chão daquela praça que era o nosso carnaval
Sei que a despedida passa pelo tempo, que tudo meu passa pelo tempo enorme tempo, estórias curtas que duram anos para que eu processe, estórias longas que nem os cabelos cortados me fazem esquecer.
Paciência,
que não tive..
cordialidade com o meu desespero, dentro do carro, olhando o vidro salgado, e aquela música que falava de amor precisado

em casa, calada, essa nudez que é a solidão.. posto uma ou duas garrafas no mar..
Sucedem-se apalpos, poucas cobranças, uns tantos desapegos, apoios, contatos, chamegos.
Mas não, ainda não entendi nem saí daquele alojamento onde a gente ainda não sabe porque deixou de amar, se é que deixou mesmo (não será uma daquelas mentiras que a mídia inventa na televisão?!)

Alojamento do amor, coração. Do resto não sei.. mas preciso aprender

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pingando café no leite (para clarear idéia)



Hoje ando pelas ruas do Rio Vermelho com o corpo um pouco mais pesado. Micro furinhos encharcam ele de saudade. Talula não dorme no quarto-sótão. Despediu-se das águas do Porto com água nos olhos. 30 dias na ilha roja da fantasia a re-fragilizaram para a República das babilônias. De última hora, olhos inchados, corre pra alcançar a bóia, CD do Bahiana System e uma canga multicolorida em laranja.

Ontem ela me questionava se teria pulso para domar todas as suas inseguranças e medos. Eu acredito que só testando – e tentando – conhecemos a força do nosso umbigo para o corte. Sei, no meu próprio corpo de 20 anos atrás, que o 1º impulso diz muito da nossa coragem, é como o 1º choro em contato com o mundo. O meu tinha as vestes de um amor, a roupa do outro como agasalho, e eu passei algum tempo para descobrir minhas próprias medidas. Hoje sei, ‘meus sonhos são outros’.

Talula jogou o barco no mar com vontade própria. Era sua alma que impulsionava, um amor deliberativo de encarnar-se em outros mundos. A gente descobre raízes depois que deixa a própria terra. Então respondo que eu confio sim que ela consiga ser Talula em outras ruas, encantar-se por outras pessoas, agregando histórias às suas, como sempre fez.

Falando diretamente, VOCÊ tem competência para viver e administrar sua própria vida! Com sofrimento, ternura, paixão, compaixão, resiliência, coragem, angústia, alegria. Tudo em ti é teu e precisa ser conhecido para ser convivido. Todos temos miragens e abismos em nós mesmos; mulheres corajosas como nós se dispõem a encontrá-los, encará-los, e seguir em frente, com os cumprimentos de quem reconhece a dor e prossegue, reconhece a felicidade e prossegue.



Por fim, digo que nem a minha saudade pingando pelo corpo, nem a tua angústia na última madrugada, me fez perder o foco de que esse movimento construído hoje é vital para a tua história, e, por isso, necessário. Um dia por dia. E cada dia com seus próprios passos.