segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
as outras árvores
Há pessoas que nos interessam. No meu caso, não são muitas. Gente não é a minha especialidade nem a minha aptidão natural.
Sou pouco sociável, diria até que vazia, nas poucas tentativas que faço. Não sou espontânea no contato aleatório com pessoas, oscilo entre o medo, a falta de vontade e a timidez.
Mas, sim, até mesmo em mim, aparece o interesse. Desisti e descansei da ousada proposta de muitxs e muitxs amigxs que um dia vislumbrei. Achava gostoso encontrar pessoas conhecidas na rua, estar sempre acompanhada casualmente, as coisas acontecerem e as pessoas estarem por perto.. acho isso como um dom. Que obviamente eu não tenho!
Frustrado o intento, coisas boas aconteceram e eu acabei tendo por perto esses ímãs naturais de luz e receptividade com a vida e os seres, minha filha um deles. Olho pra ela em comunicação constante no mundo e me alegro só por estar perto. Sei que não é a mesma coisa d’eu ser um deles, acompanhá-los é o caminho do entorno, do conforto, da satisfação na construção dx outrx. Mas sei também que a minha falta de traquejo com o mundo real e social me exclui de possibilidade mais próxima que essa. Eu acompanho, não mais além.
Os tempos me interessam. As cores. Os ventos. As intuições. Os presságios. Os elementos. A natureza. Pessoas, quando se misturam com essas forças, se misturam comigo também, no meu imaginário. As pessoas que me interessam são o mesmo que árvores, que músicas, que poesias, que cores, que tempos, que eu.
Talvez por essa junção, não haja mesmo em mim espaço para grandes populações de amor particular; talvez por isso também me demore tanto em cada uma delas. Cultivo da minha infância critério de sobrevivência que dizia a menina não precisar de ninguém. Pensava emocionalmente. E carreguei esse estandarte por muitos anos, até poder humildemente olhar para alguém e confiar o meu amor. Eu me preciso tanto quanto preciso de quem amo.
Assim que, para deixar partir parte minha – as pessoas que me interessam - são rituais de entrega, desapego, abandono, transmutação. E leva tempo. Tudo queimado para que, na força, eu me devolva à natureza. Pessoas são natureza também. As pessoas que me interessam, pudesse, estariam sempre por perto. São tão poucas e eu queria que não me deixassem. Nem sempre é assim. Pessoas se mexem, se movimentam, ampliam-se, sonham-se.. e partem
Pelo movimento das águas e das luas, perambulo. Pedindo assim, que o mapa universal me localize, para que minha tribo me reencontre e eu viva a sorrir!
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