Sei que não tenho mais 20 anos quando percebo uma postura quase inexplicavelmente calma em qualquer situação. Mas me assusto com o novo formato do meu rosto, mais redondo ainda, espalhando-se para os lados e para baixo.
Este ano mudo de setênio e, na virada, mudo todo o conceito da minha vida. Anuncio que vou comprar um playground mas ainda não pude descer para brincar, só sentindo o gostinho pelo cheiro que sobe, sem ainda ter sabido pisar na grama molhada da liberdade.
E aí parece que vou vivendo, matando, enterrando e enlutando cada pequena perda, cada objeto, lembrança e saudade desses nossos últimos únicos 20 anos. Parece uma vida. E é.
Ao aceitar seu boa noite, e de manhã seu bom dia, dia após dia, vou vivendo e sendo como posso - como diz lindamente a música - me despindo dos esteriótipos raivosos e me cobrindo com liberdade bordada em promessas, sonhos, desejos. Penso naqueles que tentam entender e com esses converso, embora não tenha respostas a dar. E daqueles que julgam aleatoriamente, por maldade ou hábito, me afasto e busco minha paz um pouco longe deles. Muitos me amam, mas não sabem me ouvir. Porque eu não preciso falar muito mais; pra me ouvir direito, tem que sentir e só.
Não tenho medo mais dos 40. Nem inveja dos 20 mais. É um conjunto, a obra. E ando vendo, contando e sentindo com mais percepção e apuro que todo esse tempo que hoje está atrás da cortina. Espero, faço, me articulo, paro, olho, me emociono, me fortaleço, pago, sonho, viajo, vivo, escrevo, leio e fotografo.
São páginas, tecidos, pele.. materiais que vou traçando e trançando. Eles todos envelhecem também e, assim como eu, contam melhor sua história assim.
também não sinto saudade dos meus 20 anos!
ResponderExcluire em breve brincaremos nos nossos playgrounds novo, as vezes irei brincar no seu e você no meu!
lindo, lindo texto. e por isso é que não entendo quando falam em peso da idade. outro dia escrevi que minha sensação era de que expectativas pesavam mais na bagagem do que experiências e aprendizados. sendo assim, acho que os 20 devem ser mais difíceis de se carregar nos ombros que os 40.
ResponderExcluir(não sabia o que era setênio e fui pesquisar. pois menina... mudança cíclica é tudo em que eu tenho acreditado na vida)
ah, já pode comentar lá novamente ;)
sugiro a leitura de 'coroas', de uma antropóloga, mirian goldenberg. se v. estivesse mais próxima, seria meu presente pra você. vale logo pela introdução. beijos
ResponderExcluirava, vou procurar o livro.. valeu pela dica!
ResponderExcluirque bom q vou poder voltar a comentar, paulinha! hj é um dia que tudo tá pesando, de expectativas e resultados.. mas vou achar o equilíbrio, mesmo que seja desequilibrando tudo! hehe.. bjs,
dudete, a gente precisa mesmo é brincar, agora nem tá importando muito onde.. hehe..
Há pessoas que amamos que buscam no seu livrinho de fórmulas tentar entender o traçado às vezes anárquico da equação do caminhar nosso. Como me sinto identificada com o que vc disse! Conseguimos, por caminhos "tortuosos" (virtuosos, ou, quem sabe, simplesmente acessíveis para nós) um resultado feliz, desfrutando do caminhar, às vezes tropeçando, mas desfrutando ao nosso modo. Tem quem nos ame e não entenda isso, nem tampouco possa conviver em paz com a nossa diversidade, classificada, em seu livrinho de fórmulas, como loucura, insensatez, etc. Enfim... só tomando distância mesmo, por mais amor que haja!
ResponderExcluir