da peça A Alma Imoral, do livro A Alma Imoral
Achei na memória a lembrança que procurava
Do jeito que busco coisas na mochila vermelha
Aliás, procurei primeiro na sacola, pra depois achar na cabeça!
Não pareceu nada ter voltado ao mesmo lugar, quando fui hoje de novo à mesma peça de meses atrás – eu estava lá de volta, e em outro canto.. – eu de novo, eu outra.. – como descer (ou subir) uma escada em espiral, daquelas antigas e lindas, de mármore e corrimão sendo parte continuada dela, e você-eu olhando a mesma coisa, de outra dimensão, outra altura, outro movimento, outro olhar.. eu-você outro, eu-você de novo
A veste preta, o corpo dito, braços e cabelos em poesia, as palavras vindo, voltando, eu chorava no reencontro que era uma surpresa, um novo espanto
Meus amigos não só me colocam para dormir, não só me vestem.. eles aconchegam o leito, me despem em emoção, providenciam o ingresso, me levam até lá.. porque ando burilando o tempo como posso, e às vezes esvazio-me no meio da rua, e não sei bem onde estava quando aconteceu.. meus amigos me trazem de volta!
De volta, em casa, tento me reorganizar das coisas que perdi, de pessoas a instantes.. o tempo da saudade parece que é isso, uma reorganização de lugares e sentires..
A alma, com toda a sua imoralidade, me chama nua.. estou indo
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