quando eu percebi que tudo terminava mais ou menos do mesmo jeito foi que perdi o interesse, a empolgação de existirem as coisas
concluído o ciclo da desilusão - ainda que haja eventual recaída - Saramago e o seu elefante salomão me mostram que seguir faz a diferença
SALDO DO ANO: um susto intermitente, entre 365 dias. Convivendo com outras demandas, sentimentos, pensamentos, sonhos. Saudade, culpa, medo. Mas também coragem, arroubos, contas, margens consignáveis de ansiedade, determinação, ousadia e, por fim, realizações.
Fabriquei portas e janelas por onde vislumbro vida nova. Não sei, certas horas-dias-meses, porque faço, mas continuo fazendo.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
Um dia desses fui pra chuva.
Não chovia, mas eu fui pra saber qual'era.. fiz chover essas dores que me rondavam como trovões rondam tempestade
Aí foi guerra. Não do bem contra o mal, era mais o esquerdo sendo direito, o sim sendo não, essa mistura que às vezes faz festa na minha covardia
Fico às vezes assim. Chorando pela inconsistência da minha razão; querendo ser mais do que preciso, pois ter solução nunca foi, na minha lista de tarefas, um dos 26 primeiros itens. Sou rasa em objetivos e em saída para becos escuros.
Posso não sair de casa há muito tempo, mas não sou de me refugiar das esperas por tempo demais. Pois foi naquele dia mesmo que resolvi parar de esconder-me e revelar-me a mais apaixonada das leitoras,
ouvintes,
cantantes,
mulheres,
possíveis,
impossíveis,
sonhadoras,
viventes,
humanas,
perdidas!
Sim, fui pra chuva! Fui porque quis, sou eu mesma, de mais ninguém! Sou o próprio raio, por isso não temi ser atingida. E como sou o fogo que manda sagitário, vou sabendo que posso não ter mais volta. Quem se queima assim por palavras, do que mais sente falta é de água como essa Levei um mundo de tralhas nas costas e, me despindo, fiz uma escada por onde subi até o bem alto daquele céu todo molhado. De lá, me disseram pra voltar pro chão, que meu caminho é quase subterrâneo agora, e que, embora eu ache igual a desde sempre silêncio, o de agora é assim meio diferente, meio que menos refugiado faminto e mais companhia da tinta Estou na hora de fazer cor!
domingo, 5 de dezembro de 2010
Queria reencontrar. Encontrar de novo o mesmo que um dia já encontrei. E gostei. Me apaixonei.
Sim, sou outra. Não sei se agora me apaixono pelas mesmas coisas, ops, pessoas, que antes. Antes, aos 20! Hoje, aos 40!
Então, nesse mundo meio oco que é o limbo entre um caminho concluído e um outro que ainda não se sabe bem o que é, nem gostos, nem cores, nem prazeres ou dores.. bem, nesse momento confuso, arredio, perdido, partido, desalojado, carente, sozinho, etcetcetcetc.. eu fico caminhando e pensando ai que bom seria sentir aquela paz e aquele sutil conforto de novo.. tô pensando e caminhando isso numa corda bamba, um tapete voador, naquele espaço etéreo que a Aninha quer conhecer.. e um dia vai, torço!
Da minha parte, faço sinopses de exercícios.. tento muita gente, não me encontro.. tento um pouco menos, ainda não.. o isolamento como castigo também não funciona.. Hoje fico em casa sem punição, sem sentir falta dos que não me chamaram, sem imaginar que ‘todo mundo que faz diferente de mim se diverte mais do que eu’.. Como disse Paula, é ótimo ficar só sabendo que a gente poderia não estar, se quisesse. É um outro ângulo, que nunca me permiti enxergar.. ficava sempre presa na teoria do esquecimento, é.. tenho tendência a patinho-feio!
Hoje recusei um programa que não queria fazer, deixei de fazer outro que até gostaria, fui pro shopping com meu filho, fiz um macarrão al dente com molho vermelho pr’eu comer. Escolhi o canal da televisão, vi um filme. É apaziguador saber que nem tudo na rua me interessa. É instigador não saber ainda o que farei quando crescer, daqui há dois meses, quando sairei de casa..
Ontem, no meio da manhã, pensei que naquele dia, especialmente, eu estava apaixonada! Sem coisas ou pessoas na mira por enquanto, estar bem acompanhada por um sentimento tão vermelho já me é um grande registro de novos tempos.
Que seja!
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
No ponto de ônibus
O amor corta em navalha. Como urtiga no mato, se confunde e não sabe a hora de parar.
A hora de bastar porque senão machuca.
O princípio foi amor. Mas da boca deles só palavras duras, o olhar de guerra, o sorriso irônico. Mútuo. Ele a conduz até aqui, num percurso que antes era de pétalas (minhas referências). E, quando chega, desfere golpes com agressividade de inimigo.
É mais difícil entender o fim que o começo. O perdão dito em cada detalhe que precisa ser tocado, na separação. Toco na dor devagar, porque queria que não fosse dor. Não queria machucar-nos.
Então eu vou. E trato dos machucados na medida que eles forem cortando a pele.. como navalha, no amor.
A hora de bastar porque senão machuca.
O princípio foi amor. Mas da boca deles só palavras duras, o olhar de guerra, o sorriso irônico. Mútuo. Ele a conduz até aqui, num percurso que antes era de pétalas (minhas referências). E, quando chega, desfere golpes com agressividade de inimigo.
É mais difícil entender o fim que o começo. O perdão dito em cada detalhe que precisa ser tocado, na separação. Toco na dor devagar, porque queria que não fosse dor. Não queria machucar-nos.
Então eu vou. E trato dos machucados na medida que eles forem cortando a pele.. como navalha, no amor.
domingo, 28 de novembro de 2010
O que chama Maria
para pertencer ao sorriso dos teus olhos, Maria foi de poesia em poesia; uma fuga para lugar desconhecido, fora de si. Uma louca ousadia encontrou no meio da trilha: paixão tem nome de gente quando quer nos seduzir.
Maria fez colchas de memória das conversas que tiveram com chá, poucos passos, um querer prolongado. Fez fronhas daquela distância, com recheio das frases ditas aos corredores, escondidas na linguagem dos signos deles. Fez lençóis costurando seu desejo, arrematando o ponto com a violência daquela vontade.
Quem levou Maria pro sol, pr'além da última linha, limítrofe, da zona de conforto, ensinou-lhe a beijar e assanhou suas costas com a calma das mãos. Depois lhe trouxe de volta pra sombra, mas com brisa e sem medo. Cuida da sua pele com beijos e ela cuida dos beijos dele com a firmeza e premência do que nela mais ama.
Maria fez colchas de memória das conversas que tiveram com chá, poucos passos, um querer prolongado. Fez fronhas daquela distância, com recheio das frases ditas aos corredores, escondidas na linguagem dos signos deles. Fez lençóis costurando seu desejo, arrematando o ponto com a violência daquela vontade.
Quem levou Maria pro sol, pr'além da última linha, limítrofe, da zona de conforto, ensinou-lhe a beijar e assanhou suas costas com a calma das mãos. Depois lhe trouxe de volta pra sombra, mas com brisa e sem medo. Cuida da sua pele com beijos e ela cuida dos beijos dele com a firmeza e premência do que nela mais ama.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
ANO NOVO
CONSTRUINDO..
e REFORMANDO..
.. O MEU QUERER NO MUNDO!
E pra desejar:
Ano que vem vou à Paris!
Vou deitar numa rede na varanda do meu quarto
Vou escrever + e + e +
Vou pros-seguir o mapa do tesouro astrológico do meu céu (seja o seu céu!)
Vou tomar vinho com os amigos queridos no quintal de casa
Vou encher as paredes de quadros e cores!
Vou tomar um café com Nando Reis e dar um beijo nele!!!
e um tanto muito assim de etcs.. que couberem em cada dia desse ano chegante!
e REFORMANDO..
.. O MEU QUERER NO MUNDO!
E pra desejar:
Ano que vem vou à Paris!
Vou deitar numa rede na varanda do meu quarto
Vou escrever + e + e +
Vou pros-seguir o mapa do tesouro astrológico do meu céu (seja o seu céu!)
Vou tomar vinho com os amigos queridos no quintal de casa
Vou encher as paredes de quadros e cores!
Vou tomar um café com Nando Reis e dar um beijo nele!!!
e um tanto muito assim de etcs.. que couberem em cada dia desse ano chegante!
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
dezenove vezes amor
Sempre que ela viaja, eu arrumo as malas e volto pra dentro de mim.
Pergunto a várias pessoas se é possível me mudar levando o mínimo de uma casa de tralhas que tenho. Uns dizem que sim; outros, que não vivem sem seus livros. Quero deixar o passado na casa que deixei pra trás - ainda que passado seja o maior compartimento da bagagem de viagens com despedidas - as paredes com cores escolhidas por ele; as luzes faltando porque está acabando o amor. O prazo de validade do amor que começou na cama de solteiro, no filme de Almodóvar, nas cartas e desenhos com caneta bic.
Sempre que ela volta, meu coração volta a bater com possibilidades de um coração cantante. Ela ainda não voltou.
Escuto música no rádio, por enquanto.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
abstrações aleatórias reunidas numa tarde só.. e, enquanto isso, todas fazem tanto sentido para mim
o dom de perder. onde?
você volta, ele ainda está lá.
você procura, e não precisa mais encontrar
eu já perdi, mas cada um ama de uma forma.
a felicidade está em amar a vida - ele disse..
mas a gente se distrai na vida com outras coisas, enquanto os astros passeiam por nosso céu.
tenho vontade de pessoas, certas pessoas, mas não sei como alcançá-las. Não sei como aportar a minha vontade no colo delas.
e num dia repleto de desencontros, encontrar - ainda que na memória - um sorriso tão doce e menino é pra esquecer-se na lembrança, desembaraçar os medos das agonias e jogar tudo fora!
sábado, 13 de novembro de 2010
nem parece recreio
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Para Lilly, do Blog da Reforma
Em reforma, meu fôlego para repensar a vida sem apostila. Tantas lições, e eu querendo não ter tempo para todas. Num dos sonhos, o piso da casa já estava assentado; nem era o que eu mais gostava, mas eu ficava aliviada por ele já estar lá, mesmo tendo sido escolhido por outra pessoa.
Em reforma, tudo precisa sair de mim para acontecer. A grana, a palavra final, o tipo, a cor. Sai do meu coração, mas ele procura pernas, cérebro, barriga. Meu coração tá pensando tudo e eu custo a entender.
Em reforma, meu estado civil, meu estado de espírito, minha conta bancária, meu endereço para contas e cartas e para a rede que eu sonho armar. Descascando paredes e sentimentos; pra trocar piso, coragem de mudar. Pontos de luz, sem sofisticação, mas espalhadas por todos os espaços da casa e beiradas da minh'alma.
Em reforma, a minha concepção de vida adulta, sempre tão despojada e aleatória. Vivendo ao vento das notícias, sem ouvir noticiários, acostumada com o pequeno sofrimento diário, no formato alheio, com preguiça de construir o meu.
Em reforma, me sinto às vezes muito só. Meu raciocínio militar me consola, sugerindo tratar-se de um treinamento para futuro possível. Sou muito tola para pedir amparo, é um móvel pesado de tirar do lugar. Também nem sempre consigo perceber quando é necessária a solidão, quando é desperdício. Na dúvida, inadvertidamente, fico só.
Pra mudar, não sei como ainda. Como saber que as paredes serão pintadas, mas ainda indefinidas as cores. Passa por uma nova conformação dessa minha vida adulta. Aprender a distinguir as cores. Fazer do passo a passo um vir a ser próximo. Bem ali. Na esquina.
Ou melhor, na subida, Rio Vermelho.
Em reforma, meu fôlego para repensar a vida sem apostila. Tantas lições, e eu querendo não ter tempo para todas. Num dos sonhos, o piso da casa já estava assentado; nem era o que eu mais gostava, mas eu ficava aliviada por ele já estar lá, mesmo tendo sido escolhido por outra pessoa.
Em reforma, tudo precisa sair de mim para acontecer. A grana, a palavra final, o tipo, a cor. Sai do meu coração, mas ele procura pernas, cérebro, barriga. Meu coração tá pensando tudo e eu custo a entender.
Em reforma, meu estado civil, meu estado de espírito, minha conta bancária, meu endereço para contas e cartas e para a rede que eu sonho armar. Descascando paredes e sentimentos; pra trocar piso, coragem de mudar. Pontos de luz, sem sofisticação, mas espalhadas por todos os espaços da casa e beiradas da minh'alma.
Em reforma, a minha concepção de vida adulta, sempre tão despojada e aleatória. Vivendo ao vento das notícias, sem ouvir noticiários, acostumada com o pequeno sofrimento diário, no formato alheio, com preguiça de construir o meu.
Em reforma, me sinto às vezes muito só. Meu raciocínio militar me consola, sugerindo tratar-se de um treinamento para futuro possível. Sou muito tola para pedir amparo, é um móvel pesado de tirar do lugar. Também nem sempre consigo perceber quando é necessária a solidão, quando é desperdício. Na dúvida, inadvertidamente, fico só.
Pra mudar, não sei como ainda. Como saber que as paredes serão pintadas, mas ainda indefinidas as cores. Passa por uma nova conformação dessa minha vida adulta. Aprender a distinguir as cores. Fazer do passo a passo um vir a ser próximo. Bem ali. Na esquina.
Ou melhor, na subida, Rio Vermelho.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Envelhecemos
Nunca pensei ter mais de 20 anos, e cá estou chegando aos 42. A idade
em que pra mim minha mãe era uma velha e eu me rebelava contra o seu
modelo. Não esqueci, insistente memória.
Fiz muito até os 22 anos, numa intensidade vexatória, e daí,
gradativamente, fui engarrafando liberdade, delimitando amor,
subnutrindo desejo.
Minha mãe prosseguiu até inacreditáveis 69 anos. Eu me afastei dela
cedo pra entender a minha vida. Ela morreu, eu desentendi tudo.
E agora tento me reinventar. Invenção de um movimento. Uma nova
assinatura, um novo parentesco.
Estou saindo de casa de novo. De novo, por volta dos 20 anos de
permanência. Dessa vez, preparo uma casa e não pareço estar fugindo
com a vida na mala, correndo do sofrimento.
Lembro da bravura e da leveza, mesmo para gestos mais impetuosos.
Lembro da objetividade usando o mesmo corpo dos sentimentos intensos.
Lembro das minhas próprias normas de conquista e de fazer uso do meu
corpo e da sedução sempre que tinha vontade.
Não era, essa SOU eu!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Não quero ser dita por outra pessoa
Mas às vezes sei tão pouco de mim nesse mundo
Um jeito ‘não sei’ para tantos gostos e opções
Um incrível desbravar-se e esforçar-se que no fim do dia eu não soube porquê e me sinto ainda vazia, e ainda cansada
Não sei se preciso desse abalroamento sempre pra entender meu rumo
Não sei quem fui antes dos últimos 20 anos, e isso me deixa chocada!
Não acho que vá me encontrar nessas tentativas, nem acho que deva
prever cada passo desse hercúleo e inusitado esforço..
Chego em casa e deito com meu computador pra escrever alguma coisa
que me dê significado ao mundo (na rua, uma moça insistiu em não me
cumprimentar, olhando pra mim e mantendo um olhar gélido – e fétido! –
.. como se insiste em ser desagradável.. gosto ou medo?!)
Minha vida de volta me custa um mundo de observações que a ninguém
interessa, me cobra um mundo de ajustes e meneios que eu não sei
fazer, e é com alívio que escuto que mais alguém não consegue ser
sociável ou alegrinho na rua.
Sei que sou densa, às vezes chata; divagante, às vezes pedante; tola,
às vezes idiota.. só não (me) entendo como posso ser tudo isso se sou
tão inteligente, e surpreendente, poética, amorosa, imaginativa e
apaixonante! O diabo é que não sei controlar o uso de mim mesma, não
sei dosar, nem conclamar meus poderes na hora que preciso.. de dentro
pra fora, eles só saem quando querem, ou, em geral, quando me
apaixono.. não tenho sabido apaixonar-me ultimamente pelo alheio.
Porque tudo dói em mim como se fosse marcar, se eu sei que é só uma noite?!
domingo, 24 de outubro de 2010
como queira
conheci uma mulher, sagitariana, cheia de furor e intrépida alegria. Ela gesticulava até ao andar na rua, fazendo planos, comprando chicletes. Sentia um medo aliviado de mim - por ser pessoa - e, depois do medo, agarrava a minha mão e não queria mais ser de outra forma. Era um amor poderoso, aquela mulher, mas, desorganizada e instável, não era de confiança, pois não sabia confiar.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
esse momento
acho que tem a ver com esvaziar uma caixa de recortes, retalhos, histórias, e, durante algum tempo, ficar olhando pra ela, vazia.
absorta por lembrar que ela já esteve abarrotada; cansada pelo trabalho extenuante de retirar tudo; em dúvida se esse era o movimento certo, o momento adequado; e, por fim, sem saber com o que voltar a preenchê-la.
estou parada, olhando para a caixa que é a minha vida.
se um lado dela me exige ação e movimento, eu cumpro! é necessário não extinguir o movimento, como manter um corpo respirando até saber o que fazer com ele.
ou melhor, respirar é o melhor a se fazer!
mas é fato que nesse momento, sem nenhuma pieguice ou indício depressivo, não sei pra onde gosto de ir, o que gosto de fazer.
nada ainda me tem por inteiro, estou metade parte da caixa, metade solta no ar.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Túnel
Te empresto algo que nem possuo
Algo que você não vai precisar me devolver
Nem que eu vou buscar de volta na tua casa.
Te empresto calor.
Não só pé, mas corpo inteiro.
Não só corpo, mas alma.
Uma parte de tudo que sou eu, ao longo de séculos de existência:
a parte silvana do meu mundo.
Te empresto alimento, para que nunca mais enfraqueças.
Para que tua voz, tão certa quando antes dizias meu sobrenome,
nunca mais perca a clareza pra mim.
Te empresto a glória, para que honres tua vida com a alegria e a fé.
Porque tu dizes que já possues, mas eu às vezes não,
e eu preciso que fiques bem para que eu assim me estabeleça.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Num dia 13 de outubro assim..
Quando eu era pequena fazia tudo certinho. Tudo em meneio, tudo bem devagarinho. Uma sensação passageira de felicidade, um desejo disfarçado de produzir arte.
Lembro do sonho que era um lugar de férias, somente para escrever. Lembro de como persigo hoje sair-me e gastar as horas com as palavras. Lembro de como hoje o papel me afaga e logo bem antes do que eu gostaria se despede. De como eu já sei que não dura esse amor, de como deixo a porta aberta para que ele saia. E faço de conta não ser alimento, e sim passatempo.
E também quando eu era pequena e achava que já não era, me orgulhava de não precisar de ninguém para sobreviver na chuva. Nas águas das minhas emoções, eu achava suportar tudo com o meu silêncio. E o meu orguho de sobrevivente. Não são palavras novas, todas assim eu já conheço. Vivo e soletro, em cada pedaço de vida. Desde pequena.
..................
A vida providencia novos dias. Aquela terça-feira não foi a última, o dia 13 cravado no meu coração.
Num dia 13 assim, de outubro, 1998, Maria Paula abria o caminho para que o Vini existisse..
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Sobre não ter mais 20 anos - ou, como me disse, sorrindo, Jorge Sá - Sobre como ter manchas senis na pele
Sei que não tenho mais 20 anos quando percebo uma postura quase inexplicavelmente calma em qualquer situação. Mas me assusto com o novo formato do meu rosto, mais redondo ainda, espalhando-se para os lados e para baixo.
Este ano mudo de setênio e, na virada, mudo todo o conceito da minha vida. Anuncio que vou comprar um playground mas ainda não pude descer para brincar, só sentindo o gostinho pelo cheiro que sobe, sem ainda ter sabido pisar na grama molhada da liberdade.
E aí parece que vou vivendo, matando, enterrando e enlutando cada pequena perda, cada objeto, lembrança e saudade desses nossos últimos únicos 20 anos. Parece uma vida. E é.
Ao aceitar seu boa noite, e de manhã seu bom dia, dia após dia, vou vivendo e sendo como posso - como diz lindamente a música - me despindo dos esteriótipos raivosos e me cobrindo com liberdade bordada em promessas, sonhos, desejos. Penso naqueles que tentam entender e com esses converso, embora não tenha respostas a dar. E daqueles que julgam aleatoriamente, por maldade ou hábito, me afasto e busco minha paz um pouco longe deles. Muitos me amam, mas não sabem me ouvir. Porque eu não preciso falar muito mais; pra me ouvir direito, tem que sentir e só.
Não tenho medo mais dos 40. Nem inveja dos 20 mais. É um conjunto, a obra. E ando vendo, contando e sentindo com mais percepção e apuro que todo esse tempo que hoje está atrás da cortina. Espero, faço, me articulo, paro, olho, me emociono, me fortaleço, pago, sonho, viajo, vivo, escrevo, leio e fotografo.
São páginas, tecidos, pele.. materiais que vou traçando e trançando. Eles todos envelhecem também e, assim como eu, contam melhor sua história assim.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
e por findar agosto.. ou o 'título' original: para agosto, por conselhos
Já amanheci dos sonhos, umas imagens inusitadas, umas pessoas fora do contexto do que representam pra mim.. e uma boa notícia, em forma de gente, única, para mim. Eu fingi que não liguei, fingi que não era surpreendente, fingi que meu coração não estava aos pulos e a minha perna não tremia. E, acredite, eu sei fingir muito bem!
Ninguém nota o meu desconforto, ou o meu instantâneo desaparecimento desse mundo.. fico lá, compacta no meu formato mais conhecido, o de fingir-me desinteressada.
Então agora escuto um texto de agosto, que orienta ter em mãos imagens doces, ou uma básica agradável, e dela descomplicar a vida e desviar por mil ruas alegres, coloridas, inusitadas. Sorrir como se fosse verdade, agir como se fosse.. mas só por enquanto com o lado avesso, aquele que não conhecemos ainda mas sabemos amar.
Pois de um sonho tirei o meu passatempo para agosto passar comigo bons dias. E já venho aprendendo a alguns dias que tem mais uma porção de gente feito eu que vive cercada de elementos fantásticos, que conhece a paixão sem conhecer direito o amor, que vive o detalhe sem saber do conteúdo por inteiro. Nunca. E ainda assim, reconhece isso como vida, como vivo. Era isso que eu não sabia fazer, mas agora estou aprendendo. Sou recheada de sonhos, e algumas coisas importantíssimas nunca foram efetivamente reais. Não andaram de ônibus, não conheceram meus beijos. Eu não acreditava em mim. Aí vi num filme e pensei: “pode?”. Vendo que podia, me emocionei. Agora chega o texto do Caio Fernando e diz que isso faz bem.. ‘vai, faz assim mesmo, é bom’..
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Parta-se o mundo ao meio, e
Ficamos cada qual em uma metade
Os dois em suas órbitas particulares, parecendo tudo, mas faltando algo
Cada qual com o seu pertencer. Um conhece o sol, ao outro encanta a lua
Dormem, acordam, vestem-se, amam,
Combinam com outras pessoas, mas faltando algo
Não há cisão, de verdade
Foi um jeito que pensei ser possível te esquecer
Habitar o lado em que não existisses, acostumar-me sem a lua, como se nunca a houvesse conhecido
Pois de outro modo, faltando algo, nem sempre consigo dormir
À noite, vem um sonho louco e repetido de você ao meu lado, conversando, rindo, bebendo suco de laranja ao invés de cerveja
Acordada como estou, pergunto e procuro que parte minha cria essas visões, que parte fantástica que não é corpo, não é mente, não é parte que eu conheça, que faz essa confusão de verdade com fantasia. “A verdade é uma só!” – advertem-me. Volto a fechar os olhos, insistir que descansando passa, a verdade me mentiu de medo de nunca mais te ver e me deixou assim, querendo minha parte do mundo à vista, sem troco e sem saudade.
Um mundo que escreva amor com letras diferentes das que eu escrevi teu nome.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Gracias, amigos!
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
minhas manias deliciosas que facilmente teriam diagnóstico de t.o.c.
1. Entre os dedos,
moedas geladinhas para apertar
e chaves frias para sentir o conforto na pele.
2. Braços molinhos para agarrar como seus,
e sentir-se em casa, como há muito não se sente.
3. Da infância, a sensação reconfortante do café-com-leite + pão-com-nata de manhã,
do sanduíche de ‘papinha’ na saída da colônia de férias,
do hamburger e da pizza caseiros.
Sabor de mãe nutrindo, amor.
4. A parte gordinha da orelha,
o lóbulo, escondendo-se dentro do casulo, pra sentir a delícia.
5. Separar os fios do cabelo,
escolher pelo tato os ‘diferentes’,
e percorrê-los com calma e silêncio, não importando o mundo de engarrafamento, espera na fila do banco, ou no banco de espera da médica.
6. Só comer com guardanapo do lado,
pra sentir segurança mais que higiene.
7. Do líquido, suco ou café, nunca até o último gole.. um restinho vai ficar lá, copo ou xícara
Umas coisas assim, engraçadas, que eu não vivo sem.. todo mundo tem.. quais são as suas?!
moedas geladinhas para apertar
e chaves frias para sentir o conforto na pele.
2. Braços molinhos para agarrar como seus,
e sentir-se em casa, como há muito não se sente.
3. Da infância, a sensação reconfortante do café-com-leite + pão-com-nata de manhã,
do sanduíche de ‘papinha’ na saída da colônia de férias,
do hamburger e da pizza caseiros.
Sabor de mãe nutrindo, amor.
4. A parte gordinha da orelha,
o lóbulo, escondendo-se dentro do casulo, pra sentir a delícia.
5. Separar os fios do cabelo,
escolher pelo tato os ‘diferentes’,
e percorrê-los com calma e silêncio, não importando o mundo de engarrafamento, espera na fila do banco, ou no banco de espera da médica.
6. Só comer com guardanapo do lado,
pra sentir segurança mais que higiene.
7. Do líquido, suco ou café, nunca até o último gole.. um restinho vai ficar lá, copo ou xícara
Umas coisas assim, engraçadas, que eu não vivo sem.. todo mundo tem.. quais são as suas?!
sábado, 4 de setembro de 2010
eu penso nisso
Não sou uma pessoa de certezas
E as dúvidas que tenho não são do tipo fáceis e triviais, do tipo, ‘dorme que passa!’.
Ando, ando, ando e, quando tô quase chegando, penso: é isso mesmo que eu quero?!
Faço isso quase o tempo todo, numa fragilidade irresponsável, porém legítima.
Minha amiga Duda às vezes perde a paciência e, cheia de amor, me diz pra mudar de assunto.
Alegria demais me espanta,
Certeza demais também!
Entre melancólica, pessimista ou contemplativa, arrisco-me na última. A figura que contempla não sofre o tempo todo, nem acredito que tudo vai dar errado comigo, mas, olhando muito e só olhando, não consegue afirmar, nem ter certeza cravada de nada! Eu contemplo e, se às vezes balanço a cabeça – pelo sim ou pelo não -, foi um movimento enviesado e encabulado de dizer: não sei..
Por isso é que quando acreditei no amor fiquei toda radiante e saí falando disso por todo canto: “sou monotemática, só sei falar de...”
É claro que algumas pessoas ficaram insatisfeitas, outras nervosas, algumas irritadas, e começaram a colocar sal no bolo, tipo me mostrar o lado cacete, cruel, decadente, escroto e fudido da vida, das pessoas, do mundo.
Alôooou! Eu sei disso! Tenho 41 anos, já morri com uma filha nos meus braços, já sofri porque alguém não me amou o suficiente, sou filha de militar, já menstruei numa trilha de 3 dias no mato, já voltei do embarque do que eu esperava ser uma bela viagem por causa de um documento, já arrombaram meu carro 2 vezes, já fui sacaneada por uma grande amiga..
ou seja, já fui da maior dor, pra pior sacanagem, às contingências tristes da história de vida.. e por aí segue-se.. eu segui.
E foi por viver tudo isso que mais me surpreendi quando dei de cara com a alternativa possível e querida de só escrever assim!
Então, aquela gota de baunilha, ou cardamomo, no café, que alegra o sabor ou que nos faz lembrar da infância, esse toque sutil em mim tem o nome de amor. É bobo, como já disse, porque sendo bobo pode ser simples e despretensiosamente feliz. Pode ter o nome de vermelho, ou saudade, ou tatuagem.. as letras dele são todas, não só 4, como em ROMA. Aliás, prefiro Paris!
Olhando pra mim acho que pouca gente vê, mas também não é preciso do mundo todo: como eu disse antes, uma rede, um banco de madeira na varanda, uma mesa no quintal e um chuveiro ao ar livre..
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Quero você na cabeceira da cama - minha pessoa de cabeceira!
Postando conversas frias e ainda assim gostosas.
Saudade envidraçada, em conserva, ou no espelho do quarto.
Dá pra ver você no meu corpo?!
Não acho.
Não dá, exagero meu.
Só porque penso - e às vezes penso muito - não quer dizer que crave na pele.
Postando conversas frias e ainda assim gostosas.
Saudade envidraçada, em conserva, ou no espelho do quarto.
Dá pra ver você no meu corpo?!
Não acho.
Não dá, exagero meu.
Só porque penso - e às vezes penso muito - não quer dizer que crave na pele.
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