segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

casa que não se abandona


(Para Thiago L.)

Eu, que não presto.
Sou feitinha assim da beleza das minhas contradições.
Uma tralha de inutilidades, pedaços inservíveis, restos de músicas, mulher sem razão. Escuto o meu homem-menino e sorrio.

Depois sou refugo de saudade, riscos insubordinados pelo corpo, mentiras exaladas pelo suor. Sou de verdade, mas minto bem!
De ser jarro usadinho no meio da mesinha auxiliar, prefiro. Sou eu. Lasquinha
tirada na hora da limpeza, restos do tempo colados na entranha. Poeira, como chamam. Entre adornar e utilidade, o de antes. Sem ter função, enfeito. Sem ter beleza, divirto. E quando resolvo chorar, sorrio. Brinco com a luz, porque já senti a memória das minhas sombras no peito, algumas vezes.

Pois se não presto pra nada - como me elogias - estou feliz por você me captar. me viu como eu quero ser vista! Esse é o nada que me interessa, aquele que une meu corpo ao seu. Recheio meu travesseiro antes de deitar, minha cama em tua presença, todos os meus retalhos ali desalinhados. Na minha desordem, suspiro, respiro. Alfazema, blusa rasgada, camomila, papeis espalhados, amor, você.

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